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quinta-feira, 18 de agosto de 2016


"Hoje em dia, comer como toda a gente é deitar mais uma gota para o copo. Pode não ser a nossa gota a fazer transbordar o copo, mas esse acto será repetido - em cada dia da nossa vida e talvez em cada dia da vida dos nossos filhos e dos filhos deles..." 

Há quase três meses decidi dar um passo em frente e eliminar da minha dieta qualquer consumo de carne. A verdade é que também não foi uma mudança brusca, do dia para a noite: quase sem dar por isso, já andava a preferir as saladas aos hambúrguers há muito tempo, muito influenciado pela minha mãe, que é vegetariana e nunca teme em divulgar as atrocidades desumanas que o ser humano comete... 

Porém, a ideia de tornar-me vegan - eliminar da dieta não só a carne mas tudo aquilo que tenha origem animal - parecia demasiado radical, algo para o qual não estava preparado, para já pelo menos. Prescindir do peixe e dos lácteos? Ainda estava a habituar-me ao leite de soja, quanto mais... Este livro foi um bom empurrão nesse sentido. Já que adaptei uma dieta vegetariana, vale a pena tentar ir um bocadinho mais além para não contribuir a muitas outras crueldades que, ao contrário do que pensava, chegam a ser tão más ou piores do que aquilo que é feito ao gado (alvos de experiências genéticas que os tornam estéreis e portadores de inúmeras doenças; galinhas confinadas a espaços mais pequenos do que uma folha A4, privadas de comida e luz; a pesca acidental de 26 quilos de outros seres marinhos por cada quilo capturado de camarão; as aves ditas criadas em liberdade quando na verdade partilham um espaço ao ar livre minúsculo com outras centenas; e etc, etc...). 

O autor deixa as coisas claras: não há ponta por onde se lhe pegue no que diz respeito à indústria agropecuária. Não é apenas um atentado aos animais. Também é um atentado disfarçado ao meio ambiente e à saúde pública. Vejam só esta pérola que descreve o que chega aos nossos pratos: 
"Além de deformações, as lesões oculares, a cegueira, as infecções bacterianas nos ossos, as vértebras deslocadas, a paralisia, as hemorragias internas, a anemia, as tendinites, as pernas e os pescoços torcidos, as doenças respiratórias e os sistemas imunitários enfraquecidos são problemas frequentes e duradouros na pecuária industrial. Estudos científicos e registos governamentais sugerem que praticamente todos (mais de 95%) os frangos desenvolvem infecções com E. coli (indicador de contaminação fecal) e entre 39 e 75% dos frangos à venda nas lojas continuam infectados." 

E este é só um pequeno exemplo, acreditem. Ao longo do livro, podemos ler coisas realmente perturbadoras... 

Li algures no Goodreads alguém a dizer que este livro devia ser lido por todos, não só vegetarianos, e não podia concordar mais. Inclusive, chegaria ao ponto de dizer que seria ainda mais importante que fosse lido por todos aqueles que queiram continuar a comer carne. Isso deve-se ao facto de que não apresenta o vegetarianismo como a única solução para o problema: está completamente em contra da pecuária industrial, mas isso não impede que o autor, mesmo sendo ele próprio vegetariano, defenda a pecuária tradicional, em que o bem estar animal está à frente do lucro. Aliás, o autor dá voz a diferentes pontos de vista, desde uma activista da PETA a donos de quintas tradicionais. 

Sem dúvida, Comer Animais não deixa indiferente a quem o lê mas neste caso o que resultar disso vai mais além de nós próprios.

Classificação: 5/5

sexta-feira, 16 de outubro de 2015


A ser editado brevemente em Portugal pela Editorial Presença.

Sinopse:

Kelsea Glynn is the sole heir to the throne of Tearling but has been raised in secret by foster parents after her mother – Queen Elyssa, as vain as she was stupid – was murdered for ruining her kingdom. For 18 years, the Tearling has been ruled by Kelsea’s uncle in the role of Regent however he is but the debauched puppet of the Red Queen, the sorceress-tyrant of neighbouring realm of Mortmesme. On Kelsea’s 19th birthday, the tattered remnants of her mother’s guard - each pledged to defend the queen to the death - arrive to bring this most un-regal young woman out of hiding...
And so begins her journey back to her kingdom’s heart, to claim the throne, earn the loyalty of her people, overturn her mother’s legacy and redeem the Tearling from the forces of corruption and dark magic that are threatening to destroy it. But Kelsea's story is not just about her learning the true nature of her inheritance - it's about a heroine who must learn to acknowledge and live with the realities of coming of age in all its insecurities and attractions, alongside the ethical dilemmas of ruling justly and fairly while simply trying to stay alive...

Opinião:

Houve algum hype em redor deste livro aquando da sua publicação há dois anos. Mesmo antes do seu lançamento, fora anunciado que os direitos para a sua adaptação ao cinema já tinham sido vendidos e que a actriz Emma Watson iria interpretar a protagonista. Aliás, a própria actriz já tinha lido o livro e podemos ler um breve comentário seu na contracapa a elogiá-lo.
No entanto, os responsáveis pelo departamento de marketing acharam por bem esticar a corda e vendê-lo como uma mistura de Game of Thrones com Os Jogos da Fome, como se as expectativas já não fossem muitas...
Quando finalmente foi publicado, verificou-se um efeito contrário ao desejado: as críticas iniciais não foram nada favoráveis. Os leitores sentiram-se defraudados - tem um ritmo lento e não tem nada a ver com Game of Thrones, muito menos com Os Jogos da Fome! -; o hype morreu à mesma velocidade com que nascera. A minha vontade de lê-lo diminuiu drasticamente, mas ainda assim não saiu da eterna lista dos livros que, eventualmente, quero ler. Dois anos depois, e com o segundo volume da trilogia já publicado, a classificação média no Goodreads aumentou algumas décimas e, neste momento, mantém-se em 3.97 estrelas em 5. Há três semanas, quando encontrei, por acaso, um exemplar do livro numa livraria, soube que tinha chegado o momento.

Acredito piamente que o facto de ter partido para a sua leitura sem expectativas nenhumas e sem saber quase nada da história tenha contribuído imenso para que me surpreendesse pela positiva. É verdade que tem um ritmo lento, sem muita acção, mas também é verdade que foi uma leitura que me prendeu desde a primeira página e que me agradou imenso.

Numa altura em que o mercado da fantasia está dominado pelos triângulos amorosos, é sempre uma lufada de ar fresco encontrar novos lançamentos dentro do género com um teor mais sério e adulto. Não estou a dizer que este seja caso único nem o melhor, mas gosto quando temos personagens fortes, sem medo de tomar decisões difíceis, que saem dos moldes dos protagonistas sexys e que não fazem do romance uma prioridade. Se a isto aliarmos um mundo medieval que, ao mesmo tempo, está situado no futuro, e intrigas políticas... como não ficar, no mínimo, curioso?

A escrita de Johansen é clara e directa, sem floreados. Porém, mede minuciosamente aquilo que revela. Aliás, este primeiro livro da trilogia é caracterizado por colocar um véu sobre o seu mundo que promete ser revelado aos poucos, colocando muitas questões e respondendo a poucas de modo a deixar em aberto a intriga nos próximos volumes.

