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domingo, 22 de janeiro de 2017

A Voz dos Poetas - 2

Amanhã, na biblioteca da Imprensa Nacional (Rua da Escola Politécnica), pelas 18h30, será a vez de se ouvir Vitorino Nemésio dito por Lia Gama e Jorge Silva Melo.

domingo, 23 de outubro de 2016

Uma leitura recente

Desconhecia este título do Vitorino Nemésio, Isabel de Aragão Rainha Santa. Acabei agora de o ler. Deixo as palavras do autor sobre o mesmo:

(...) uma interpretação puramente biográfica da Rainha - uma obra de arte. Seja como for não perdemos o pé da História, não inventámos um único personagem ou facto: a nossa invenção é puramente psicológica. Não se pode fazer uma «vida» com as verbas avulsas dos arquivos. 
(p. 79).

O livro foi publicado pela Texto em 2011.

Gostei do livro. Há muito que não lia Vitorino Nemésio.

Deixo a sugestão de leitura. Votos de um bom final de Domingo e de uma boa semana!


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Vitorino Nemésio, poeta


 

Tenho uma Saudade tão Braba

Tenho uma saudade tão braba
Da ilha onde já não moro,
Que em velho só bebo a baba
Do pouco pranto que choro.

Os meus parentes, com dó,
Bem que me querem levar,
Mas talvez que nem meu pó
Mereça a Deus lá ficar.

Enfim, só Nosso Senhor
Há-de decidir se posso
Morrer lá com esta dor,
A meio de um Padre Nosso.

Quando se diz «Seja feita»
Eu sentirei na garganta
A mão da Morte, direita
A este peito, que ainda canta.

Vitorino Nemésio,


 in "Caderno de Caligraphia e outros Poemas a Marga"
Morreu em 20 de Fevereiro de 1978

terça-feira, 17 de abril de 2012

A vida é tempo

António Dacosta - Antítese da calma
Óleo sobre tela, 1940
Lisboa, CAMJAP

Com alma, ideias, tempo, luta
Componho um homem, sou sujeito
[...]

Vitorino Nemésio

quarta-feira, 30 de março de 2011

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Um bom dia!


No claustro da igreja Santi Quattro Coronatti, Roma
A ROSA

Tenho uma rosa toda
Aberta na minha mão.
Só uma rosa. À roda
Nem folhas nem espinhos dão.

Tenho uma rosa.
Ter uma rosa
É muito. E tê-la,
Como eu a tenho já,
É vê-la
E bem saber que chão a dá.

Já sensação de rosa, e a tarde
Toda passada como flor
Ao que na rosa arde,
Ao seu tamanho e ao seu amor.

Já minha mão como se rosa
Houvesse sido a recebê-la,
E nada mais do que uma rosa
A própria vida e o revivê-la.

Ali aberta, a sua entrega
É dar-se pelo que fora
E o não saber se o perfumar
A minha vida melhora.
(A rosa que não se nega
Seja por alma do mar!)

Exactamente rosa, toda
Como são rosas que não vêm
Senão vierem para toda a boda
Que uma só vez nossa alma tem.

Vitorino Nemésio
In: Poesia. Lisboa: IN-CM, 2007, p. 202-203

terça-feira, 25 de maio de 2010

Vitorino Nemésio e o mar!

Vitorino Nemésio recordado no Diário de Notícias. 16-12-2001

"Quando penso no mar, o mar regressa / A linha do horizonte é um fio de asas / E o corpo das águas é luar; // De puro esforço, as velas são memória / E o porto e as casas / Uma ruga de areia transitória."
x
Vitorino Nemésio num poema de O Bicho Harmonioso, intitulado "Correspondência ao Mar".

domingo, 23 de maio de 2010

Cantar de amor

Alegre a luz a nuvem
E o grão germinado,
Que a bem-amada vem.
Depois do tempo jurado.

Faça-se ao mar a gaivota
E leve a boa nova em sua anilha,
Que enfim, na última derrota,
A nau sem leme achou a ilha.

A terra cheira a sol e a erva cortada:
Um pássaro a escolheu pelo cabelo
Como se fosse terra semeada.

E agora – flores. Agora,
Nada mais que estendida
E serena no chão da sua hora,
Conseguida e tocada.
Que assim
A vista o lá veste a harpa esquecida.
E, em mim,
A corda tensa sossegada.

Vitorino Nemésio
In: Poesia. Lisboa: Imp.-Nac.-Casa da Moeda, 1989, p. 44

sábado, 22 de maio de 2010

Cantigas à Ilha Terceira, à cidade, à Praia, e aos montes


Casa onde Vitorino Nemésio nasceu, na Praia da Vitória (Terceira), em 19 de Dezembro de 1901.


Casa das tias de Vitorino Nemésio, onde o escritor passou parte da infância e juventude.
Frente à casa encontra-se um busto do poeta, da autoria de Álvaro Raposo de França.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Casa_de_Vitorino_Nem%C3%A9sio_(Praia_da_Vit%C3%B3ria)

Lá vai a Ilha Terceira,
Por riba dos mares afoitos,
Carregadinha de amores,
De mistérios e biscoitos!

Esta nossa Ilha Terceira
Sempre foi alto lugar:
Em amores, bodos e toiros
Fica bem a desbancar.

A Ilha Terceira é fêmea,
Sã Miguel saiu Varão,
A Graciosa rapariga
E Sã Jorge tubarão…

[…]

Ó leal cidade de Angra,
Mimória do meu amor,
Pisão da minha alegria,
Castelo da minha dor!

Angra, maioral cidade,
Desterro do Gungunhana,
Onde fui às cavalhadas
No meu cavalo de cana.

[…]

Não há terra como a Praia,
Nem abrasão como o seu,
Não há gente como aquela,
Não há amor como o meu!

[…]

Vitorino Nemésio
In: Poesia: 1950-1959. Lisboa: Imp.-Nac.-Casa da Moeda, 2007, vol. 2, t.1, p. 40-41

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Poesia e o Retrato



RETRATO

Cruel como os Assírios
Lânguido como os Persas,
Entre estrelas e círios
Cristão só nas conversas.

Árabe no sossego,
Africano no ardor,
No corpo Grego, Grego!
Homem, seja onde for.

Romano na ambição
Oriental no ardil,
Latino na paixão,
Europeu por subtil:

Homem sou, Homem só
(Pascal: “nem anjo nem bruto”):
Cristãmente, do pó
Me levante impoluto.


Vitorino Nemésio, in Mário Soares, Os poemas da minha vida, Lisboa: Público, Comunicação social, SA, 2005, p. 119.
(Praia da Vitória, Ilha Terceira, 1901-1978)