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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Mais um almoço.

Em primeiro lugar, gostaria de pedir desculpas. Com o post de ontem, minha intenção nunca foi atrapalhar a dieta de ninguém, provocar desejos e muito menos deixar as pessoas com fome. Àqueles que sofreram de algum desses sintomas: foi mal.

Em segundo lugar, durante meu almoço com o seu Antônio, o velhinho da contabilidade, me senti meio mal por estar contaminando ele com colesterol. Ou, pelo menos, por desviá-lo de sua sopinha. Portanto, assim que sentamos, resolvi amenizar um pouco a situação. Ele bem que tentou pedir uma cerveja, mas eu lhe disse que, apesar de compartilhar o apreço por esse delicioso líquido, seria moral e socialmente condenável beber durante o expediente. Funcionou. Depois, discretamente, dispensei as batatas e a farofa que acompanhavam o frango e pedi uma salada dupla, a qual dividimos. Ainda estava pensando em uma maneira de convencê-lo a tirar a pele do frango quando me dei conta de que, se fizesse isso, talvez ele acabasse preferindo a sopinha que trouxera de casa. Outra preocupação era de que meu colega contador percebesse que estou de dieta quando me visse comendo apenas frango com salada. Como ele comeu a mesma coisa que eu, esse problema estava resolvido. Se bem que duvido que ele tivesse percebido, mesmo com outra configuração dos pratos. Estava entretido demais contanto histórias da sua vida de contador. Pra falar a verdade, algumas até que bem interessantes.

Em terceiro lugar, o frango estava, como eu sabia que estaria, seco e muito temperado e a salada, mal lavada, como em todo boteco. Porém, estava tudo delicioso e foi um dos melhores almoços dos últimos tempos. A vontade era tanta depois de passar a manhã inteira sonhando com aquele galináceo rodando no forno que, se tivesse vindo queimado acho que estaria bom igual.

Em quarto lugar, tenho uma balança de novo. Sabe, gosto muito mais dessa nova do que da antiga. Ela é mais bonita e está mais limpa, mas esse não é o motivo. Gosto mais dela porque ela me da um peso menor! Falta uma semana para chegar em meu prazo final para perder dez quilos e faltam apenas 900 gramas para minha meta. Isso vale 128,57 gramas a menos por dia. Será que vou conseguir?

Em quinto lugar, tenho que sair para almoçar, de novo. Hoje, sem botecos baratos. Vou a um restaurante na Haddock Lobo quase com a Estados Unidos, naquele quarteirão onde ficam alguns dos melhores restaurantes de São Paulo. É claro que não posso pagar por um almoço num lugar desses, mas vocês se lembram que terça-feira fui numa reunião? Pois é, pelo jeito o cliente chamou a chefona para conversar durante o almoço e minha querida chefona me chamou pra ir junto com ela. Sim, esses são os bons tempos. Tá certo que um pequeno desespero toma conta de mim nesse momento já que ainda não consegui imaginar nenhum jeito de manter a dieta durante as próximas horas. Mas até lá, vou pensar em alguma coisa. Espero. Enfim, deve ter um bom motivo para ela ter me convocado. Vou lá descobrir e depois, volto aqui para contar.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Estou de recesso?

Foi estranho acordar numa segunda-feira e não ter nada pra fazer. Enquanto tomava meu café, hoje sem creme, comecei a traçar os planos para o dia. Talvez uma caminhada, quem sabe até o Ibirapuera, com um bom livro na mochila. Podia até fazer um picnic no parque, levar uma garrafa térmica com meu chá verde e alguns legumes cortadinhos. Ou até mesmo algumas frutas. Depois, usufruir de minha mais nova panela à vapor. Um almoço bom, leve e, se tudo der certo, saboroso, acompanhado de uma bela soneca de sobremesa. E depois, poderia escolher qualquer coisa para não fazer.

