Quando a F1 volta à Nurburgring, não há como não recordar o antigo Nordschleife, pista de
Em 1957, o GP da Alemanha era a sexta de oito corridas. Como Indianápolis fazia parte do calendário, mas nenhuma equipe da F1 ia à América do norte para sua realização em razão de demasiados custos, na verdade corria-se ali a quinta de sete corridas da temporada, de fato.
Juan Manuel Fangio, de Maserati, era o líder do mundial. Ganhou três das quatro corridas que participara. Com esta estatística, Fangio poderia ser campeão naquele fim de semana apenas chegando ao segundo lugar. Ele faria a pole position para a corrida com o tempo de 9 min. 25 seg. e 6 décimos.
Porém, apesar da pole, o grande carro daquele fim de semana em constância era sabido que seria a Ferrari. Assim, Fangio e Maserati, para tentar uma vitória, partiram para uma estratégia arriscada depois da pole: Largariam de pneus macios e meio tanque de combustível. O intuito era andar rápido, abrir vantagem e parar com uma diferença suficiente para voltar ainda na frente e continuar andando rápido até o fim.
A corrida não começou bem. Na largada, Fangio cairia ao terceiro posto perdendo posição para duas das Ferraris, as de Peter Collins e Mike Hawthorn. Na volta três, ele conseguiria passá-los para ser primeiro finalmente. Com 22 voltas no total, Fangio teria que andar mais do que o previsto para garantir a vitória. Conseguiu uma boa, porém insuficiente, vantagem de 22 segundos para ir aos pits na volta 11 reabastecer o carro e trocar os pneus.
Mas aí voltaram os problemas. O pit stop foi um desastre, custando à sua corrida 1m e 10s. O carro era reabastecido enquanto os mecânicos trocavam os pneus a marretadas, outra época. Numa destas, uma arruela de uma das rodas quebraria, o que no fim das contas custou bastante tempo. Enquanto isso, Fangio saiu do carro para conversar com seu chefe de mecânicos e o diretor da equipe, depois voltou ao carro; mas claro, não sem antes tomar um gole de uma garrafa de limonada.
O argentino saiu dos pits
Na volta 20, Hawthorn passou na linha de chegada a dois segundos de Collins, que levava apenas três para Fangio. Esta seria a volta crucial das ultrapassagens. Rapidamente ele tentaria passar Collins, mas erraria e seria relegado novamente ao terceiro lugar. Na reta seguinte outra tentativa, e a confirmação do segundo lugar.
Hora de passar Hawthorn. Aproximando-se de uma chicane perigosa com uma vala sem guard-rail ao lado, o argentino, com duas rodas na grama, conseguiria a execução da manobra que o colocaria de novo em primeiro lugar.
Mais uma volta e meia e ele conquistaria sua vigésima quarta, mais brilhante e última vitória, além de seu quinto, e também último, título mundial. Tudo isso aos 46 anos de idade. Após a corrida, Fangio assumiu que fazia as curvas em rotação alta e jogando sua traseira de lado. E ainda disse: “Era como se eu estivesse na corrida novamente, fazendo os saltos no escuro sobre as curvas onde eu nunca tinha tido a coragem de ir tão longe”. No fim do ano o pentacampeão se retiraria da F1, mas não sem antes coroar sua já bela carreira com esta atuação digna.
O que será que colocaram naquela limonada?