Eu, por exemplo, desde pequena sempre tive um mundo particular dentro da minha cabeça, e nunca fiz questão de apresentá-lo á ninguém. Como não falava sobre ele, passei a escrevê-lo. Assim, todo ano eu comprava uma agenda que não tinha função nenhuma de anotar compromissos. Afinal eu tinha 12, 13 anos, que tipo de obrigação teria, a não ser a escola? Então essas agendas se tornaram uma espécie de diário e caderno de anotações, tinha de tudo ali, desde fotos e cartas à bilhetes de cinema guardados.
Hoje resolvi dar uma lida nelas e achei alguns poemas de minha autoria. Confesso que ri um bocado, mas também senti orgulho de mim mesma, simplesmente pelo fato de ter escrito algo além das letras de Sandy e Júnior.
Fiquei tentando lembrar o que se passava em minha cabeça quando escrevi aqueles poemas e nada me veio à tona. Creio que devo ter apanhado conversas que ouvi e as reproduzi com minhas próprias palavras, sempre tive essa mania de observação.
Enfim, com rimas pobres, em ab ab, compartilho aqui algumas de minhas obras infanto-juvenis dos meus saudosos 12 e 13 anos :
TRIBOS
Tribo indígena
Tribo indígena
patis, punks
nerds,pagodeiros
Todos tribos
Grupos diferentes
com a mesma coisa
em mente:
se identificar e
relacionar.
Tudo em função
de um só medo:
a SOLIDÃO.
No final das contas
somos todos iguais.
CapitalienandoNike, Adidas
Christian e Dior
Comprando vidas
tornando pior
Um mundo insano
importar é o que importa
e não (o) ser humano
Vender,comprar,lucrar
mais, mais e mais
Alimentar o mercado
fomentando os pecados
Nos esquecemos das almas,
estamos alienados.
A luz que apagou
Eu te ajudo
Eu me cuido
Para amor não faltar
Como chuva em um copo
Se enche até transbordar
Fome e miséria
a falta do que nunca há
Isso existe, não quero aceitar
Olhos molhados...
Eu quero, eu posso ajudar
Infelizmente essa luz se apagou
Os olhos não brilham
Já não mais chamam
Por quem não ajudou
Eu te ajudo
Eu me cuido
Para amor não faltar
Como chuva em um copo
Se enche até transbordar
Fome e miséria
a falta do que nunca há
Isso existe, não quero aceitar
Olhos molhados...
Eu quero, eu posso ajudar
Infelizmente essa luz se apagou
Os olhos não brilham
Já não mais chamam
Por quem não ajudou