domingo, 21 de dezembro de 2008

O Estágio Último

É a ausência em sua completeza
Que me pulsa, antecipadamente
Anacrónica, ascende, ardentemente
Uma hipócrita necessidade, uma incerteza

Há de se considerar a dor:
Sobrevivência
Dela nasce o ódio, o amor
Nela cresce o homem, em veemência

Mas a inércia em seu último estágio
Destrói qualquer mínima partícula assumida
Pois uma vez de si própria tão próxima
É tão distante, é escondida

Não mais a vida
Para tal sensação
Isolamento, sólido sentimento
Ego que grita: intenso tormento!

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

O Ato

Retraía-o,
Tentando aniquilar a espontaneidade
Envolto em si por si só, já existente
Dissipando-se robusto, mutante
Assumindo forma delirante
Alcançando a anarquia eminente

Danoso,
Intitulava-se o tal
Nocivo ente inconsciente
Futuroso vulgar, claro e evidente
À moda do que penetra ingenuamente
N'um mero suspirar matinal

Além do corpo, de traços frios e desconhecidos,
Além de toda breguice libertina e febril
Além da falsa insistência ardil
Possessão precipitante!

Não descansará enquanto não destruir
O já servil sentimento enfermo
Correndo ágil, tirano em escravizar
Decorrendo do vício ecoante de entoar
A consciência para o vizinho desespero.

Típica contradição:
Se a distância fosse-nos real
Em canal, fluxo não haveria
Correria frieza em demasia
Um funesto manifesto, uma ilusão!

A terra! Pois pura
Há de cessar rubra.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Transporta Evocativa

Tal como se fosse forçoso: e é
Inverti o desejo
Ave caos

Mergulho na fantasia mais tenebrosa,
Afogo-me... é por conta própria
Saudações!
Salvem o útero, mãe, nebulosa, invisível.

É que encontro-me cercado
E há muito não sinto - temo
Horas, pequenos instantes de segundos - tempo
Há imprudência, sou diminuto.

Caiu-me agora; só assim me toquei
Proclamo liberdade à guisa de saída
Aí conheço o limite,
Contíguo à saída.

Na fresta do sentimento encontro
Escorre contente
Estrangeiro aparente
Mas é natural e incomodo.

Tenho que ser sincero:
De tuas intenções duvido
Pois vens-me assim
Obscuro, promissor, inimigo.

Eu te permito...

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Superfluidade: Primeiro as Traças

Não escapas quando quero
Definhas em plena continuidade
Hesito

De
Que
Vivo
Não te importa:
Vivo

Sem falhas
Apenas elas:
Primeiro as traças...

Ações sem palavra alguma
Livre de relevâncias
Profundas esperanças
Sentido de dois: corrente única - redundância!

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Praça

O teu Negro!
É o alarde
Vens,
Em devasta sincronia

O mais estranho é o não prosseguir
Quando somos rendidos em tão perfeita precisão
Nossa desistência não é tímida em ouvir
Respostas cruéis que nascem da reprovação!

Pois como negar tamanha vida e depor?
Deveríamos findar tal sentimento!
Vivemos jazendo e morremos com horror
Morreremos de tanto negar, morremos com lamento!

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Vinte e Dois

Pela manhã logo cedo:
Primeiro passo; pé esquerdo
Destino há muito traçado,
E aquele sentimento vil recém-guardado...

Escondido, reprimido
Calado, adormecido
Algum já o havia intrigado:
Verde, negro, apavorado!

Ao soar de lábios estranhos, palavras;
Inspirou agudamente como nunca antes,
Sentiu-se, pois, inerte e ofegante
Era apenas o seu próprio e único canal:
Reflexão, dúvida, negação à moral!

Pôs-se logo a caminhar breve
Tinha em mente somente um destino:
Alcançar os braços que em outrora eram Lar
Mas que no novo momento o podia desamparar

Então viu a esbranquiçada face à sua frente,
Ainda que transbordasse de razão não tinha coragem
Para ele a face ainda era inocente
Não fora capaz de tamanho ato indigente!

Tropeçava nas sílabas, letras, consoantes
Nunca se imaginara naquele instante
O início interromperia-se ainda recente:
Aquela resposta ouvira pálido,
Mesmo que previsivelmente

Então o coração bateu congelado, dilacerado!
Uma confirmação nunca soara tão mísera
Os sentidos transformaram-se atormentados,
Notícia mal aceita pelas vísceras

Levantou-se lacrimoso sem nenhum honor
Aspirava na verdade a ser uma Condor:
Voaria com Liberdade, para longe dali e sem temor

Faltava-lhe coragem!

Vitimo - Com palavras afetuosas tomou novo rumo,
Caminhou ainda que nada visse além
Em casa partiu ao quarto, brusco
Deveria compartilhar com alguém!

O tempo nunca passara tão lento e impiedoso...

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Insónia dela própria

A noite, como febre ardia
Tormento que transformo em poesia
Quem sou eu p'ra me dizer poeta?

Ao deitar, o sono interrompe
Faz presente por se repetir
Não fecho os olhos por não me permitir
Essa insónia de não sei de onde!

Se buscar, na verdade conhecerei
O incomodo é sabido
Esse incoviniente intrometido
É a própria poesia que eu sei!