O único defeito que tenho a apontar será precisamente esse: o facto deste primeiro volume ter, definitivamente, o único propósito de servir de introdução para uma história que ainda agora começou a ser contada, o que, aliado à ausência de acção e ao pouco vislumbre que temos da magia, poderá afastar os leitores que estavam à espera de algo diferente. Como standalone, este livro não me teria preenchido as medidas, mas felizmente há uma história com um grande potencial à espera de ser descoberta.

The Queen of the Tearling, a ser editado em breve pela Editorial Presença, é, sem dúvida, daqueles livros que divide: a maioria, ou fica rendido ou detesta. Pessoalmente fico feliz de ter aguardado dois anos para lê-lo sem quaisquer expectativas e poder dizer que faço parte do primeiro grupo. A espera compensou.

Classificação: 4/5

quinta-feira, 3 de setembro de 2015


Review publicada originalmente no Facebook e no Goodreads.

Não editado em Portugal.


Sinopse:

The story of the love that ended an empire.
In this commanding book, Pulitzer Prize–winning author Robert K. Massie sweeps readers back to the extraordinary world of Imperial Russia to tell the story of the Romanovs’ lives: Nicholas’s political naïveté, Alexandra’s obsession with the corrupt mystic Rasputin, and little Alexis’s brave struggle with hemophilia. Against a lavish backdrop of luxury and intrigue, Massie unfolds a powerful drama of passion and history—the story of a doomed empire and the death-marked royals who watched it crumble.

Opinião:

A minha primeira biografia... e que estreia!

Já tinha uma visão geral, dada pelos livros de História, daquilo que levou à queda da última família Imperial da Rússia (o massacre do Domingo Sangrento, a influência de Rasputine, a 1ªGuerra Mundial, a vida de luxo oposta à fome do povo...) mas, finalizada esta leitura, não há como não concordar que Nicolau II, tendo cometido vários erros como czar, era um bom homem que amava a sua pátria. Não sabia era governar. Noutras circunstâncias o destino da Rússia podia ter sido bem diferente.

"If there had been no Rasputin, there would have been no Lenin", disse Alexander Kerensky, o último primeiro ministro do Governo Provisório constituído após a abdicação do czar. O autor do livro vai mais além: "If this is true, it is also true that if there had been no hemophilia, there would have been no Rasputin. This is not to say that everything that happened in Russia stemmed from the illness of a single boy. It is not to overlook the backwardness of Russian society, the clamor for reform, the strain and battering of a world war and the wrong decisions of the last Tsar. All of these powerfully affected events. But then, as if to ensure a terrible ending, Fate introduced hemophilia and Rasputin. It was a blow from which Nicholas and Imperial Russia could not recover".

O livro ganha muito com o seu tipo de escrita. Não é nada cansativa uma vez que tudo é contado quase como se de uma história se tratasse. As personagens, fiéis à realidade, não são apresentadas como meros peões da História mas como seres humanos, com os seus defeitos, virtudes, sentimentos, motivações e histórias pessoais...

Cabe também destacar o facto de apresentar algumas teorias interessantes relativas aos poderes curativos de Rasputine, o que não impede que ainda exista muito por explicar... Certo é que, não sendo completamente mau, também estava longe de ser santo...

Sem dúvida, um must-read para os interessados pela família Romanov!

Classificação: 4/5

quarta-feira, 2 de setembro de 2015


Lançamento em Portugal: 29 de Setembro.

Título original: Det som inte dödar oss

Sinopse:

Neste thriller carregado de adrenalina, a genial hacker Lisbeth Salander e o jornalista Mikael Blomkvist enfrentam uma nova e perigosa ameaça que os leva mais uma vez a unir as suas forças.
Uma noite, Blomkvist recebe um telefonema de uma fonte confiável declarando ter informação vital para os Estados Unidos. A fonte tinha estado em contacto com uma jovem mulher, uma super-hacker que se parecia com alguém que Blomkvit conhecia bem de mais. As consequências são surpreendentes. Blomkvist, a precisar urgentemente de um furo jornalístico para a Millennium, pede ajuda a Lisbeth, que, como habitualmente, tem a sua agenda própria.
Em "A Rapariga Apanhada na Teia de Aranha", o duo que fez vibrar 80 milhões de leitores com "Os Homens Que Odeiam as Mulheres", "A Rapariga que Sonhava com uma Lata de Gasolina e um Fósforo" e "A Rainha no Palácio das Correntes de Ar" encontra-se de novo num actual e extraordinário thriller.

Opinião:

A curiosidade falou mais alto e, com sentimentos mistos devido à polémica que este quarto volume da saga Millennium traz consigo (o livro não segue os planos que Stieg Larsson tinha antes do seu falecimento prematuro), parti para a sua leitura na edição inglesa. Uma vez finalizada, esses sentimentos mistos ainda estão aí.

Se olhar para ele priorizando o facto de que devia manter o tom e estilo da trilogia original, o livro de facto perde pontos. A história, apesar de ter as suas conspirações, não é tão obscura como estávamos habituados e as personagens, já nossas conhecidas, perderam uma certa profundidade. Nos volumes anteriores tínhamos ficado a conhecer os motivos que originaram a Lisbeth Salander que nos cativou com a sua personalidade singular mas neste livro temos uma Lisbeth mais diluída: o seu feitio, aspecto e talento mantêm-se mas já não surpreendem e, pior ainda, permanece no mesmo lugar interior, escondida, durante grande parte do tempo até que as circunstâncias exijam que saia pela porta fora, sem interagir cara a cara com (quase) ninguém durante esse tempo de reclusão. Aliás, senti falta de ver a dupla Blomkvist e Salander lado a lado e não somente através de mensagens...

No entanto, o autor ganha pontos por ter criado uma história interessante, com temas actuais e com bom ritmo e, sobretudo, por, muito subtilmente, ter trazido à baila e num papel preponderante uma das pontas soltas que Stieg Larsson deixou por resolver no final da sua trilogia original, algo que, sinceramente, já nem sequer recordava (daí talvez o facto de ter sido surpreendido), contribuindo para que este quarto volume possa ser realmente visto como uma sequela e não uma obra completamente independente sem qualquer conexão para além do elenco e o espaço.
Por outro lado, gostei muito do papel que o autor deu a uma certa personagem com a qual criei muita empatia, apesar de ter sido algo que, durante grande parte da leitura, não me convencia totalmente por ter dúvidas quanto à sua autenticidade em casos do mundo real mas que, com um pequeno comentário presente quase no fim do livro e com uma rápida pesquisa no Google dá para ver que não é, de todo, impossível.

Em suma, ainda não sendo um livro fiel ao estilo de Larsson, A Rapariga Apanhada na Teia de Aranha conseguiu igualmente prender-me às suas páginas, reavivou o meu gosto pela série e matou as saudades que tinha da rapariga com o dragão nas costas. Na minha opinião, pode muito bem ser considerada uma boa primeira sequela da trilogia original, mas sem dúvida que dividirá opiniões e não há nada melhor como dar uma oportunidade para que cada leitor tire as suas próprias conclusões. O que é certo é que, polémicas à parte, tendo em vista o final, isto não fica por aqui. Lá estarei eu para ler o próximo.


Classificação: 4/5

domingo, 8 de março de 2015


Três anos se passaram desde o seu último álbum, três anos após os quais é difícil negar que MDNA esteja de facto longe de constar entre os melhores trabalhos da sua extensa trajectória. Hoje em dia, facilmente passo à frente da maior parte das músicas desse álbum, embora algumas soem tão bem como da primeira vez. É o caso de Love Spent e Masterpiece, por sinal as minhas favoritas, que se diferenciam das restantes por trazerem à superfície o lado mais romântico da artista e por darem um vislumbre do quão boas podem ser as suas letras quando não segue as correntes banais da maioria da música pop contemporânea.

