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terça-feira, 12 de março de 2019

Cern, berço da internet, celebra 30 anos da rede...

Cern: organização que deu origem
 à internet completou 30 anos 
Foto: Fabrice Coffrini/Pool/Reuters

Publicado originalmente no site da revista EXAME, em 12 de março de 2019

Cern, berço da internet, celebra 30 anos da rede mundial de computadores

Tim Berners-Lee, pai da World Wide Web (WWW), analisa pontos bons e ruins de sua invenção durante evento

Por EFE 

Genebra – Há trinta anos, um físico britânico concebeu na Organização Europeia de Pesquisas Nucleares (Cern) a invenção que mudou a história moderna, a rede mundial de computadores (WWW, pela sigla de seu nome original, World Wide Web) ou simplesmente a internet, um aniversário que a organização celebrará nesta terça-feira.

O pai da World Wide Web, Tim Berners-Lee (Londres, 1955), estará presente no evento, no qual revisará as coisas boas e ruins que sua invenção apresentou desde então à humanidade, e serão discutidas questões como a necessidade de fortalecer a transparência e as ameaças de censura que se multiplicam.

Este mês marca as três décadas transcorridas desde que Berners-Lee enviou a seu chefe no Cern a proposta do que seria o ponto de partida do uso da internet como se conhece hoje e que respondia à demanda para que os cientistas pudessem compartilhar informação de forma automatizada com universidades e outras instituições no mundo.

A iniciativa se transformaria em dezembro do ano seguinte no primeiro navegador, site e servidor, que começaram a funcionar coincidindo com o Natal de 1990, para quando o físico especializado em ciências da computação já tinha definido os conceitos básicos do que seriam os códigos html, http e URL.

De fato, o primeiro site da história se dedicou a oferecer informação sobre o projeto da World Wide Web.

Tim Berners-Lee inventou o “www” 
Foto: Fabrice Coffrini/Pool/Reuters

Foi assim que a WWW se transformou no programa que permitiu a utilização da internet, uma infraestrutura já existente, mas que tinha encontrado inumeráveis problemas para funcionar como uma rede e que, sem a invenção de Berners-Lee, nunca teria se transformado na ferramenta que mudou a vida de praticamente todo o mundo.

Os desenvolvimentos posteriores foram rápidos e, em abril de 1993, o Cern decidiu que a WWW deveria ser de domínio público e, dos 500 servidores conhecidos naquele ano, passou para mais de 10 mil no seguinte, dos quais 2 mil eram de uso comercial.

Até ali, os usuários desse protocolo eram 10 mil, enquanto hoje estima-se que metade da população mundial tem acesso à internet.

O uso da internet, no entanto, está retrocedendo em vários países por restrições de acesso que cada vez mais Estados impõem como meio de limitar a liberdade de expressão e o direito à informação.

O exemplo clássico é a China, onde as autoridades mantêm uma forte censura sobre os conteúdos e não hesitam em sancionar empresas por conteúdos que julgam inadequados. Essa problemática, no entanto, está muito mais difundida no mundo.

Os protestos deste fim de semana na Rússia contra um projeto de lei sobre o desligamento da internet em caso de ameaças externas que está sendo discutido no parlamento é o exemplo mais recente dessa tendência, que também é observada em países como Turquia, Irã, Egito e Índia, entre outros.

No Ocidente, as preocupações são de outra natureza e, ao mesmo tempo em que se defende a liberdade da internet, existe a defesa de regulamentações que protejam a privacidade dos indivíduos e que tornem as companhias tecnológicas responsáveis pelos excessos nos quais possam incorrer.

Os desafios que se apresentam no 30º aniversário da Web serão debatidos amanhã, terça-feira, em um painel no Cern no qual participarão especialistas, empresários da internet, defensores dos programas em código aberto e gratuito.

Também falarão cientistas que trabalharam com Berners-Lee na organização científica quando ele ainda trabalhava em seu projeto.

Texto e imagens reproduzidos do site: exame.abril.com.br

terça-feira, 20 de junho de 2017

A Internet nos deixa mais burros ou mais inteligentes?


A Internet nos deixa mais burros ou mais inteligentes?
Por Isabella Marques.

A internet inegavelmente tomou grande espaço em nossas rotinas e alterou configurações da sociedade nos mais variados âmbitos. A comunicação moldada de “um para muitos”, como é o exemplo da televisão e do rádio, deu lugar ao compartilhamento e interatividade. Quais os efeitos disso em nossas vidas?

Diferente das gerações anteriores, que crescerem vendo televisão (ou seja, uma comunicação unidirecional no qual os receptores são passivos, não há a possibilidade de interação), a era da web faz com que nós produzamos conhecimento juntos, por meio do diálogo global. Todos têm iguais direitos de acessar, debater e expor ideias sobre um determinado assunto, e para isso basta um perfil no Facebook, acesso a fóruns de discussão, ou editar um verbete no Wikipédia, por exemplo.

A facilidade em conseguir informações muda o conceito do que chamamos de “conhecimento”: decorar e saber na ponta da língua o PIB da Argentina, por exemplo, não possui a mesma relevância de antigamente, quando hoje é simples procura-lo no Google. Compreender o que o número significa e saber o que fazer com ele, por outro lado, já são outros quinhentos, algo muito mais complexo.

