Barcarena: Presença, 2010
Em janeiro de 2006, uma pequena aldeia no Norte da Suécia assiste a um massacre sem precedentes: dezanove pessoas são brutalmente assassinadas. A polícia não sabe o que pensar: terá sido um doente mental?
Entretanto, a juíza Birgitta Roslin lembra-se que a sua mãe Gerda, já falecida, tinha vivido nessa aldeia com uns pais adotivos, dois dos assassinados. Pela net, descobre que nos Estados Unidos tinham também sido assassinadas, uns anos antes, umas pessoas com o mesmo apelido de uma das famílias da aldeia.
Birgitta parte para essa localidade e não havendo na polícia quem leve a sério esta coincidência, a juíza começa a investigar. Poderá ela tornar-se num alvo do assassino devido à mãe ter sido educada por um casal de apelido Andrén.
Quando comecei a ler este livro de Mankell pensei que seria da série do comissário Wallender. Mas gostei muito até porque aprendi algo sobre os chineses que eram raptados - por chineses - em Cantão e despejados nos EUA para construírem, como trabalho escravo, a linha férrea transcontinental e a Central Pacific Railroad. Cada trabalhador, se entretanto não morresse, ao fim de três anos estava livre. Eram chamados chinks.
Não pude deixar de relacionar esta situação como a dos coolies, chineses recrutados e embarcados em Macau para trabalharem na cana-de-açúcar em Cuba, numa situação também próxima da escravatura. Os coolies iam com ‘contratos’ de oito anos e no final, se sobrevivessem, eram livres. Mas como poderiam uns e outros regressar à China?
A situação inumana em que viviam os coolies foi objeto de um relatório de Eça de Queirós, quando era cônsul em Havana, afim de que Portugal tivesse conhecimento desse facto e agisse, já que Macau era território português.
Lisboa: Perspectivas & Realidades, 1979