Com Rebel Heart Madonna embarcou noutra direcção. Pelo meio encontrou algumas terras áridas mas a atenção é desviada para os verdadeiros tesouros que desenterrou e que não são poucos.

Num dos seus álbuns mais longos de sempre - a edição Super Deluxe conta com 23 canções originais! - a Rainha do Pop tem espaço para dar voz, como o próprio nome indica, quer à sua faceta rebelde e irreverente, quer à sua faceta mais humana, faceta esta que prima pela fragilidade que revela em certas faixas e que tem o seu auge em Joan of Arc, na qual despe a máscara de mulher invencível.



No entanto, esta é apenas uma das várias músicas que marcam este álbum. É uma das minhas favoritas, mas existem muitas mais que constam no meu TOP, como as seguintes:

Rebel Heart inicia-se com Living for Love, que é igualmente o primeiro single. Aqui Madonna diz claramente que o amor é uma arma de dois gumes, mas que só um deles prevalece: o amor pode deitar-nos abaixo mas também é capaz de nos fazer erguer e só por isso vale a pena vivê-lo. E bem que o demonstrou após a queda nos Brit Awards: caiu, levantou-se e continuou como se nada fosse! Vale a pena ver a actuação completa ;)



Outra das minhas favoritas é Ghosttown, que já foi confirmada como sendo o segundo single. É mais uma balada na qual a voz de Madonna volta a brilhar, a juntar a HeartbreakCity e Messiah.



Das músicas com um som mais mexido, Hold Tight é a minha favorita, empatada com Addicted e Veni Vidi Vici. Nesta última chama a atenção o facto de Madonna fazer referências a algumas das suas músicas mais icónicas :P



Se são fãs provavelmente sabem que este álbum foi precedido por vários leaks. Os primeiros deles foram as demos das faixas Rebel Heart (com o mesmo nome do álbum) e Wash All Over Me, em Novembro. Em relação à primeira, apaixonei-me imediatamente por ela, mas a versão final sofreu algumas modificações em termos de ritmo que fizeram com que não a conseguisse apreciar da mesma forma... Ainda assim gosto da versão final (apenas preferia a anterior :P) e é também uma das minhas favoritas. Já a segunda deixou de ser uma música dance e o novo ritmo contribuiu imenso para transmitir a sua mensagem: "In a world that's changing, I'm a stranger in a strange land". Ganhou vários pontos.

Destaque também para Borrowed Time, na qual Madonna lança uma mensagem de paz. Em baixo a respectiva demo, com diferenças quanto à versão final:


Enfim, estas são apenas algumas das minhas faixas favoritas. Como podem verificar muitas delas levam consigo boas letras e mensagens que podemos aplicar a nós próprios, o que, numa altura em que muito do que a rádio toca parece igual e em que há um avanço excessivo de anacondas, wiggles e bootys, merecia pelo menos ter algum destaque...

Rebel Heart é sem dúvida um dos seus melhores álbuns dos últimos tempos e da sua carreira. Atrevo-me a dizer inclusive que é capaz de ser o melhor desde 1998, quando lançou o mítico Ray of Light, a par talvez do Confessions on a Dance Floor de 2005

Está provado que a Rainha do Pop ainda tem muito para dar para quem quiser ouvir :) 

E vocês? São fãs da Madonna ou nem por isso?
Espero que tenham ficado pelo menos curiosos para ouvir o seu novo trabalho...
Ouçam que não se vão arrepender! :D

P.S.- No fim do ano a nova tour passará pela Europa mas infelizmente Portugal não é um dos países contemplados. Sendo assim está a decorrer uma petição online para tentar fazê-la mudar de ideias. Podem assinar aqui!

P.S.2.- A edição Deluxe (não Super Deluxe) está disponível no Spotify!

P.S.3.- Podem ouvir as samples da edição Deluxe neste vídeo.

domingo, 7 de dezembro de 2014


Título original: Die for Me

Sinopse:

Vem a mim. 
A primeira vítima é encontrada num terreno de Filadélfia coberto de neve. O detective Vito consegue a ajuda da arqueóloga Sophie para determinar exactamente o que se encontra por baixo da superfície gelada. Apesar de ter passado anos a procurar objectos enterrados durante séculos, a jovem arqueóloga não está preparada para as sepulturas que encontra, escavadas com uma precisão arrepiante. Os cadáveres das vítimas atormentam-na, mas as sepulturas vazias aterrorizam-na: o assassino ainda não acabou. 

Grita para eu ouvir. 
Ele é frio e calculista, senhor de um jogo maquiavélico. Mesmo com Vito e Sophie no seu encalço, não pára, tem de ocupar outra sepultura vazia e ouvir um último grito: o grito de uma arqueóloga que o enerva e o descontrola...

Opinião:


Classificação: 5/5

terça-feira, 16 de setembro de 2014


Título original: Hypnotisören

Sinopse:

Erik Maria Bark é o mais famoso hipnotista da Suécia. Acusado de falta de ética, e com o casamento à beira do colapso, jurou publicamente nunca mais praticar a hipnose nos seus pacientes e há dez anos que se mantém fiel à sua promessa. Até agora.

Estocolmo. Uma família é brutalmente assassinada e a única testemunha está internada no hospital em estado de choque; Josef Ek, de apenas 15 anos, presenciou o massacre dos seus pais e irmã mais nova, sendo ele próprio encontrado numa poça de sangue, vivo por milagre.
Nessa mesma noite, Erik Maria Bark recebe um telefonema do comissário Joona Linna solicitando os seus serviços: urge descobrir a identidade do assassino e para tal Josef deverá ser hipnotizado. Erik aceita a missão com relutância, longe de imaginar que o que vai encontrar pela frente é um pesadelo capaz de ultrapassar os seus piores receios.


Dias mais tarde, o seu filho de 15 anos, Benjamin, é sequestrado da própria casa. Haverá uma ligação entre estes dois casos? Para salvar a vida de Benjamin, o hipnotista deverá enfrentar os fantasmas do seu passado e mergulhar nas mentes mais sombrias e perversas que jamais poderia imaginar; o que tinha por difuso revela-se abominável, o que tinha por suspeito surge como demoníaco. Para Erik, a contagem regressiva já começou...


Uma leitura compulsiva carregada de suspense. Um mistério caracterizado por estranhos e inesperados contornos.

Opinião:

Estaria a mentir se afirmasse que me prendeu logo no início. Demorei muito tempo a conseguir entrar na história, em parte por causa da escrita: até me habituar, a utilização do tempo presente na narrativa constituiu, neste caso, um grande entrave à fluidez do texto.

Por outro lado, certos diálogos no início passavam-se muito rápido e verificavam-se alterações bruscas do estado emocional das personagens. Em particular não estava a gostar da relação intermitente de Erik e Simone: ora estavam zangados um com o outro (ela chega a dizer ao filho, de repente e fora de contexto, que estão a pensar separar-se!), ora estavam em modo sedução. Aliás, acabei por achar demasiado irrealista certos aspectos da forma como estas personagens agiram a partir de um certo momento-chave no enredo.

Contudo, passado um certo ponto, nomeadamente quando chega a altura do flashback, vi-me imerso no livro e acabou por ser uma boa leitura apesar das falhas.