Estava tudo decidido, um dia sem conexão com o mundo exterior. Pelo menos com o mundo exterior formado pelas pessoas conhecidas. Talvez fosse uma boa até desligar o celular. Mas não consegui encontrar o aparelho antes que ele começasse a tocar. Algo me dizia para não atender a ligação, que vinha de um “número desconhecido”, mas enfiei na cabeça que era apenas alguém desejando feliz natal atrasado e que o assunto seria resolvido em poucos instantes. Se o natal é a celebração do nascimento de uma divindade, coisas desse tipo não deveriam acontecer. Mas acontecem. Quem estava do outro lado da linha era o diabo. Tá certo que, aqui, o nosso amigo capeta é mais conhecido como chefinha, mas não dá pra diferenciar os dois. Chefinha é aquela que levou uma espetada do tridente mas acha que pode sair por ai espetando todo mundo. Enfim, um dos projetos deu problema bem na parte que só eu sei resolver por lá. O detalhe é que essa parte poderia e devia ter sido feita há um mês atrás, mas ele nunca passou por minhas mãos. Saí de casa, mas peguei o caminho oposto ao parque; subi a ladeira para a Paulista. Meu humor não estava nas melhores condições e só piorou durante a meia hora que fiquei esperando aparecer alguém no escritório. Apareceu a chefinha.

Ela mal me viu e começou a falar sobre o problema do trabalho, num ritmo de 250 palavras por minuto, sem demonstrar nenhum interesse em pedir desculpas por estragar o meu recesso. Ao invés de prestar atenção no que dizia, analisei seu corpo. É, parece que o natal foi farto para ela. Ou a camisa que usa quase todos os dias tinha encolhido ou era muito peru que estava empurrando aqueles botões. Eu não ia comentar nada, é claro, mas teve alguém que fez isso por mim. Mal tínhamos entrado quando a porta do elevador tornou a abrir e a chefona saltou de lá de dentro. Sua expressão mostrava que também não estava nem um pouco feliz por trabalhar hoje, mas uma mulher de classe como ela arranja tempo para cordialidade mesmo nas piores situações. Me agradeceu por estar lá e reconheceu que os problemas no projeto não tinham acontecido por minha culpa. Pouco depois, enquanto tomávamos um café feito por mim, a chefona voltou a se manifestar e me disse que há algum tempo percebia que eu estava perdendo peso, mas não entendia como era possível que eu tivesse perdido tanto peso durante o natal. Respondi, com um sorriso de ponta à ponta, que também não sabia, já que tinha comido à vontade durante as festas. A chefinha não conteve um grunhido.

Manhã perdida. Porém, muito bem vingada.

Olha o que eu ganhei! divido com vocês.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Almoço de fim de ano.

Agora foi o almoço coletivo de final de ano. Alguém bem que poderia perguntar como é que eu estou escrevendo às duas e meia da tarde, afinal de contas, não é plausível que uma festa que começou a uma já tenha acabado. Mas sim, já acabou. Quando cheguei no trabalho, descobri que o almoço coletivo seria feito por uma empresa e não era pra cada pessoa trazer uma coisa. Pois bem, eu trouxe. Só eu! Mas isso não vem ao caso agora. Lá pelo meio dia, fui pegar um café e dei de cara com o pessoal do buffet chegando. Não acreditei, era o mesmo buffet que tinha servido rondele na festa que me incumbiram de organizar há um tempo atrás. (post festança). Dado o resultado da experiência passada, mandei embora todas as esperanças de ter uma refeição agradável.

Estava voltando para minha mesa, sem nem falar com a mulher do buffet, quando quem aparece para recepcioná-los. Sim, ninguém mais ninguém menos do que a chefinha. Pra quem não sabe, chefinha é aquela que tem uma cereja, mas acha que é dona do bolo inteiro. Enfim, não acreditei. Como é que colocaram ela pra cuidar do almoço de final de ano? Tem certas coisas que acontecem e eu simplesmente não entendo. Mas aquilo não era problema meu. Voltei para minha mesa até que com uma certa disposição de dar uma segunda chance ao buffet. Quem sabe né?

