HISTÓRIA
Em 1933, após a subida do NSDAP ao poder, Adolf Hitler concluiu que as instalações da Chancelaria eram incapazes de atender todas as necessidades do novo governo. Os planos de expansão foram apresentados pelo arquiteto Leonhard Gaal em jul./1935 que previa, além de reformas internas em cômodos já existentes, a construção de uma extensão pela Wilhelmstrasse até o Palácio Borsig e de um Salão de Festas no jardim dos fundos. Neste último, em seu subterrâneo, seria escavada uma grande adega com 1,5 m de profundidade e um teto de concreto armado cuja espessura e paredes seriam suficientes para suportar todo o peso do novo salão. Durante a construção a ideia da adega evoluiu para um abrigo subterrâneo maior a fim de proteger o ditador e seus mais próximos colaboradores. Ficou conhecido, após a conclusão em 1936, como Vorbunker, ou abrigo superior. Consistia de dezesseis cômodos ramificados por apenas um corredor central, com geradores de energia à diesel, sistema de comunicações (telefone, telex e rádio), ventilação, água, boiler e gás independentes. Haviam duas saídas, ambas voltadas para o jardim atrás da velha Chancelaria.
Entre 1938-39 a nova sede da Chancelaria do
Reich (vide detalhes
aqui) foi erguida e possuía também em seu subterrâneo diversos cômodos para abrigo antiaéreo. Em 1942, quando a guerra já estava em curso há 3 anos, novo abrigo subterrâneo foi construído ao lado do
Vorbunker, porém 2,5 m mais abaixo. Esse novo abrigo ficou conhecido por
Führerbunker e possuía estrutura capaz de resistir impactos violentos de bombardeios aéreos. Foi conectado ao
Vorbunker por uma escada cujo acesso era feito por uma grande porta de aço à prova de gás, constantemente vigiada por guardas-SS. Um túnel foi aberto a fim de proporcionar a ligação entre os dois
bunkers e a nova Chancelaria. O
Führerbunker tal qual o
Vorbunker possuía quartos ao longo de um corredor central e sala de máquinas exclusiva para geração de energia, água, gás, e etc.
Hitler e seus auxiliares próximos se mudaram definitivamente para o
Führerbunker em 16/01/1945 quando a guerra chegara a um ponto irreversível, pois as tropas do Exército Vermelho avançavam continuamente do leste europeu em direção à capital do
Reich. Pelo lado ocidental as pontas de lança dos exércitos aliados planejavam o cerco por aquele setor. Em abril não havia mais esperança: Berlim em ruínas, os últimos focos de resistência sendo derrotados um após o outro, a população em retirada, capitulação em todas as linhas de combate, suicídios em sequência e Hitler a beira de um ataque de nervos diante de más notícias vindas de todos as partes. Na tarde do dia 30 o
Führer matou-se na sala de estar, ao lado de seu escritório, juntamente com Eva Braun, recém casados na véspera. No dia seguinte, seu fiel Ministro da Propaganda, Josef Goebbels (vide bio
aqui), também cometeu o mesmo gesto extremo em conjunto com sua esposa, Magda, após envenenar seus filhos menores (vide detalhes
aqui). É o melancólico fim do prometido
Reich que duraria mil anos. Todos foram incinerados de acordo com ordens dadas anteriormente no jardim da Chancelaria, próximo a uma das saída do abrigo, e ali mesmo enterrados.
Nas primeiras horas do dia 02/05/1945 as tropas soviéticas lançaram um ultimato aos últimos resistentes e, após a rendição do comando da defesa de Berlim (General de Artilharia Helmuth Weidling, vide bio
aqui), capturaram a Chancelaria às 6 h da manhã e às 9 h entraram no
bunker. Houve uma sucessão de suicídios entre os últimos generais alemães presentes.
A seguir apresentamos algumas plantas dos Vorbunker e Führerbunker para que o visitante possa melhor entender a complexidade da obra. Clicar na imagem para ampliar.
Foto 1: Todos os aposentos estão assinalados. É óbvio que ao longo da existência dos bunkers modificações na ocupação foram feitas, contudo a ideia básica era essa.
Foto 2: Uma maior aproximação do Führerbunker com os aposentos mobiliados. Notar à esquerda os aposentos do Führer (assinalados), principalmente a sala de estar onde ele cometeu suicídio. Clique na imagem para ampliar.
Foto 3: Abaixo do Salão de Festas construido nos fundos da velha Chancelaria fica o subterrâneo inicial para abrigo antiaéreo sendo, posteriormente, expandido no que ficou conhecido como
Vorbunker. Nesta montagem podemos ter uma ideia deste ambiente. comparar com a foto 99 da postagem sobre a Chancelaria
aqui.
Foto 4: Aqui temos outra visão com a posição exata no jardim dos fundos da velha Chancelaria, próxima ao Salão de Festas (construção arredondada mais abaixo da imagem).
Foto 5: Nesta outra planta observamos os bunkers (assinalados) e sua conexão com os subterrâneos da nova Chancelaria e o jardim. Todas áreas listradas representam áreas construidas no subsolo: garagem, oficina, despensa, alojamentos, hospital e abrigos antiaéreos. As construções na cor laranja escuro são prédios de superfície existentes em 1944.
Foto 6: Neste desenho se apresentada uma visão sem divisórias do Führerbunker subterrâneo ao lado das janelas do Salão de Festas da antiga Chancelaria.