Este é um livro bastante imprevisível, não só quanto ao desenlace trepidante, mas quanto ao enredo em si, uma vez que a sinopse dá uma ideia errada do conteúdo. Durante o decorrer da história, o leitor sente-se orientado por uma ideia pré-concebida que acaba por não se revelar verdadeira, enganando-o à medida que se vai introduzindo numa outra linha argumental paralela. Na verdade, as sessões de hipnotismo no presente são muito poucas: é no passado que o cerne da questão se encontra. Mais do que usar o hipnotismo para obter respostas, usa o hipnotismo como veículo dos acontecimentos.

Outro aspecto a destacar são as referências a vários elementos da cultura pop actual no intrínseco do caso.

Ainda assim não pretendo ler os restantes volumes da série uma vez que, se por um lado as opiniões gerais não são tão favoráveis, por outro não fiquei o suficientemente interessado em acompanhar novos casos do comissário Joona Linna. Para já ainda tenho que ver o filme.

Classificação: 4/5

segunda-feira, 15 de setembro de 2014


Título original: The Monogram Murders

Sinopse:

Sentado no seu café preferido, Hercule Poirot prepara-se para mais um jantar de quinta-feira quando é surpreendido por uma jovem mulher. Ela chama-se Jennie e diz estar prestes a ser assassinada. Mais insólita do que esta afirmação é a sua súplica para que Poirot não investigue o crime. A sua morte é merecida, afirma Jennie, antes de desaparecer noite dentro, deixando o detective perplexo e ansioso por mais informação.
Perto dali, o elegante Hotel Bloxham é palco de três assassinatos. Os crimes têm várias semelhanças entre si: os três corpos estão dispostos em linha reta com os braços junto ao corpo e as palmas das mãos viradas para baixo. E dentro das bocas das vítimas, encontra-se o mais macabro dos pormenores: um botão de punho com o monograma PIJ.
Poirot junta-se ao seu amigo Catchpool, detetive da Scotland Yard, na investigação deste estranho caso. Serão os crimes do monograma obra do mesmo assassino? E poderão de alguma forma estar relacionados com a fugidia Jennie que, por uma razão indecifrável, não abandona os pensamentos do detetive belga? Hercule Poirot está de regresso num mistério diabólico que vai testar ao limite as suas célebre celulazinhas cinzentas.

Opinião:

Quando foi anunciada a notícia de que o célebre detective belga de Agatha Christie, Hercule Poirot, regressaria com um novo mistério, fiquei algo céptico dada a difícil tarefa. Sophie Hannah, autora de vários romances, também no género policial, foi a escolhida para escrevê-los, contando ainda com a aprovação da família da Rainha do Crime. Felizmente e contra todas as expectativas, penso que fez um bom trabalho e que conseguiu assemelhar bastante o seu estilo de escrita.

Apesar de que o leitor nem sempre parece ter a certeza de que Poirot se encontra bem orientado na resolução do crime, o carácter da personagem em si está bem fiel ao original: a sua personalidade, a sua forma de pensar, o seu método de investigação, até mesmo as ocasionais reprimendas quando mais ninguém utiliza as "celulazinhas cinzentas"...

O próprio modo de execução do crime não foi totalmente previsível e foi até algo surpreendente, embora se adivinhasse que uma certa personagem devia ter um papel no mistério. No entanto, a forma como foi estendido prejudicou a explicação do caso, tornando-o algo confusa, e é aqui que o livro acaba por ser mais prejudicado.

Outro aspecto importante a referir é a personagem que a autora criou para desempenhar o papel que costumava ser de Hastings (ausente neste livro): Catchpool, um polícia da Scotland Yard, narrador desta história e que tem um papel bastante activo na resolução do caso. É óbvio que está longe de ter a mente brilhante de Poirot (nem era isso que se pretendia), mas ainda assim não constitui somente um mero personagem secundário, dado que em alguns capítulos é o responsável pela recolha de informação fundamental.

Os Crimes do Monograma não está à altura das melhoras obras de Agatha Christie, tais como As Dez Figuras Negras ou Crime no Expresso do Oriente. Está sim, a meu ver, ao nível da maioria dos seus livros, o que já é bastante bom.

Classificação: 4/5

Opinião em vídeo:



domingo, 14 de setembro de 2014


Título original: Before I Go To Sleep

Sinopse:

«Durante o sono, a minha mente apagará tudo o que fiz hoje. Amanhã acordarei como acordei hoje de manhã. A pensar que ainda sou uma criança. A pensar que tenho toda uma vida de escolhas pela frente…»
As memórias definem-nos. O que acontece se perdemos as nossas memórias cada vez que adormecermos? O nosso nome, a nossa identidade, o nosso passado, até mesmo as pessoas de quem gostamos - tudo perdido numa noite. E a única pessoa em quem confiamos poderá estar a contar-nos apenas metade da história. Bem-vindos à vida de Christine.

Opinião:

Se não fosse pela divisão deste livro a metade por causa da leitura conjunta, tê-lo-ia lido quase sem parar. A premissa é deveras interessante: de cada vez que Christine abre os olhos de manhã é como se voltasse a acordar de um coma profundo, sem saber quem é, onde está ou sem reconhecer o homem junto ao qual acorda. Não possui quaisquer memórias e somente a leitura do seu diário vai juntando as peças desse puzzle que é o seu passado.
Aliás, a maior parte do livro é narrado pela protagonista como se do próprio diário se tratasse, tendo uma escrita fluída que nos faz querer virar as páginas. Facilmente conseguimos pôr-nos no lugar dela, apesar de ser, dada as circunstâncias, uma narradora não fiável. O facto de um certo aspecto do final ter sido  deixado intencionalmente em aberto foi algo que me agradou igualmente, uma vez que assenta com o tom da obra.

Todavia, vários factores prejudicaram gravemente o meu parecer do livro.
Se por um lado a minha classificação inicial pairava nas quatro estrelas devido a achar que o ritmo da acção tinha-se tornado, a partir de certa altura, algo monótono e porque a grande revelação final fora bastante previsível (coincidia com uma das minhas teorias criadas logo ao início da leitura), por outro decidi descê-la para três estrelas após alguma reflexão. É que existem alguns aspectos na explicação final que dificilmente poderiam aplicar-se na realidade de forma tão simples... Por outro lado, existe uma certa personagem cujo papel podia ter sido muito melhor aproveitado, dada a importância que aparenta ter ao início.

Ainda assim, Antes de Adormecer está longe de ser uma má leitura e pretendo ver a adaptação cinematográfica que está para ser lançada, com Nicole Kidman e Colin Firth nos papéis principais. Apenas não é, a meu ver, um thriller tão memorável como estava à espera.

Classificação: 3/5

sexta-feira, 29 de agosto de 2014


Título original: El Tiempo Entre Costuras

Sinopse:

«O Tempo entre Costuras» é a história de Sira Quiroga, uma jovem modista empurrada pelo destino para um arriscado compromisso; sem aviso, os pespontos e alinhavos do seu ofício convertem-se na fachada para missões obscuras que a enleiam num mundo de glamour e paixões, riqueza e miséria mas também de vitórias e derrotas, de conspirações históricas e políticas, de espias.
Um romance de ritmo imparável, costurado de encontros e desencontros, que nos transporta, em descrições fiéis, pelos cenários de uma Madrid pró-Alemanha, dos enclaves de Tânger e Tetuán e de uma Lisboa cosmopolita repleta de oportunistas e refugiados sem rumo.