Pois é, segunda chance coisa nenhuma. Deu uma da tarde e todo mundo começou a se dirigir, aos poucos, para a sala de estar do escritório, onde a comida estava servida. Ainda não tinha entrado na sala, muito menos visto a mesa, quando ouvi a voz esganiçada da chefinha, anunciando a todos, que, como ela estava de dieta, encomendou um almoço light e que seria bom pra todo mundo ter uma refeição saudável. Dei uma espiada nas pessoas em volta. Nenhum dos rostos parecia muito animado com a noticia. Pois bem, eu estava. Meu problema estava resolvido! Não que ache certo alguém tentar impor aos outros o que eles devem comer, muito pelo contrário, acho essa atitude condenável. Mas, dada minha situação, um almoço de regime viria mais do que a calhar. Cheguei à mesa e vi. Basicamente, saladas, legumes assados e peito de frango. Parecia comida de um quilo ruim, somado ao impacto do transporte que dava a tudo um aspecto de amassado. Para beber, chá gelado diet. Só isso. Ah, e não tinha sobremesa.

Meus olhos correram pela sala mais uma vez. Não tinham sorrisos. Quer dizer, algumas das puxa-sacos da chefinha davam risadinhas, mas tirando sua patota, basicamente tínhamos caras amarradas. A chefona, que sei que é um bom garfo, apenas balançava a cabeça vagarosamente de um lado para o outro. Talvez não devesse me meter, mas achei que aquela situação pedia alguma atitude e, discretamente, coloquei, num cantinho da mesa, a manteiga composta e os pãezinhos que trouxera. Bem, dada a concorrência, a manteiga fez um baita dum sucesso. O seu Antônio, velinho da contabilidade, veio até perguntar se eu não podia fazer um pouco pra ele, no natal. Aparentemente, ele não se lembra, mas a esposa o convenceu de que ele tinha prometido cozinhar alguma coisa para a ceia e ele achou que a patroa poderia muito bem acreditar que ele tinha feito aquela manteiga. Vou ganhar 20 pratas! Voltando ao almoço, o escritório tá vazio agora. Um bocado de gente saiu dizendo que ia comer sobremesa na rua, mas acho que simplesmente transferiram a festa para um restaurante. Mais tarde eu descubro.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Cozinhando para a festa.

Cozinhar cansa. Bastante. Tanto que estava cozinhando e me cansei. Vim aqui sentar um pouco e ver se meus braços que picaram salsinha freneticamente na última meia hora conseguem se recuperar. Daí, uma vez na frente do computador, com minha caneca de café na mão, nada mais natural do que postar.

Então, como disse hoje mais cedo, amanhã é o almoço coletivo de final de ano no escritório. Algumas pessoas sugeriram que eu levasse uma coisa pronta e até gostei da sugestão, mas uma tempestade me surpreendeu no caminho do volta para casa e roupas encharcadas no supermercado não ajudam a criatividade. Queria ir embora logo e peguei apenas alguns ingredientes simples para fazer manteiga composta. Não vou dar a receita porque não quero ter responsabilidade em nenhuma possível quebra de dieta por ai, mas essa manteiga fica uma pastinha, super simples e barata, apesar de trabalhosa, e ninguém nunca adivinha que é manteiga. Sempre dá certo.

Tive uma certa preocupação sobre qual seria minha reação ao manipular 800 gramas de manteiga, mas está sendo mais fácil do que pensei. Foi só lembrar que os quatro tabletes foi o que eu perdi de peso essa semana e pronto, não estou com vontade e nem vou provar. Espero que não esqueça de colocar nada nem erre a proporção, se não, vai ser um papelão. Mas é curioso, estava apertando toda aquela manteigada e senti um desconforto. Como se, apenas por tocar, pudesse engordar. Sabe, ganhar peso por osmose? Que horror...

