Apetece-me chorar por ti... porque já foste
há tantos dias e nunca mais voltas!
eu sei que ainda foram só umas horas mas já dói tanto
deixaste-me no vazio dos abraços incompletos
que indiciavam marés e prometiam noites
com o vagar da ternura das nossas lágrimas silenciosas...
E de tantas horas que tínhamos juntado juntos
erguemos um mar nosso, incomensurável
poderoso e com estatuto próprio de um mar que o amor fez
com a água translúcida dos teus olhos perdidos no verde cinzento
com o sal que seca no corpo depois do suor do amor
e do riso partilhado atropelado pelo prazer que faz
derreter os ossos, ficando as pernas bambas, os braços
lassos...
molhados pelos beijos que o corpo pede na loucura
no desejo cego de não nos perdermos outra vez...
pele com pele, lábios, os corpos a darem-se frutos
a florir...flores vermelhas a brotar e a encher o mar
uma explosão potente da natureza no seu mais belo expoente,
o amor, o amor ardente, puro, capaz de mover montanhas
e de criar mares imensos, como o nosso...
onde a todas as horas do dia e da noite e em vigília
permanente
nascem e se balanceiam as flores vermelhas e efémeras
à tua espera, sempre à espera que venhas nas marés vivas
de final de Verão, Estação que não combina com os teus olhos
espero -te lá pelo Outono sempre junto ao nosso mar
já sei que virás com o tom cinzento nos olhos transparentes
Já sei que trazes as mãos vazias e o coração pronto para
ficar...