Opinião:

Sabem aqueles livros que vêm parar a casa através de amigos ou familiares mas que, se de vocês dependesse, muito possivelmente nem pegavam nele porque não parecia interessar? Foi isso que aconteceu com este livro. A capa e o título deram-me uma impressão errada do conteúdo: pensava que iria deparar-me com muito romance... Porém, ao invés disso, encontrei-o em pequenas doses no meio de uma enorme rede de espionagem e ficção histórica, algo que me agradou bastante, visto não ser particularmente fã do género romântico...

Ambientada durante a Guerra Civil espanhola e a Segunda Guerra Mundial, neste livro acompanhamos uma jovem modista espanhola chamada Sira Quiroga que, após uma grande desilusão amorosa, vê-se sozinha e abandonada em Marrocos e onde, para sobreviver, é obrigada a abrir uma oficina de costura. No entanto, a seu devido tempo irá fazer do seu ofício um disfarce para algo maior e que pode pôr a sua vida em risco: tornar-se-á uma espiã, de modo a recolher informações da sua clientela que possam ser úteis à causa.

Indubitavelmente nota-se um claro crescimento da protagonista, passando de ser uma jovem inocente a uma mulher independente, forte e destemida É muito fácil simpatizarmos com ela, apesar de algumas decisões tomadas. Achei também muito original a forma como transmite as informações confidenciais.

Há também espaço para o aparecimento de várias personagens interessantes, algumas das quais existiram de facto. Entre elas encontram-se Juan Luis Beigbeder e Rosalinda Fox, recorrentes ao longo do livro e com um papel imprescindível no enredo.

Por outro lado, o estilo de escrita da autora é muito fluído. Prende o leitor e imerge-o perfeitamente na história. As descrições dos locais, que não se limitam a apenas uma cidade (EDIT: também passa por Madrid e Lisboa), e a forma de falar das personagens são extremamente fiéis à época e ao meio em que se encontram, algo muito bem conseguido e um dos aspectos mais positivos do livro.

Todavia, este é prejudicado pela casualidade de certos acontecimentos. Se bem que não chega a ser previsível, houve uma parte, por exemplo, que pareceu demasiado forçada, reunindo duas personagens aparentemente distantes no mesmo local e na mesma altura.

Dito isto, resta-me agradecer ao Nuno Chaves (do blog Página a Página) por recomendar-mo pessoalmente e avisar que já existe uma adaptação televisiva em mini-série, cujo trailer deixo em baixo, caso estejam interessados.

Classificação: 4/5

terça-feira, 19 de agosto de 2014


Título original: Extremely Loud and Incredibly Close

Sinopse:

Oskar Schell tem nove anos e é inventor, francófilo, tocador de tamborim, ator shakesperiano, joalheiro, pacifista. Além disso, está a empreender uma busca urgente e secreta através das cinco zonas de Nova Iorque a fim de encontrar a fechadura onde entra uma chave misteriosa que pertencera ao pai, morto no atentado contra o World Trade Center. Oskar, uma inspirada criação do autor, é encantador, exasperante e inesquecível.

Opinião:

Ao contrário da opinião geral e à semelhança da maioria das pessoas com as quais o li, não gostei deste livro.

Para começar, a primeira coisa que salta à vista é a formatação do texto e a utilização de imagens como suporte à história. A priori isto teria sido uma mais valia mas a má execução impediu que assim fosse.
Se bem que a disposição do texto visava transmitir ao leitor qual o ponto de vista que pertencia a cada capítulo, não basta dispo-lo apenas de forma corrida para marcar a diferença. Aliás, durante a leitura pensei várias vezes em qual seria o motivo para, por exemplo, gostar do texto corrido de Saramago e não conseguir gostar deste... Acabei por chegar à conclusão que Saramago consegue associar ao estilo uma cadência que o torna quase poético sem ser confuso.
Já em relação às imagens, na maior parte das vezes não acrescentavam muito mais do que as palavras, dando quase que a sensação de que estavam lá sem qualquer propósito, pelo simples facto de estar.

Em relação às personagens, a verdade é que nenhuma foi especialmente marcante, apesar de sentir alguma empatia com Oskar e com o pai nas alturas em que recordava os momentos que tinham passado juntos. No entanto, ainda que a sua personalidade algo irreal (que criança de nove anos fala/pensa assim?) não tenha constituído para mim um grande obstáculo à leitura, algumas atitudes injustificadas perante a mãe incomodaram-me bastante.
Por outro lado, parece que o autor decidiu matar o pai nos atentados do 11 de Setembro, e não em diferentes circunstâncias, sem um propósito real para o enredo dada a pouca (ou nula) influência que esses eventos em específico acabaram por ter.

Todavia, o pior defeito desta história encontra-se no desfecho do mistério da chave. "O que importa é a viagem, não o destino", mas, verdade seja dita, não é assim que, a meu ver, o livro é vendido pela premissa, ainda por cima se essa viagem for, como é o caso, demasiado longa e cansativa.

Existe algum momento que me tenha marcado? Existe: o último par de páginas, uma reflexão descrita de tal forma que dá um excelente ponto final a este livro não tão bom e onde, excepcionalmente, as imagens são usadas de forma perfeita. Mas é só.

Resumindo: extremamente expectante, incrivelmente desapontado.

Classificação: 2/5

sábado, 16 de agosto de 2014


Título original: Lord of the Flies

Sinopse:

Um avião despenha-se numa ilha deserta, e os únicos sobreviventes são um grupo de rapazes. Inicialmente, desfrutando da liberdade total e festejando a ausência de adultos, unem forças, cooperando na procura de alimentos, na construção de abrigos e na manutenção de sinais de fogo.
Porém, à medida que o frágil sentido de ordem dos jovens começa a fraquejar, também os seus medos começam a tomar sinistras e primitivas formas. De repente, o mundo dos jogos, dos trabalhos de casa e dos livros de aventuras perde-se no tempo. Agora, os rapazes confrontam-se com uma realidade muito mais urgente - a sobrevivência - e com o aparecimento de um ser terrível que lhes assombra os sonhos.

Opinião:

Não sei exactamente em que livro li este Deus das Moscas a ser mencionado pela primeira vez mas sei que foi o suficiente para adicioná-lo à minha wishlist. Um grupo de crianças que, após um acidente de avião, têm que viver sozinhos numa ilha e que vão revelando aos poucos instintos cruéis de sobrevivência? Despertou o meu interesse. Por estranho que pareça, a partir desse momento vi-o a ser mencionado igualmente (ou pelo menos prestei mais atenção) em muitos outros meios - não só livros, mas também filmes e séries.

Dito isto, entrei na leitura desta obra com as expectativas elevadas mas cedo apercebi-me que estas não correspondiam ao que estava à espera.

A história em si tem um ritmo bastante lento e monótono. Só nos últimos capítulos é que houve algo de diferente: aquele ponto no enredo que marca o livro e a partir do qual me comecei a interessar mais. As personagens também não foram especialmente marcantes.

No entanto, tal como em 1984 ou Admirável Mundo Novo, o valor dO Deus das Moscas incide na mensagem que pretende transmitir, apesar de não ser tão transparente. De facto, cada personagem (ou até certos objectos) pode ser interpretada como uma alegoria, embora algumas não sejam tão fáceis de identificar. Neste caso vale realmente a pena, uma vez terminada a leitura, dar uma vista de olhos às múltiplas análises do livro disponíveis pela Internet fora pois estas oferecem ao leitor uma compreensão mais profunda sobre o mesmo. Irão ver O Deus das Moscas com outros olhos.