Ah! Já ia me esquecendo de contar. Estava comendo meu sanduíche de pão integral recheado com pepino e mostarda na hora do lanche e adivinhem só quem veio reclamar? A chefinha. Pra quem não sabe, chefinha é aquela que comprou uma passagem mas acha que pode, e deve, pilotar o avião. Então, ela virou pra mim, com a falta de educação habitual, e perguntou se eu não podia ir comer em outro lugar, porque ver pessoas comendo atrapalha a dieta dela. Não acreditei. Nunca reclamei dela comendo e ela come de boca aberta. Ela masca chicletes na cadeira dela, que é a uns 5 metros da minha e eu posso ouvir cada mastigada. Terrível. Simplesmente ignorei o que ela me pediu. Tá bom, mentira. Respondi, educadamente, que ela não precisava se preocupar porque, em consideração ao regime dela, eu não lhe daria nenhum pedaço do meu lanchinho e, antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, tirei o fone do gancho e comecei a discar um numero qualquer. Essa chefinha me tira do sério. Me fazendo passar trotes no meio do expediente.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Como se livrar de seus chocolates.

Não sei se lembram mas, há alguns dias atrás, a minha chefinha resolveu entrar numa dieta. Pra quem não sabe, chefinha é aquela que segura a coleira mas acha que manda no canil. Pois bem, muito me aborreceu sua atitude de querer que o mundo ao seu redor parasse só porque ela começou a fazer regime. Principalmente, porque eu não contei sobre a minha dieta pra ninguém lá no escritório e segurei a barra por mais de um mês sem encher os sacos alheios. Pra completar, ela e eu tivemos um pequeno desentendimento logo no primeiro dia de sua nova empreitada que terminou com uma entalada não muito agradável pra ela. Eu decidi levar aquilo tudo na esportiva, mas, pelo jeito, ela não. Digo isso porque suas atitudes comigo tem sido bem frias e mal educadas desde então. Não que algum dia ela tenha me tratado excepcionalmente bem ou até mesmo com dignidade, mas não rosnava toda vez que eu me aproximava.

Enfim, hoje, quando cheguei ao escritório, o seu João, zelador do prédio, me recebeu com um saquinho de mini chocolates. Dada minha história com ele, meio que não deu pra recusar. Ele gosta de mim porque, uma vez, deu um rolo qualquer lá no prédio e acusaram ele de estar dormindo no lugar de impedir que o problema acontecesse e eu, que estava passando e ouvi por acaso a confusão, fui defendê-lo perante o síndico, dando meu inventado na hora testemunho de que ele estava acordado durante o ocorrido. Um tempo depois ele até que admitiu que estava mesmo tirando uma soneca, mas não me arrependo da minha atitude. Não gosto de síndico, chefe ou até mesmo chefinha que late pra cima de seus subordinados, como se fosse o dono deles.

Voltando ao assunto, subi para o escritório tentando descobrir alguma forma de me livrar dos chocolates. Até poderia jogar fora, mas não acho que seria uma atitude digna dado que eram um agradecimento simbólico por uma atitude heróica! Quando entrei pela porta principal, segurava o pacote aberto em minhas mãos, mas não tinha a intenção de comer seu conteúdo. Tinha decidido que o melhor a fazer era dividí-lo entre os meus colegas. Entrei em minha sala, que é minha e de 95% da torcida do flamengo, e fiz o que fiz. Ainda não sei se foi a melhor atitude que podia ter tomado, mas tinha que me livrar daqueles chocolates, tinha que pensar rápido. Foi instantâneo. Assim que os olhares notaram minha presença no ressinto, passei a mão na barriga e disse “nossa, não aguento mais comer chocolate, se alguém quiser me ajudar, sinta-se à vontade” e larguei o pacote aberto, porém intacto em cima de uma mesa. Coloquei a lerdeza do pc pra funcionar e, enquanto ele ligava, fui fazer o café. Estava com um certo medo de ninguém dar cabo do pacote porque era de manhã e todos estavam com mais cara de sono do que de fome. Porém, quando voltei, as mãos da chefinha esmagavam o bolo de embalagens vazias e seu olhar me fuzilava furiosamente. Me livrei dos chocolates mas, pelo jeito, ganhei um quilo e meio de trabalho extra.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Hora alegre. Alegre, alegre.

