orações para bobby (
prayers for bobby) é baseado no livro de mesmo nome, escrito pelo jornalista
leroy aarons, fundador da
national lesbian and gay journalists association. um filme que todos deviam ver e mostrar para suas famílias e amigos.
uma história real, brilhante e comovente, que fala de
bobby griffith (
ryan kelley), um garoto americano, e a sua relação com a família ao revelar sua orientação homossexual. sua mãe
mary griffith (
sigourney weaver), fiel à religião, pouco informada e cheia de preconceitos, vai fazer de tudo para "ajudar" e curar" o filho: arruma psicóloga, apresenta meninas e até mesmo insiste com o ensino religioso e as orações para que esses pensamentos saiam da cabeça dele.
tudo isso vai servir para deixar o rapaz mais confuso e dificultar sua autoaceitação. começa então uma luta contra si mesmo e, não aguentando a pressão psicológica, ele toma uma atitude radical e trágica.
aí então é que o filme realmente começa, mostrando como essa mãe vai tentar amenizar sua culpa e procurar entender o que seu filho "pecador" tinha. para isso vai ser preciso rever conceitos, se reposicionar e repensar opiniões e crenças.
em busca de respostas, ao mexer no quarto do filho, ela encontra um diário que diz:
“eu não posso deixar que ninguém saiba que eu não sou hétero. isso seria tão humilhante. meus amigos iriam me odiar com certeza, poderiam até me bater. na minha família já ouvi várias vezes eles falando que odeiam os gays, que deus também odeia os gays. fico apavorado quando escuto minha família falando desse jeito, porque eles estão realmente falando de mim.”
infelizmente muitos gays se identificam com isso pois já se sentiram assim, como se essa condição fosse algo ruim, desprezível e que devesse ser escondida. escutam pessoas exteriorizando sentimentos ruins, de mau gosto e intolerantes, sem se preocupar com quem está por perto, sem se preocupar quem está ouvindo e qual o efeito disso.
se a pessoa do seu lado sofre em silêncio com sentimentos conflitantes dentro dela, como essas palavras serão recebidas? escutar que o que você sente é errado ou é pecado, mata sua autoestima, sua autoconfiança, seu senso de valor e seu amor próprio.
ainda bem que dessa história vai nascer a esperança e a luta para evitar que outros jovens se sintam igualmente pressionados pela sociedade, religião, família e para que saibam que não estão sozinhos e que há pessoas em defesa deles e de seus direitos.
é sobretudo um filme lindo, humano e intenso. o discurso da mãe e o gesto final mexem com a gente e emocionam (eu choro sempre que revejo), seja pelas palavras dela ou pela interpretação da
sigourney weaver, que é muito verdadeira.
pra mim este é o melhor filme que aborda o sofrimento que muitos gays sentem ao se confrontarem a primeira vez com este sentimento e as dificuldades e medos de falarem abertamente e naturalmente sobre isso. além de mostrar o impacto que a ignorância e o medo da palavra "gay" pode ter sobre uma família.
* releia aqui uma atitude recente e exemplar de uma outra mãe americana e também esta história aqui de como simples palavras podem afetar alguém.