Classificação: 3/5

sábado, 9 de agosto de 2014


Não editado em Portugal.

Sinopse:

The monster showed up after midnight. As they do.
But it isn't the monster Conor's been expecting. He's been expecting the one from his nightmare, the one he's had nearly every night since his mother started her treatments, the one with the darkness and the wind and the screaming...
This monster is something different, though. Something ancient, something wild. And it wants the most dangerous thing of all from Conor.
It wants the truth.

Opinião:

Se existe um assunto sobre o qual é complicado escrever um bom livro para os mais jovens deve ser a morte dos nossos entes mais queridos. É um tema muito delicado e acho que é fácil cair nos extremos da irrealidade ou da depressão. Felizmente, Patrick Ness (e Siobhan Dowd, de quem partiu a ideia original antes do seu falecimento) conseguiu medir as doses certas, tornando A Monster Calls numa obra profundamente tocante e memorável para quem o lê, incluindo adultos.

Conor é um rapazinho de 13 anos cuja mãe tem uma doença terminal que começa a ser visitado por um monstro todas as noites à mesma hora. Ele irá contar-lhe três histórias, três histórias que acabarão por mostrar a Conor qual é a verdade que traz no seu ínfimo, uma verdade que o Monstro exige ouvir no final.

Com uma escrita inocente e cativante (e acompanhado na edição ilustrada por belíssimos pedaços de arte a preto e branco desenhados por Jim Kay), cada uma destas histórias estão repletas de simbolismo. A terceira, em particular, é aquela que penso que causa um maior impacto, uma vez que transmite uma lição acerca de uma face mais "invisível" de um determinado problema social. Contudo, é a tal verdade que, quando expressa por palavras, demonstra o verdadeiro cerne deste livro.

Este não é um livro para levantar o ânimo nem pretende sê-lo. Simplesmente pretende expor o quão distintas podem ser as formas que o ser humano tem para lidar com a dor e o medo de perder alguém próximo. Pretende indagar nos sentimentos mais íntimos (muitas vezes contraditórios, indesejados e escondidos), que aqueles que se encontram perto de vítimas de doenças terminais sentem com frequência. Pretende ser uma obra de ficção profundamente fiel à realidade utilizando o pincel que é a imaginação.

Classificação: 5/5


quinta-feira, 10 de julho de 2014


Não editado em Portugal.

Sinopse:

When novelist Owen Quine goes missing, his wife calls in private detective Cormoran Strike. At first, Mrs. Quine just thinks her husband has gone off by himself for a few days--as he has done before--and she wants Strike to find him and bring him home. But as Strike investigates, it becomes clear that there is more to Quine's disappearance than his wife realizes. The novelist has just completed a manuscript featuring poisonous pen-portraits of almost everyone he knows. If the novel were to be published, it would ruin lives--meaning that there are a lot of people who might want him silenced.
When Quine is found brutally murdered under bizarre circumstances, it becomes a race against time to understand the motivation of a ruthless killer, a killer unlike any Strike has encountered before...
A compulsively readable crime novel with twists at every turn, THE SILKWORM is the second in the highly acclaimed series featuring Cormoran Strike and his determined young assistant, Robin Ellacott.

Opinião:

Após a fantástica surpresa que foi Quando o Cuco Chama (The Cuckoo's Calling), o volume de estreia nesta nova série de policiais escrita pela J.K. Rowling sob o pseudónimo de Robert Galbraith, aguardava ansiosamente o lançamento deste segundo livro. De facto não desiludiu, mas sinto que faltou qualquer coisa, um factor revelação, daí não ter conseguido dar as cinco estrelas (embora se encontre lá perto)... Passo a explicar:

Um dos aspectos que mais surpreendeu no volume anterior foi o leque de personagens, nomeadamente o detective Cormoran Strike e a sua assistente Robin. Quem leu Harry Potter sabe que a autora tem uma capacidade única de criar personagens singulares e complexas e isto é algo que soube transpor para esta nova série, marcando assim uma grande diferença dentro do que é habitual nos policiais que são lançados hoje em dia. Se bem que isto se mantém brilhantemente em The Silkworm, ao ser o segundo volume este factor perdeu algum peso na minha classificação por já não ter sido o tal "factor revelação"...

Por outro lado, este caso foi mais interessante do que o primeiro, até porque gira à volta de um livro e do seu autor. Associado a um certo toque de macabro, desta vez nenhuma das minhas várias suspeitas foram acertadas (apesar de haver momentos que assim o sugeriam), mas no final a explicação não deixa quaisquer pontas soltas (uma correcção em relação ao anterior) e, em retrospectiva, verificamos que todas as pistas estavam lá, incluindo certos detalhes camuflados na caracterização do culpado. O próprio desenvolvimento do caso foi sendo realizado a um bom ritmo, com o levantamento de muitas questões e as respectivas respostas dos suspeitos, bem à maneira dos policiais da Agatha Christie.

É verdade que a falta de acção poder-se-ia tornar aborrecida, mas o desenvolvimento em paralelo de uma linha do enredo relacionada com os desafios na vida pessoal de Robin e Cormoran impede que isso aconteça e será, com certeza, algo que continuaremos a acompanhar nos seguintes livros da série.

De notar que não é estritamente necessário ter lido o primeiro volume antes de ler o segundo, apesar de ser obviamente aconselhável. Pondo de parte os efeitos pessoais reminiscentes de Quando o Cuco Chama, os comentários que existem e que fazem referência ao primeiro caso não revelam quaisquer detalhes da sua resolução.

Mais uma vez, J.K. Rowling demonstra que sabe escrever (e bem) muito além de Harry Potter e para o público adulto. Se gostam dos policiais clássicos e ainda não começaram a ler esta série, do que é que estão à espera?

Classificação: 4/5

quarta-feira, 9 de julho de 2014


Título original: The Final Empire

Sinopse:

Num mundo onde as cinzas caem do céu e as brumas dominam a noite, o povo dos Skaa vive escravizado e na absoluta miséria. Durante mais de mil anos, o Senhor Soberano governou com um poder divino inquestionável e pela força do terror. Mas quando a esperança parecia perdida, um sobrevivente de nome Kelsier escapa do mais terrível cativeiro graças à estranha magia dos metais - a Alomancia - que o transforma num "nascido nas brumas", alguém capaz de invocar o poder de todos os metais. Kelsier foi outrora um famoso ladrão e um líder carismático no submundo. A experiência agonizante que atravessou tornou-o obcecado em derrubar o Senhor Soberano com um plano audacioso. Após reunir um grupo de elite, é então que descobre Vin, uma órfã skaa com talento para a magia dos metais e que vive nas ruas. Perante os incríveis poderes latentes de Vin, Kelsier começa a acreditar que talvez consiga cumprir os seus sonhos de transformar para sempre o Império Final…

Opinião:

Mais uma vez este é um livro (primeiro de uma série) com muito hype à mistura e amada e aclamada pelos fãs da Fantasia. Quando a Saída de Emergência anunciou que ia ser publicada adicionei-a logo à minha lista de compras, regressando a um género do qual ultimamente me tinha afastado... É caso para dizer que a leitura valeu a pena.