Como sempre, ontem foi um dia duro no trabalho. Mas pra mim e mais algumas pessoas foi um dia mais duro do que o normal. A chefinha, vulgo aquela que não é chefe mais está um cargo acima então acha que é dona do mundo, fez uma puta duma cagada, tomou uma puta duma bronca e, para se sentir menos pior, deu em seus subalternos, dos quais eu faço parte, um baita sermão, tentando transferir a culpa. É claro que isso gera um sentimento de revolta, mas na falta de armas para fazer uma rebelião e tomar o poder, concordamos que a melhor vingança era tomar alguma coisa na casa da Claudia, uma moça super bacana que faz parte da equipe.

Antecipando bebida alcoólica, que engorda, não fiz meu lanchinho das 6, tentando calcular um efeito substituição de calorias. O apartamento dela é bem pertinho do escritório e chegamos lá umas seis e quinze. Os copos foram distribuídos entre os seis participantes e enchidos com o conteúdo de uma garrafa de vinho recém aberta. O papo foi, obviamente, sobre a maledeta da chefinha. Estava acabando minha segunda taça quando percebi que meu tom de voz estava um pouco mais alto que o necessário. Meu rosto estava meio quente e a quantidade de palavrões que tinham em minhas frases excediam a quantidades de palavras normais. E daí caiu a ficha. Faz um tempo já que estou de dieta o que significa que faz um bom tempo que não bebo. Somando a esse fato um estômago vazio, que vira apenas meia pêra há umas 4 horas atrás pode-se imaginar o resultado.

Não conseguia controlar minha boca, que não parava um segundo sequer de falar. Fiz força, não adiantou. Tentei não pensar em nada, não adiantou. Levantei e fui ao banheiro passar uma água na cara. Daí tudo rodou. Imaginem só, apenas dois copos de vinho fazendo todo esse estrago comigo! Com o rosto resfriado, consegui controlar um pouco melhor o que saia da minha boca. O problema é que, daí, ela resolveu pedir para que coisas começassem a entrar. O vinho abriu meu apetite de uma forma que diria que a fome que senti naquele momento foi a maior desde que comecei minha dieta. A primeira ideia foi beber mais, comer muito e esperar para que meu corpo embriagado se livrasse de todas as calorias na pia do banheiro antes de capotar na minha cama. Mas, mesmo fora de minhas melhores condições, percebi quão estúpido aquele plano era.

Vi que não tinha muito o que fazer e amaldiçoei a chefinha ainda mais, culpando-a por aquela situação. Tomara que ela torça o dedo! Parei de beber, antes que desse baixaria e, na primeira oportunidade, me despedi de todos e fui embora. Pensei em voltar andando pra casa, mas achei que as chances de parar para comer frituras eram muito altas, então peguei um taxi. Quando cheguei, tomei tanta água antes de comer que achei que iria explodir. Pulei a salada e fui direto para um peito de frango com arroz integral. Por sorte e, aqui, digo como sou uma pessoa sortuda, acabei dormindo no sofá antes que a ideia de me levantar e repetir ganhasse força suficiente para tirar meu traseiro das almofadas.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

O jardim secreto.

Semana passada, quando estava trabalhando no cardápio da festa de ontem, a chefinha veio até mim e disse que era um absurdo uma pessoa da minha idade ficar responsável por organizar um jantar tão importante e ela, que tinha mais idade e mais experiência de vida já tinha assumido a tarefa, falado com um buffet super chique e tudo pronto: o cardápio era rondele. Pra completar, a mesma chefinha que acha rondele chique me informou que eu não participaria do jantar. Estaria presente, mas minha função seria ajudar o pessoal do buffet. Ou seja, sem lugar à mesa para mim.