Mas na rede, a compreensão dos mais diversos assuntos, por sua vez, é aprimorada, pois torna-se objeto de novas reflexões e discussões, "montado" como peças de um quebra cabeça, produzido de pessoas para pessoas, cada um dando a contribuição que pode. Pouco a pouco, seria concebível afirmar que estamos, juntos, compreendendo melhor o mundo via internet.

Em teoria, tudo muito lindo.

O estudioso Mark Bauerlein, porém, coloca: “Muitos se perguntam qual o sentido de saber sobre Dom Pedro 2º quando dá para procurá-lo na Wikipédia. Mas a questão é: estudamos dom Pedro 2º só para saber quando ele nasceu, as coisas que ele fez e o ano em que morreu? Ou estudamos figuras históricas como essa para desenvolver ideias sobre caráter, honra, inteligência e moral?”.

A crítica de alguns atores está no fato de que não usamos a web majoritariamente como essa ferramenta de diálogo e compreensão, mas sim para fazer upload das nossas fotos e escrevermos futilidades.

O problema não está na internet, mas sim no uso que fazemos dela. A começar pelo compartilhamento excessivo de informações, o que é evasivo à nossa privacidade: nós podemos não nos lembrar do que dissemos há anos, mas nas redes, fica lá memorizado, podendo um dia sendo usado contra nós.

Outro aspecto negativo está justamente no fato de qualquer um poder criar conteúdo: nada garante que a informação seja verdadeira (e esse é motivo pelo qual a Wikipédia talvez nunca seja aceita como fonte de pesquisa). Infelizmente sempre haverá alguém que a compartilhará como se fosse veraz, podendo causar todo o tipo de mal entendido.

Quanto aos efeitos a longo prazo, o professor inglês Mark Bauerlein acredita que a internet piora a inteligência dos jovens em quatro aspectos: curiosidade intelectual, conhecimento histórico, consciência cívica e hábitos de leitura. Outros estudiosos sugerem também perda de concentração: fazer mais de uma coisa a mesmo tempo geraria uma fixação de informações e desempenho menor em cada uma das atividades.

Mas aí entra um porém: não parece certo dividir os efeitos da web em "mais inteligentes" ou "mais burros", mas sim em apenas "diferente"; estamos "desenvolvendo" um cérebro mais adaptado/apropriado ao século XXI.

O conhecimento dos jovens parece mais superficial quando comparado com conceitos engessados no passado, em que os inteligentes são aqueles com boas notas, que acumulam livros lidos e se saem bem em ciências exatas. As novas gerações entretanto já nasceram imersas nas tecnologias e na globalização; o questionamento de ideias e ideais vigentes é consequência natural. Os modelos educacionais e esteriótipos intelectuais estão ultrapassados em relação ao modo como pensamos e nos comunicamos atualmente. Tirar notas altas, ler milhares de livros e simplesmente saber recitar a formula de Bhaskara já não tem o mesmo peso.

Don Tapscott, pesquisador canadense, exemplifica: “se os jovens estão no local de trabalho a desperdiçar tempo no Facebook, isso não é um problema de tecnologia. É um problema de fluxos de trabalho, motivação, supervisão”.

Os testes aplicados para definir se as tecnologias nos deixam mais estúpidos ou inteligentes são também baseados em concepções antigas, realizados sem uma compreensão integral da efetividade das tecnologias, e tão pouco de como funciona o cérebro de quem convive com elas desde o dia em que nasceu. E isso por questão de tempo inclusive: a internet se tornou acessível à população civil nos últimos 20 anos aproximadamente, e portanto ainda é muito cedo para um veredicto sobre seus efeitos.

Estamos cada dia mais conectados, inseridos em um contexto tecnológico que pede cada vez mais participação, desenvolvendo novas habilidades e interesses. Por enquanto é apenas possível afirmar que a internet propicia um aprimoramento intelectual individual em questões como a habilidade em fazer variadas tarefas simultaneamente, pensamento lógico e capacidade de tomar decisões, enquanto que num contexto mais amplo tem permitido a humanização do conhecimento ao refletir quem nós realmente somos. Se isso é bom ou ruim, só o tempo poderá dizer.

(Este texto foi baseado nos estudos, textos e obras dos estudiosos Mark Bauerlein, Nicholas Carr, Don Tapscott e David Weinberger.).

Texto e imagem reproduzidos do site: obviousmag.org

quinta-feira, 8 de junho de 2017

“A internet é o spoiler da curiosidade”, diz Walter Longo.

Walter Longo, presidente do grupo Abril, durante palestra no Fórum
 A Revolução do Novo:  A Transformação do Mundo.
Foto: Antonio Milena/VEJA.com.

“A internet é o spoiler da curiosidade”, diz Walter Longo.

Presidente do Grupo Abril abriu a terceira edição do fórum 'A Revolução do Novo', hoje em São Paulo

Por Revista Exame.


