Cimbalino Curto #123
Num post recente, o Filinto Melo lembrava que desde que o contabilista entrou ao serviço, o Porto acinzentou-se. Estou de acordo. Mas também não estou. De um certo ponto de vista, o Porto até está mais divertido. Explico-me: antes da chegada do contabilista o absurdo existia apenas nos romances e em alguns poemas com alguma idade. Agora, o absurdo é a própria realidade. O absurdo transformou-se na principal cultura da cidade. Surgiram importantes plantações de absurdo um pouco por toda a parte e principalmente nas chamadas "instituições" do Porto. Querem uma prova? Dou duas: as declarações de Paulo Morais e Laura Rodrigues, a propósito da abertura eternamente adiada do Cinema Batalha, espaço que pertence à câmara e que foi cedido à Associação de Comerciantes do Porto. Estão ambas no Jornal de Notícias de dia 14.
"Já há largos meses que as obras estão prontas. Não sei o que aconteceu. Eu próprio me interroguei por que é que o (cinema) Batalha ainda não está aberto. Penso que está pronto desde Janeiro."
(Paulo Morais, Vice-Presidente da Câmara do Porto)
"(A abertura do cinema Batalha) tem de ser em 2005. Caso contrário, nós abandonamos o projecto."
(Laura Rodrigues, Presidente da Associação de Comerciantes do Porto)
Creio que agora já ninguém duvida que a poesia está de novo na rua.
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