Ontem, cheguei ao lugar da festa, recebi o pessoal da decoração, da montagem e mais uma porrada de coisas. Dai a equipe do meu trabalho chegou, os convidados da empresa com a qual eu comecei o negócio que comemorávamos chegaram e o buffet soltou os rondeles todos tortos num molho aguado. Não quis nem saber. Tava de saco cheio de tudo. Principalmente por causa da minha dieta, porque não podia nem comer a massa, nem tomar uma dose de alguma coisa forte pra esfriar a cabeça.

Encontrei um pequeno jardinzinho com um banco de praça e o transformei em esconderijo. Não queria ver ninguém. Daí, peguei um prato e tirei da minha mochila um pote cheio de uma bela duma salada, que fiz com o que sobrou da minha sessão de psicologia de domingo com mais alguns ingredientes super vingativos e nem tão regimáticos. Mesmo se não estivesse de dieta, acho que me recusaria a comer o prato que oferecíamos para nossos convidados. Birra mesmo. Admito. Lá pela terceira garfada, apareceu em meu reduto a Paula, moça muito bacana, da empresa convidada, quem primeiro ouviu meu projeto e o levou a seu chefe, o que resultou no negócio fechado e no jantar de comemoração propriamente dito.

Depois dela perguntar o que eu fazia naquele lugar ermo, contei a verdade. Daí, conversa vai, conversa vem e ela, que decididamente não precisa de dieta, acabou pegando um prato e se servindo do meu pote de salada, depois de deixar escapar que a massa que oferecíamos estava terrível. E, de repente, quem aparece procurando a Paula? Sim, o chefão. Dela. Mas, ao encontrar sua funcionária, não disse nada, porque seus olhos grudaram em nossa refeição alternativa. Instantes depois ele voltava do salão com um prato, que encheu com gosto com a salada do meu pote. Ainda bem que, por birra e vingança, tinha levado uma quantidade absurda. Foi uma conversa curta mas muito boa, e agora, pelo menos, também o chefão alheio sabe de quem veio a ideia do projeto no qual ele está investindo.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Meus queridos estagiários.

Hoje meu dia profissional começou um pouco diferente. Quando cheguei ao escritório, estavam falando que os novos estagiários seriam entrevistados. Uns cinco minutos depois, falavam que alguém iria entrevistar os novos estagiários. Mais cinco minutos, disseram que os candidatos tinham chegado e que alguém me escalou para entrevistá-los. Dá pra acreditar? Eu vou ganhar um estagiário? Não! Minha vida vai melhorar de alguma forma com novos estagiários no pedaço? Não! Então porque raios eu que tenho que entrevistar eles?

Meu humor não estava em sua melhor forma quando entrei na salinha pequena cheia de cadeiras com aquelas mesinhas grudadas, como no colégio, e cheio de gente muito mais arrumada do que o necessário sentadas nelas. Depois de uma troca de amenidades, peguei a pilha de currículos, fingi que dei uma lida e comecei a perguntar quem era quem, onde estudavam, o que faziam e... sei lá, um monte de coisas.

Era a primeira vez que estava do lado de cá de uma entrevista e não sabia muito bem o que perguntar. Mas achei que seria bem rápido. Não foi. Tinha mais gente do que imaginava e não tinha a menor ideia de como ia escolher alguém. Além disso, achava totalmente injusto com eles que eu tivesse que entrevistar, porque acabaria contratando o mais simpático. E assim foi, perguntas e respostas (acho que a maioria das respostas não eram lá muito sinceras) até que começou a chegar próximo das 9 horas. E sabe o que acontece todos os dias às 9 horas? É hora do meu lanche. E eu, mais uma vez, sem comida.