Para começar, a primeira coisa que salta logo à vista e que penso que o diferencia de muitas outras histórias no género é a Alomancia. Numa sociedade dividida em nobres e skaas (semelhantes a escravos), existem indivíduos com a capacidade de utilizar certos metais para fins específicos, na medida em que cada um deles é o combustível para executar certos poderes. Por exemplo, o latão permite acalmar as emoções, mas o zinco faz o contrário. É deveras um sistema bastante interessante, até porque este tipo de magia acaba por torna-la limitada, uma vez que os próprios metais são um recurso limitado.

Por outro lado temos as personagens. Além das várias personagens secundárias (que não deixam de receber suficiente atenção e que são igualmente interessantes), é impossível não sermos cativados pelos nossos protagonistas. Kelsier é a personificação do que um bom líder deve ser, quer nos bons, quer nos maus momentos, e Vin, que começa por ser uma inocente aprendiz, vai evoluindo para uma pessoa determinada e corajosa.

Porém, devo dizer que, para mim, aquilo que não tornou este livro um livro cinco estrelas foi o ritmo na parte intermédia. Com mais de 600 páginas, reconheço que tive alguma dificuldade em avançar na leitura nalgumas partes do meio, dada a falta de acção e o pouco desenvolvimento no argumento. Penso que essa parte podia ter sido condensada de melhor forma. Contudo, tanto o início como o final do livro são bastante fortes.

Não excedeu as expectativas, mas mesmo assim fiquei bastante curioso em saber o que acontecerá a seguir, pelo que é uma série a continuar. Se gostam do género, é um livro que recomendo sem reservas!

Classificação: 4/5

terça-feira, 17 de junho de 2014


Título original: Incantation

Sinopse:

Estrella deMadrigal pensava que sabia quem era: filha, neta, irmã, melhor amiga, amada. Ela é a Estrela no Céu Nocturno, a Verdade no meio da Escuridão. Mas, em Espanha, neste século cruel e impiedoso, a verdade é um bem precioso e raro. Os judeus que recusam a conversão ao Cristianismo arriscam tudo o que têm: o amor, a vida, a família e a fé. A certa altura, uma descoberta espantosa abala profundamente a existência de Estrella. E no entanto, esta mudança devastadora é provocada por algo pequeno e doce. Um beijo. O beijo de alguém que Estrella está proibida de amar. À medida que uma nova rapariga emerge do casulo de segredos no qual foi criada, a paixão desponta e a amizade desmorona-se - a traição acaba por libertar um monstro maligno das profundezas da terra. Estrella dá por si numa situação que nunca julgou ser possível; é alguém que nunca imaginou ser.

Opinião:

Este livro, que custou apenas um euro e meio, lê-se de um só fôlego, não só pela sua reduzida dimensão (157 páginas) como pela escrita da autora, que é fluida e cativante, simples mas bela. Contudo, sofre precisamente de ser demasiado curto.
Se por um lado o argumento reflecte bem os horrores da perseguição religiosa e da Inquisição, por outro acaba por ser bastante simples e previsível. Um maior desenvolvimento teria sido bastante benéfico, inclusive devido ao final.
Já as personagens estão bem construídas e facilmente sentimos empatia por elas, nomeadamente pela protagonista e pela sua família.
Vale a pena ler pelo preço em que se encontra.

Classificação: 3/5

sábado, 31 de maio de 2014


Não editado em Portugal.

Sinopse:

Norman Bates loves his Mother. She has been dead for the past twenty years, or so people think. Norman knows better though. He has lived with Mother ever since leaving the hospital in the old house up on the hill above the Bates motel. One night Norman spies on a beautiful woman that checks into the hotel as she undresses. Norman can't help but spy on her. Mother is there though. She is there to protect Norman from his filthy thoughts. She is there to protect him with her butcher knife.

Opinião:

Este é o livro que deu origem a um dos grandes clássicos da Sétima Arte e a um dos melhores trabalhos de Sir Alfred Hitchcock, o "Mestre do Suspense". Diz-se mesmo que o realizador, após ter pago 11 mil dólares na compra dos direitos de adaptação, comprou todos os exemplares disponíveis no mercado para que ninguém soubesse o final! Quer tenham visto ou não o filme, o que é certo é que já deverão ter tido um primeiro contacto com ele, nem que seja através desta arrepiante melodia ou mesmo através da famosa cena a que pertence...

Sendo dos meus clássicos preferidos, conheço bem a história, pelo que parti para a leitura do livro mais por curiosidade do que propriamente para ser surpreendido (o que efectivamente não aconteceu). No entanto, não deixou de ser uma boa leitura.

Ao contrário do que possa parecer ao início, o protagonista acaba por ser, sem sombra de dúvida, Norman Bates. Todos as outras personagens, algumas com um papel mais relevante do que outras, são meros actores que fazem convergir a história, mais ou menos linear, num final psicologicamente surpreendente.

Tenho noção que o que disse é muito, muito pouco, mas é impossível falar muito mais do argumento sem entrar em spoilers. Só posso dizer que, na minha opinião, o filme é extremamente fiel à obra original, embora este acabe por funcionar melhor devido à forma como é aproveitada a componente visual. Aliás, o livro pouco acrescenta, a não ser alguns pormenores do passado de Norman e da mãe. A única diferença que notei foi a sua caracterização física e, mesmo assim, penso que a versão cinematográfica combina melhor com a personagem.

Mais do que o livro, recomendo-vos o filme. Se ainda não viram, quanto menos souberem da história e das personagens melhor. Carreguem directamente no play.

Classificação: 3/5

sábado, 17 de maio de 2014


Título original: Das Parfum: Die Geschichte eines Mörders

Sinopse:

Esta estranha história passa-se no século XVIII e há todo um extraordinário trabalho de reconstituição histórica, não só da época e das mentalidades como do ofício de perfumista, que então era particularmente valorizado e que estava a cargo de artesãos especializados. O autor conduz o leitor de página em página, de odor em odor, de perfume em perfume, enebriando-o, arrebatando-o nessa alquímica busca do Absoluto que é a do seu personagem: a busca do perfume ideal, isto é, a forma suprema da Beleza. Nesta busca nada deterá Jean-Baptiste Grenouille - que nascera no meio dos mais nauseabundos fedores, numa banca de peixe -, nem mesmo os crimes mais hediondos. Este personagem possui no entanto algo de extremamente inquietante, a sua própria incorrupta pureza. É o primeiro romance publicado por Patrick Süskind, um alemão nascido na Baviera, que até aqui escreve uma única peça para o teatro. Com O Perfume, Süskind emergiu meteoricamente do anonimato. A crítica internacional dos mais diversos sectores tem-no distinguido como um dos mais importantes romances desta década, constituindo este livro um dos mais assombrosos casos de bestseller dos últimos tempos, em todo o mundo.

Opinião:

Este livro foi o foco da minha primeira leitura conjunta e devo dizer que foi um excelente ponto de partida dada a discussão de ideias que originou. Juntamente com a Cata do Páginas Encadernadas e com a Catarina do Little House of Books, verifiquei aquilo que já suspeitava quando andava à procura no Goodreads: este é um daqueles livros que suscita opiniões muito díspares, um daqueles casos em que é notória a necessidade de tirar as suas próprias conclusões, uma vez que a experiência da leitura contrasta bastante de pessoa para pessoa. Pessoalmente, não estava à espera de gostar tanto.

