Andar em posições
intermediárias, e chegar a se classificar na última fila para uma
corrida, até 2011, era uma grande novidade para Valentino Rossi. O italiano
viveu no ano passado sua pior temporada no campeonato mundial, do
qual participa desde 1996. 2011 foi o primeiro ano no qual Valentino
não conseguiu sequer uma vitória. Melhor resultado? Um modesto
terceiro lugar ainda no início da temporada, na França.
A situação de pegar
uma moto tida como uma “bomba” com a missão de transformá-la em
“carruagem” não é nova para ele. O título que o próprio diz
orgulhar-se mais foi a bordo de uma moto que até um ano antes não
havia conseguido nada melhor do que apenas um pódio. E que, por
coincidência ou não, havia sido justamente na França, no degrau
mais baixo, com Alexandre Barros. Falo da Yamaha de 2004, claro.
Em 2003, Valentino se
sentia um prisioneiro (como suas comemorações insinuavam,
inclusive) dentro dos consagradíssimos muros multinacionais da
Honda. Tinha-se a ideia dentro do time de que era uma moto que
poderia fazer qualquer um que estivesse sentado nela campeão. Rossi
queria mostrar para ele, para os espectadores e para Honda que a moto
não era tão importante assim. Topou o desafio da Yamaha... e a
acertou a tempo de ganhar já a primeira corrida da temporada na
África do Sul.
O título não foi tão
facilmente conquistado no fim das contas como esse triunfo precoce
pode dar a impressão que foi. Nas corridas seguintes ele encontrou
grandes desafios nas Honda's de fábrica, como esperado. Sobretudo, na
de Sete Gibernau – a quem derrotou ao fim do GP da Austrália para
levantar o caneco.
Em 2010, Rossi
sentia-se quase da mesma maneira que em 2003. Mas dessa vez quem o
prendia não era uma fábrica, e sim seu companheiro de equipe, Jorge
Lorenzo. Lorenzo copiava Rossi em tudo. Nas comemorações
engraçadas, no macacão (uma perna branca e outra vermelha, enquanto
Rossi sempre usou uma preta e outra amarela) e, claro, nos acertos
mecânicos. Uma moto que Valentino desenvolvera ao longo de anos,
era, de repente, sua maior rival.
Chegou à Ducati em
2011. Conseguiu um terceiro lugar como melhor resultado e um sétimo
no campeonato. Me parece justo comparar as situações. Ou seja, o italiano enfrentará um desafio
semelhante ao de 2004 em 2012. Poderá triunfar? Sim, como já fez...
porém, há oito anos. É de sabedoria popular que oito anos pesam
nas costas de qualquer humano.