E daí eu cometi o erro. Deixei transparecer que estava com fome. Não tenho certeza de como eles perceberam, mas acho que foi quando eu disse “nossa, que fome”. Pareceu sorte quando um dos candidatos tirou do bolso do paletó um pacotinho de bolachas e me ofereceu. Mas foi um baita dum azar. Vi no rosto de todos os outros candidatos uma expressão de desespero e suas reações imediatas foi começar a procurar nos bolsos e bolsas toda espécie de comida que tinham. Como se me dar comida fosse aumentar suas chances de conseguir uma vaga! Fiquei numa sinuca porque, se comesse tudo, quebraria a dieta. Se escolhesse apenas alguma coisa, eles achariam que estava vendendo a vaga por comida. Problemão. Mas a gota d’água foi quando uma menina depositou na mesa uma barra de chocolate. Desesperei. Levantei, mandei todo mundo pegar suas comidas de volta e saí da sala. Fui direto falar com a chefona, dizendo que tinha gostado de todos, não conseguia escolher um e como o estagiário seria dela, então ela que escolhesse aquele que mais lhe apetecesse. E fui pra minha mesa comer meu próprio lanchinho.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Festança.

Tinha tudo pra ser um dia ótimo. Agora de manhã, assim que cheguei, a chefona entrou na minha sala, disse que minha ideia tinha sido aprovada e que daríamos uma festa para mim, com os clientes, para comemorar o fechamento de um negócio milionário!

Porém, o dia não está tão ótimo assim... É, talvez eu tenha distorcido um pouco o ocorrido. A chefona de fato entrou na minha sala, que na verdade não é só minha, é de um monte de gente, disse que a ideia do projeto tinha sido aprovada (eu sei que a ideia era minha e ela também, mas preferiu se referir à tal ideia como nosso projeto) e anunciou que daríamos uma festa para os clientes, da qual eu apenas poderia participar. O negócio em si, realmente bom. Mas que diferença faz? Ganhei o reconhecimento? Não! Ganhei um aumento?? Não. Ganhei um parabéns??? Adivinhem só, também não. Mas seria mentira se dissesse que não ganhei nada, porque ganhei. Uma tarefa extra! Uhu! E, como vocês já devem estar percebendo o tamanho da minha sorte, a tarefa, preparar a festa e... Sugerir o cardápio. Bela sacanagem mandar que a pessoa gorda pense em cardápios só porque ela é gorda. É a mesma coisa que pedir pro altão pegar alguma coisa em cima do armário só porque é altão. Porque ninguém nunca pega um banquinho?

Forcei um sorriso por alguns instantes enquanto praguejava por dentro mas, quando percebi que ninguém mais estava olhando, fechei a cara. E os olhos. E me joguei na cadeira. É fisicamente impossível alguém manter uma dieta e pensar em cardápios para festas ao mesmo tempo! A não ser que... é isso, vou fazer um cardápio ligth!! Deixa eu pensar... ... ... já sei, maçã! Não, isso é loucura, não pode ser só maçã. Mas talvez com uma coisinha pra acompanhar funcione. É isso. Vou colocar um porquinho na maçã. Só pra decoração. Não não, não vai dar certo... Mas que tal camarão. Taí uma coisa que não engorda e o povo acha chique. Vai fazer maior sucesso. Espera aí, também não vai dar certo. Sabe o que é? O melhor jeito de servir camarões é cobrir eles com uma camada de bechamel, umas fatias de brie e um gole de vinho branco, com arroz de alface pra acompanhar. Mas nem tudo está perdido! Cozinha no vapor está na moda, posso bolar um cardápio no vapor. Só que, desde que começei a pensar nesse cardápio, não consigo pensar em nenhuma outra coisa.

Sabe o que eu vou fazer então? vou roer lentamente e, provavelmente com um pouco de raiva, minha cenoura, porque pensar em comida de barriga vazia não dá certo. E pra quem não estendeu, isso foi sarcasmo, porque depois da cenoura, minha pobre barriguinha continuará vazia. Depois eu volto pra contar se sugeri um cardápio ou se apenas me entupi de comida pensando nele!