29.12.11
Tempo
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Tempo
A
passagem dos anos trouxe ganhos técnicos e científicos inquestionáveis, mas
também nos limitou em nossas fantasias de liberdade e poder, pois, se por um lado saber dos malefícios de várias ações e evitá-las aumentou nossa expectativa de vida, por outro, dizimou o prazer genuíno do prato irrestrito nos almoços de domingo e das fritas
com cervejinha no final da tarde acompanhadas de um, perdoem-me colegas da
saúde, bom cigarro! Filtro branco, light, uma tragada trazia o mundo e expelia nossos demônios!
Agora não se fuma, não se bebe, não se experimenta um doce sem avisar a todos que se está furando a dieta. E quanto ao sexo livre? Li uma
coluna maravilhosa da Danusa Leão que falava sobre a liberdade sexual do tempo pós-pílulas
e pré-hiv e lembrei da minha geração. Intervalo entre os anos 80 e 90, em que a sombra da AIDS era difusa e as pessoas ainda se permitiam aventuras que, hoje sabemos, nem sempre resultaram
em saúde. Na
verdade, os enamorados, ainda hoje, se permitem tais transgressões atribuindo ao ser-amado uma
total devoção que muitas vezes também não resulta em saúde. Ao longo dos anos - nem
tantos assim - em minha prática clínica tenho me deparado com os resíduos desta
devoção: homens e mulheres com total acesso a informações que por um "descuido" submeteram suas vidas a um cuidado perene daquilo que um dia foi difuso e hoje
se traduz em medicações fortes e cautela no viver!
Mas a história destes transgressores, humanos e tão próximos a nós mesmos,continua. Bela e colorida. E precisa ser desta forma, pois a
passagem dos tempos nos trouxe muito avanços importantes, principalemnte aqueles que nos ajudam a lidar melhor com o que nossas, ainda persistentes, fantasias nos levam a fazer! Ah, os impulsos...
"Posso resistir a tudo, menos às tentações"
Oscar Wilde Labels: Aids, Impulsos, Tentações
Rabiscado por Caila às 11:41 AM
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28.12.11
De volta à casa
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Grav Weberson Santiago
Retorno a esta casa depois de tantas andanças, de muitas fraldas e papinhas, com o tal peso que outrora carreguei comigo- último aforsimo postado e que fazia referência a leveza que o mesmo me trazia - já estar com quase quatro anos de idade e se apresentar como uma menina linda, alegre, espirituosa e a quem sou profundamente grata por mostrar que o amor é, sim, infinito, assim como a força de uma mulher ao se ver como mãe o é.
Volto mais serena, mas não menos intensa em minhas reflexões e desejos. O peso da idade também me faz acreditar que fico mais leve a cada minuto que vivo.
Passei por alguns links de blogs amigos, muitos já não existem. Outros estão parados, não sei se esquecidos, mas as datas remontam os velhos tempos em que este espaço estava sempre com "visitas" e em que eu conseguia trazer paea cá minhas inquietações e execessos!
Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.
Humberto de Campos pseudônimo deFernando Pessoa Labels: Filhos, Reflexões, Retorno
Rabiscado por Caila às 6:44 AM
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3.8.07
Apenas um aforismo...
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Cris Carriconde Apenas um aforismo...
O peso que carrego me torna cada vez mais leve
Rabiscado por Caila às 3:21 AM
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14.7.07
...
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Tristeza
Amplia o peito para que possa caber
inteira nele
Petrifica a alma
E me faz querer partir
Só
Somente as reticências permanecem Silenciosas Aguardando que alguém dê continuidade à obra
Rabiscado por Caila às 3:53 PM
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12.2.07
El flujo del amor
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El flujo del amor
Semáforo vermelho. Parou o carro acomodando-se em uma fila de veículos que se avolumava. Ohou pela janela displicente pensando em como atravessaria a cidade em quinze minutos para sua próxima reunião. Sempre morara em uma região central da cidade, mas após o casamento optara por um município vizinho mais tranqüilo e arborizado. Naquela manhã estava atrasada e ainda tinha que passar na casa de sua mãe antes de chegar ao seu destino.
No rádio, uma melodia suave embalou seu pensamento para longe. Lembrou do príncipe sentiu saudades da intensidade de outrora e desejou manipular o tempo para ao menos mais uma vez sentir seu cheiro. Ao seu lado sentia-se leve e aventureira. Tantas viagens não combinadas e surpresas que tivera! Juntos sempre divertiam-se muito. É verdade que nunca conseguira fazê-lo cumprir os horários combinados e nem estabelecer uma relação do tipo "almoço de domingo em família", mas pensava ser exatamente a instabilidade que o tornava tão atraente.
Orbitavam seus mundos tocando-se com uma intensidade que ela nunca havia experimentado e extasiados traçavam planos que nunca chegaram a concretizar.Por que ela tivera que optar? Pensou enquanto tentava distrair a dor que surgira em seu peito ao pela falta que o príncipe fazia.
Olhou pelo retrovisor aquela pele rosada em traço perfeitos adormecidos na cadeirinha e sorriu. Permitiu-se relaxar no banco feliz por seu marido e a vida que juntos construiam. Arrumou os cabelos e em voz alta deixou escapar:
- Príncipes jamais têm filhos, eis minha respota!
Semáforo verde, seguiu com o carro assim como fizera com sua vida!
"Não se admire se um dia Um beija-flor invadir a porta da sua casa Te der um beijo e partir Fui eu que mandei o beijo Que é pra matar meu desejo Faz tempo que eu não te vejo Ai, que saudade d'ocê"
Geraldo Azevedo
Rabiscado por Caila às 6:02 AM
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26.11.06
Luzes
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Ana Ravazzolo, Árvore
Azul
Vermelho Verde Amarelo... Azul
Vermelho Verde ... Pifou o amarelo
Puxa, troca, ajeita, começa novamente
Azul Vermelho Verde Amarelo...
Pisca
meu coração na árvore de natal
Rabiscado por Caila às 9:59 AM
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14.11.06
Entardeço
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Ana Ravazzolo, Entardecer de primavera
Corpo frágil Alma a postos Gira mundo Em minha compressão Não mais o trem errado Mas a coluna em desalinho que avisa a nova estação Logo ali Os lilases das flores miúdas Recordam-me o quanto gosto das janelas Do amanhecer e do apagar das luzes Mundo gira Fecho os olhos Adormeço
Rabiscado por Caila às 6:04 PM
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