O presidente do Grupo Abril, Walter Longo, abriu nesta segunda-feira a terceira edição do fórum A Revolução do Novo. Promovido por VEJA e EXAME, com apoio da Coca-Cola, o evento discute mudanças na economia, política, tecnologia e sociedade, e o terceiro encontro da série teve por tema “A transformação do mundo”.

“Vamos falar aqui sobre um tema que temos discutido, que é o trilema digital. Quem assistiu à série Black Mirror viu nela críticas mordazes à era digital e ao seu impacto na sociedade. Meu objetivo aqui não é criticar, mas dizer que precisamos estar alertas sobre alguns desafios à nossa frente”, disse Walter Longo. Segundo o executivo, o universo digital traz infinitas possibilidades, mas desafios muito relevantes. Ele citou três grandes tendências que estão preocupando cientistas sociais e tirando o sono de empresários e executivos.

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“A primeira característica que deve chamar nossa atenção é a exteligência”, disse. Hoje, explicou, o conhecimento não precisa mais ser armazenado no cérebro, uma vez que basta um toque no smartphone para acessar um mundo de informações. “O problema é que, se tudo o que eu tiver de guardar, eu o fizer em outro lugar que não o meu cérebro, os neurônios não se conectam e não fazem sinapses. Não há geração de insights”, afirmou Longo.

Como explica o executivo, é a partir da referência que se gera repertório, que, por outro lado, gera ideias. “Ora, se eu não tenho nada na minha cabeça, sem dúvida a qualidade do meu pensamento será reduzida”. Na visão do presidente do Grupo Abril, “sem o combustível do conhecimento embarcado não vamos tão longe”.

Para ele, a facilidade de obter conhecimento deve ser celebrada: nunca foi tão fácil obter conhecimento e, além disso, não é mais necessário armazená-lo no cérebro. Mas isso resulta na diminuição da curiosidade, segundo o executivo.”Curiosidade está para o conhecimento como a libido está para o sexo, como diz o economista Eduardo Gianetti”, citou Longo.

De acordo com Longo, estamos vendo uma polarização da sociedade entre os curiosos e os descuriosos. “A internet está tornando os espertos mais espertos e os estúpidos muito mais estúpidos”, afirmou o executivo. Segundo ele, a curiosidade pode virar algo exclusivo das elites cognitivas. “As elites não serão mais identificadas pelo dinheiro que possuem ou pelo lugar social que ocupam, e sim por sua capacidade de pensar”, disse. Walter Longo define a internet como o spoiler da curiosidade.

O segundo ponto preocupante desse trilema digital é o tribalismo. Antes da era digital, a televisão era dividida entre os membros da família. “Eu estava sempre frente a frente com escolhas que não eram minhas. Assistia a jogos de futebol de times que eu não conhecia e passei a descobrir o prazer do espetáculo esportivo”, afirmou. Alguém de esquerda, conta Walter,  deparava com opiniões de direita no jornal, e muitas vezes acabava revisando as convicções. “O contraditório nos obrigava a revisitar teses para estar constantemente confirmando ou alterando nossas crenças, hábitos e preferências”, explicou. Foi assim com a geração X. Mas hoje isso está acabando.

As pessoas só leem o que querem, ouvem o que gostam, só assistem ao que gostam, argumentou o executivo. “A polarização política que a gente enxerga hoje no Brasil tem seu palco nas redes sociais, que só reforçam essa tendência maniqueísta”, disse, assinalando que o uso crescente de algoritmos tornou esse fenômeno mais agudo. “Se entro no Spotify e peço para ouvir pagode, para o resto da vida sempre vão me sugerir pagode”, disse. Na visão dele, estamos assistindo ao fim do contraditório e à perda da opinião. “E isso traz como consequência pessoas cada vez mais sectárias”, alertou. Violência e indiferença são os riscos nesse cenário.

A terceira característica que Longo apresentou dentro do trilema digital é o compartilhamento. De acordo com ele, é preciso avaliar qual é o impacto econômico dessa tendência de consumir menos e compartilhar mais. “Menos carros particulares e mais carros compartilhados, menos hotéis e mais casas compartilhadas, menos escritórios e mais espaços de coworking. Essa é uma tendência sem volta, mas que traz o risco da desaceleração da espiral econômica. Vamos ter aí na frente um desafio”, disse Longo. Devemos ir em busca disso, na opinião dele, pois é o caminho do consumo consciente. “Novas gerações parece que não querem consumir nada, mas querem aproveitar tudo”, diz Longo.

Tudo isso é bom, mas é preciso pensar no impacto disso para a economia, propõe o executivo, “já que ninguém em sã consciência é a favor do consumo irresponsável”. De acordo com Longo, devemos e precisamos ser otimistas em relação ao futuro, e por isso ele chama todas as questões de trilema, já que não as vê como problema. A questão que se coloca é enfrentar, analisar e resolver. “Não adianta achar que está tudo em ordem”, disse.

O mundo sempre se sobressaltou quando surgiram problemas que pareceriam insolúveis, lembrou o executivo. “Quando o problema surge, somos impactados e não vemos saída. A solução só aparece depois. Se aparecesse antes, não existiria o problema”, disse.

Texto e imagem reproduzidos do site: veja.abril.com.br