Tempo
A
passagem dos anos trouxe ganhos técnicos e científicos inquestionáveis, mas
também nos limitou em nossas fantasias de liberdade e poder, pois, se por um lado saber dos malefícios de várias ações e evitá-las aumentou nossa expectativa de vida, por outro, dizimou o prazer genuíno do prato irrestrito nos almoços de domingo e das fritas
com cervejinha no final da tarde acompanhadas de um, perdoem-me colegas da
saúde, bom cigarro! Filtro branco, light, uma tragada trazia o mundo e expelia nossos demônios!
Agora não se fuma, não se bebe, não se experimenta um doce sem avisar a todos que se está furando a dieta. E quanto ao sexo livre? Li uma
coluna maravilhosa da Danusa Leão que falava sobre a liberdade sexual do tempo pós-pílulas
e pré-hiv e lembrei da minha geração. Intervalo entre os anos 80 e 90, em que a sombra da AIDS era difusa e as pessoas ainda se permitiam aventuras que, hoje sabemos, nem sempre resultaram
em saúde. Na
verdade, os enamorados, ainda hoje, se permitem tais transgressões atribuindo ao ser-amado uma
total devoção que muitas vezes também não resulta em saúde. Ao longo dos anos - nem
tantos assim - em minha prática clínica tenho me deparado com os resíduos desta
devoção: homens e mulheres com total acesso a informações que por um "descuido" submeteram suas vidas a um cuidado perene daquilo que um dia foi difuso e hoje
se traduz em medicações fortes e cautela no viver!
Mas a história destes transgressores, humanos e tão próximos a nós mesmos,continua. Bela e colorida. E precisa ser desta forma, pois a
passagem dos tempos nos trouxe muito avanços importantes, principalemnte aqueles que nos ajudam a lidar melhor com o que nossas, ainda persistentes, fantasias nos levam a fazer! Ah, os impulsos...
"Posso resistir a tudo, menos às tentações"
Oscar Wilde
Labels: Aids, Impulsos, Tentações