Para começar, aquilo que mais me prendeu foi a escrita do autor. De modo geral não gosto de estilos muito descritivos mas esta foi a excepção à regra. A forma como descreveu cada um dos odores que iam surgindo, fielmente e sem adornos, não se tornou nada cansativa e facilita ao leitor a capacidade de se envolver nesse ambiente, enriquecendo a narrativa apesar do ritmo lento e da falta de acção.

Em relação às personagens, a verdade é que dificilmente somos capazes de sentir qualquer empatia com quem quer que seja. Se por um lado temos aquelas que servem de meros actores no caminho de Grenouille - não deixando no entanto de entrever uma certa profundidade através das suas motivações e das suas filosofias de vida -, por outro o nosso protagonista, o nosso assassíno, é uma personagem bastante distante e fora do comum. Isto é, aliás, algo indiciado logo no início devido à sua falta de cheiro, uma característica que, no contexto do livro, considero uma alegoria para uma carência muito mais relevante e íntima, a de não possuir qualquer emoção ou afecto face àqueles que o rodeiam.

Servindo-se da sua capacidade de distinguir os mais ínfimos aromas, o seu único propósito de vida será criar o perfume perfeito, aquele que representará a Beleza no seu estado puro e absoluto, o que acaba por conduzir a um final cujo significado pode estar aberto a discussão. Na minha interpretação pessoal, penso que remete para o perigo que é viver obcecado com sentimentos utópicos, viver sem ter consciência de que nada nem ninguém pode ser perfeito ou tal e qual o idealizamos e para o quão efémero costuma ser o valor que damos aos nossos desejos materiais a posteriori. 

Outro aspecto que me agradou bastante foi a clara manifestação do destino. Será que este já se encontra traçado ou somos nós que o vamos construindo no nosso dia a dia? O autor deixa clara a sua posição, adicionando inclusive uma aura de ironia.

Dito isto, O Perfume foi bem diferente do que estava à espera. O subtítulo (História de um Assassino) pode mesmo ser considerado um tanto enganador porque se estão à procura de um thriller em que as mortes sejam minimamente descritas este não é o indicado. Mesmo assim recomendo a leitura. Não prometo que vão gostar a 100%, mas de certeza que não vos deixa indiferente. 

Classificação: 5/5

sábado, 12 de abril de 2014


Título original: Half Bad

Sinopse:

Uma estreia literária surpreendente, plena de magia. Um livro que é um fenómeno internacional.
Na Inglaterra dos nossos dias, bruxos e humanos vivem aparentemente integrados. Na realidade, os bruxos têm a sua própria sociedade secreta, as suas regras e a sua guerra, que divide os Bruxos Brancos, considerados «bons», e os Bruxos Negros, odiados e perseguidos pelos Brancos. O herói, Nathan, é filho de uma Bruxa Branca e de um Bruxo Negro e, portanto, considerado perigoso. Nathan é constantemente vigiado pelo Conselho dos Bruxos Brancos desde que nasceu e aos 16 anos é encarcerado e treinado para matar. Mas Nathan sabe que tem de fugir antes de completar 17 anos e a sua determinação é inabalável.
Half Bad é o romance de estreia de Sally Green e o primeiro volume de uma nova trilogia do género fantástico aguardado por todo o mundo com grande expectativa.

Opinião:

O hype em volta deste livro foi tão grande que a tradução saiu uns dias após a versão original e a  Fox já detém os direitos para uma adaptação cinematográfica. De facto, a sinopse dá a entender um argumento que faz as delícias daqueles que esperam uma nova saga repleta de magia e de feiticeiros, após anos e anos à espera do sucessor de Harry Potter. Este não é, infelizmente, aquele livro.

Apesar de partir de uma premissa muito interessante e ter um bom ritmo na primeira metade do livro, um ritmo que possibilita conhecer aos poucos o nosso protagonista, Nathan, e a sua experiência de vida, na segunda metade apresenta um ritmo demasiado acelerado mas não frenético. Passo a explicar-vos: não é que seja de uma acção desenfreada e com momentos "wow!". Ao invés disso, tudo o que acontece - novas personagens, novos cenários -, são apresentados de forma tal que senti alguma dificuldade em seguir o rumo da história, o que, por outro lado, impediu que se estabelecesse qualquer ligação emocional com as personagens. Confesso que o meu interesse decaiu surpreendentemente...

Contudo, a primeira metade é, como disse, bastante interessante e apresenta-nos um ambiente original, uma sociedade mágica com regras rígidas, preconceituosa e de certo modo racista, dividida em labels associadas ao sangue, uma associação que é, de facto, enganadora quanto ao carácter de cada indivíduo.

Este é, na minha opinião, um livro que está longe do memorável, mas sendo o primeiro da trilogia e da própria autora, acredito que tem os ingredientes necessários para melhorar nos próximos volumes. Basta aperfeiçoar a receita.
   
Classificação: 3/5

sábado, 29 de março de 2014


Título original: The Shining

Sinopse:

Jack Torrance vê-se forçado a aceitar um trabalho como zelador de Inverno do Overlook, um enorme hotel nas montanhas do Colorado, um lugar que queda absolutamente isolado pela neve entre Novembro e Março. Embora a vida nessas condições de isolamento não pareça fácil, para Jack é uma oportunidade perfeita para reconquistar a sua mulher Wendy e o seu filho Danny, e para retomar o seu trabalho de escritor. Mas a família não está exactamente sozinha no Overlook. Os terríveis acontecimentos que sucederam no hotel no passado vão-se assenhorando lentamente do presente dos seus novos ocupantes até os levar a uma situação aterradora, da qual talvez nenhum deles possa escapar...

Opinião:

A Luz é uma presença constante em qualquer lista dos mais conceituados livros de Stephen King. Foi inclusive adaptado ao cinema em 1980 pelas mãos de Stanley Kubrick, tendo Jack Nicholson no papel principal, filme esse considerado por muitos como um clássico. Já estava na minha lista de espera há imenso tempo mas, chegado ao fim, apenas fiquei com um sentimento de desilusão.

Ao contrário do que aconteceu com outras leituras do mesmo autor, deparei-me com uma grande dificuldade em deixar-me levar pela história. Não que a escrita seja muito complexa ou até mesmo má: muito pelo contrário, o estilo de King mantém-se. O problema foi o ritmo. Os eventos mais significativos demoravam demasiado a surgir e, quando surgiam, eram quase instantâneos (embora efectivamente arrepiantes, bem à maneira do autor). Mais de metade do livro podia ter sido condensado de melhor forma, o que arrastou demasiado a leitura.

Contudo, é igualmente verdade que pouco a pouco a relação entre as personagens foi evoluindo de forma subtil até o clímax que, apesar de não ter estado muito aquém do esperado (mesmo não tendo visto o filme), foi o suficientemente interessante para ter valido a pena chegar até aí.

Destaco ainda os capítulos sob a perspectiva de Danny, o filho de cinco anos, que foram aqueles que mais interesse me suscitaram, não só pelo seu dom mas porque o autor conseguiu descrever fielmente a forma de olhar o mundo de uma criança dessa idade confrontada com situações como o divórcio, o alcoolismo ou o próprio medo.

Tendo ficado muito aquém das expectativas, a minha opinião sobre A Luz está em contra da opinião popular. Definitivamente não é dos meus livros preferidos de Stephen King, mas ainda assim pretendo ler a sua recente sequela, Doctor Sleep.

Classificação: 3/5

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