«Cântico ao Amor»
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- Escrito por Jorge Lage
- Categoria: Publicações
Novo livro «Cântico ao Amor», da murcense Manuela Morais
Durante mais de 25 anos, Manuela Morais, passou grande parte do seu tempo a promover, a editar e a difundir a memória literária do seu primeiro marido, Fernão de Magalhães Gonçalves. Editou 15 títulos da obra do Fernão. Não satisfeita com isso, em 2007, cria o «Prémio Nacional de Poesia, Fernão de Magalhães Gonçalves», em memória do seu grande amor e passados uns 20 anos sobre a dolorosa separação.
O primeiro prémio foi atribuído ao amigo comum, António Cabral, com a obra «A Tentação de Santo Antão». Na sua editora, «Tartaruga», já saíram uns 80 títulos, sendo um grande contributo para a cultura trasmontana e nacional. Pelo meio fez uma licenciatura em «Literatura Comparada». E são da sua autoria três títulos (Três Rios Abraçam o Coração, A Tartaruga Sonhadora e 55 Orações Marianas), sendo o «Cântico ao Amor» o quarto, com dois luminosos corações na capa (do saudoso escultor Espiga Pinto) e na contracapa três fac-simile de dedicatórias do Fernão Magalhães Gonçalves. Abre com dois belos poemas, «Manuela» e «hoje nada te prometo», do Fernão, prosseguindo com o camoniano «Amor é um fogo que arde sem se ver» e «Amar», de Florbela Espanca. M. Verdelho, sob o título, «Sinalagma do amor» e diz que «este Cântico é obra de romance em poesia». E Pedro Teixeira da Mota, no Prefácio classifica o seu livro como «Poesia de amor intensamente sentida». Também Ernesto Rodrigues, na badana da contracapa fala da «reciprocidade do amor: As nuvens lançam raízes// trazendo vibrações à terra.»
Depois, são umas três dúzias de poemas de um realismo amoroso de quem como Florbela Espanca o pintava em letras de fogo cósmico e infindo («Eu quero amar, amar perdidamente!»). De quem ama a imensa felicidade sentida num passado distante e que o amarra ao tempo presente, para o reatar no porvir do Além. É uma libertação pela dor sentida e indefinida como se fizesse um choro dum noivado eterno que se esfumou. As memórias e os sonhos são a força do presente para continuar a viver e a lutar, por exemplo no seu poema a «Sedução»:
Seduzido pelo versoAjeitamos o coração.
As linhas das nossas mãos
Deixaram sulcos profundos
Na relva macia,
Nas folhas, nas flores.
Os primeiros beijos guardados
No tapete da salsa,
Debaixo da ramada,
Atrás da casa.
Lembras-te?
Minha Mãe inquieta,
Sem explicação para o fenómeno.
A salsa toda amarrotada.
E eu
Descarada
Culpei o cão.
Nota: A Manuela Morais nasceu em Murça, em 1955 e começou a publicar poemas desde os seus 11 anos. O livro pode ser pedido a tartaruga.editora@gmail.com
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