Foto 7: Outro desenho quase do mesmo ângulo mostrando a saída de emergência em primeiro plano e as janelas do Salão de Festas ao fundo. À direita, coberto pelas folhas da árvore, encontra-se a torre de observação.
Foto 8: Uma foto real do pós guerra no mesmo local da imagem anterior: saída de emergência, torre de observação e janelas do Salão de Festas da antiga Chancelaria.
Foto 9: Escrivaninha da sala de estar do ditador onde ele se matou.
Foto 10: Reconstituição aproximada da sala de estar do ditador: o sofá no qual ele se matou junto com Eva na tarde de 30/04/1945 e a escrivaninha em cuja parede havia uma tela oval de Frederico, o Grande. Vide foto 1 (seta assinalada 2) e à esquerda da foto 2 (mobiliada).
Foto 11: Nova reconstituição mobiliada da sala de estar. Vide fotos 1 e 2.
Foto 11a: Mais uma reconstituição em 3D não concluída segundo o autor.
Foto 11b: Do mesmo autor anterior. Muitos detalhes não batem com as outras montagens.
Foto 12: Os quatro aposentos mais utilizados pelo Führer em maquete mobiliada.
Foto 13: Soldados soviéticos examinam o recinto em busca de provas que possam corroborar a tese de suicídio. Por muito tempo os russos duvidaram da versão apresentada pelas testemunhas capturadas. Este é o sofá onde o ditador se matou com um tiro de pistola na têmpora. Observar a mancha de sangue (assinalada) no braço do sofá.
Ele estava sentado naquele lado e provavelmente sua cabeça, após o
disparo, pendeu para a direita com o sangue escorrendo. Eva ingeriu veneno (cianeto) deitada ao seu lado. Em seu corpo não foram encontradas feridas.
Foto 14: Modelo da arma pessoal do ditador encontrada no chão após o suicídio dentro da sala de estar no Führerbunker: pistola de fabricação alemã Walther PPK 7,65".
Foto 15: Pela disposição dos móveis este parece ser o quarto de Hitler. Observar o armário aberto com cabides à mostra e um cofre arrombado à direita. Vide foto 2.
Foto 16: Acredita-se que esta imagem seja a mesma anterior vista pelo lado oposto. O cofre arrombado com alguns livros em cima e parte da cama.
Foto 17: Esta foto é atribuída ao quarto do ditador, embora pareça reconstituída. A dúvida persiste.
Foto 18: Ao que tudo indica este era o escritório de Hitler. Sua mesa de trabalho à esquerda com luminária e uma poltrona para convidados. Vide fotos 1 e 2.
Foto 19: Aproximação da mesa de trabalho, revelando detalhes suspeitos, já que tudo foi remexido com a chegada dos russos ao local.
Foto 20: Documentos encontrados se referem a este aposento como sendo a sala de mapas ou de conferências, onde o Führer se reunia com seus generais para deliberar sobre as questões estratégicas de defesa. Vide maquete mobiliada na foto 12 assinalada no alto à direita. Não havia muito espaço para tantas pessoas, portanto apenas Hitler ficava sentado numa cadeira de costas para a parede, à direita na foto, enquanto os demais permaneciam de pé ao redor da mesa. Na noite de 22/04/1945, durante uma destas conferências, o ditador teve um de seus piores ataques de nervos ao receber a notícia de que seus planos para salvar a capital do Reich do cerco do Exército Vermelho haviam falhado. Foi a primeira vez que admitiu a derrota, contudo culpou seus generais traidores.
Foto 21: Acredita-se que esta imagem seja do quarto de Eva Braun. Vide foto 2 assinalada.
Foto 22: É provável que este aposento também seja o mesmo quarto de Eva da foto anterior, todavia tudo não passa de pura especulação. Os soviéticos, após a guerra, tentaram detonar o bunker por duas vezes sem sucesso e o que restou ficou irreconhecível. Até a década de 70 ainda havia vestígios da construção sem nenhum móvel e os cubículos parcialmente alagados. Durante a remodelação do centro da capital para a Copa do Mundo de 2006 o complexo subterrâneo foi totalmente sepultado para dar lugar a um largo estacionamento com placas e maquetes alusivas ao antigo local a fim de atrair turistas interessados. Até um museu foi erguido.
Foto 23: Imagem bastante semelhante à foto 20 em outra época e outros móveis.
Foto 24: Local indefinido. Obra de arte saqueada.
Foto 25: Provavelmente uma das casas de máquinas em foto dos anos 70.
Foto 26: Talvez um dos corredores principais do Vorbunker ou Führerbunker.
Foto 26a: Reconstituição da antessala (corredor) indicada na foto 2.
Foto 26b: Imagem anterior invertida.
Foto 27: Local indefinido, semelhante a toaletes.
Foto 28: Em 1947 numa das fracassadas tentativas de demolição, isto foi o que restou da entrada e do respiradouro. Vide foto 8.
Foto 29: Segundo a literatura existente, esta cova rasa foi o local onde os corpos de Hitler e Eva Braun foram incinerados e sepultados. Dalí eles foram exumados pelo serviço secreto soviético e levados para autópsia em outro local. A história a partir daí é repleta de controvérsias.
Foto 30: General Weidling, comandante da defesa de Berlim, aceita a rendição dos soviéticos e deixa a Chancelaria do Reich por uma das saídas de emergência voltadas para a Vosstrasse.