Não
simpatizo com pessoas que falam alto ao telemóvel. Sim, estou a falar daquele
tipo de gente que acha que deve utilizar na conversação um nível de decíbeis
proporcional à distância a que o receptor está de si. O que acaba por suceder,
é que a pessoa fala para o telemóvel como se tal objecto fosse um idoso
octogenário sem aparelho auditivo, fazendo inevitavelmente com que todas as
pessoas à sua volta ouçam a conversa.
Acontece
que se eu quisesse saber da vida dos outros, lia aquele tipo de revistas que
vocês, pessoas simples e pouco instruídas, tanto apreciam, e que para alguém
letrado como eu, não passam de literatura para arrear o calhau. Arrear o
calhau.. no pinhal. Porque em casa sempre tive papel higiénico, e nunca precisei de limpar o meu escultural rabo a uma página de revista que dê conta do novo hit musical de uma ex-concorrente da Casa dos Segredos, com um indivíduo africano. O meu rabo merece melhor que isso. Merece um papelinho mais suave, e de folha dupla. Vá, agora parem lá de pensar no meu rabo. Ladies, hold your orgasms please!
Eu
pertenço a outro leque de pessoas quando falo ao telemóvel: àquelas que percorrem
para aí 8 Km’s, às voltas, de um lado para o outro, enquanto estão a falar com uma pessoa que está a 2 Km’s de distância, em linha recta. O que, vendo bem
as coisas, também é um bocado parvo. Não sei porque é que isto acontece. É
instintivo. E ao mesmo tempo uma questão de respeito pelo objecto, já que ele
se chama “telemóvel” e não "telenãomexasapeida". Mas é igualmente uma questão de saúde e bem-estar.
Senão vejamos: se
vocês fizessem o mesmo, talvez estivessem um bocadinho mais magros. Sim, porque com esses bandulhos a que chamam "barriguinha", bem podem andar duas vidas a mamar daqueles sumos de espinafres com kiwis, que a coisa não vai lá.