quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Processo conjugal

Acordou ás oito da manhã, como fazia todos os dias desde que começara a trabalhar aos 18 anos. Agora com 43, já não andava tão disposta quanto antes, afinal 25 anos se passaram e sua vida não era aquela que sempre sonhara. Não que fosse ruim.
Acordou, olhou para o lado e viu um homem grande, peludo, com uma protuberância abdominal e com um ínico de calvície. Não pôde evitar a pergunta "Onde foi parar aquele jovem alto, magro, com cabelos lisos e esvoaçantes, com quem me casei?" A resposta estava bem ali em sua cama.
Se levantou, fez o café, tomou um banho e vestiu sua calça de cetim, um blazer preto, calçou seu scarpin e se olhou no espelho. " Até que não sou de se jogar fora", pensou.
Chegou em seu escritório, um lugar onde todos admiravam seu sucesso e competência na carreira de advogada. Poucos sabiam da sensação de fracasso que ela guardava dentro de si. Era o pior de todos os fracassos que a alma feminina pode suportar, o fracasso emocional.
Ao sentar em sua cadeira, olhou para a pilha de processos sem resolução, mas não conseguiu deixar de pensar no imenso processo de sua própria vida.
Casou-se aos 20 anos, acreditando que o amor era tudo o que precisava para viver. Durante alguns anos, realmente o fora. Seu marido era presente, romântico e bom de cama.
Quando fez 25 anos, nascera seu único filho, Pedro, a razão de sua vida e de continuar acordando ás oito horas. Aos 30, descobriu que estava dividindo seu marido romântico e super carinhoso com outra. Não fez nada, apenas chorou(escondida).
Pedro crescera e se tornara um rebelde sem causa, acumulando três reprovações no currículo escolar e inúmeras chateações á mãe.
Seus pais vivem lhe dizendo " Eu disse, que casar ás pressas não era a solução, mas não me escutou." "Poderia ter conhecido melhor seu marido". Como se isso adiantasse muita coisa.
Sua idealização de família feliz e unida ruíra por dentro, mas ela continuou fingindo que aquilo ainda existia. Vestia a máscara de esposa alegre e seu marido a acompanhava neste teatro.
Ainda sentada em sua cadeira, se questionou se o juiz havia dado o veredicto e sua sentença era viver de fingimento, num casamento que não deu certo.
Não, ela não iria aceitar, tinha de recorrer ao processo, aquele não era o seu julgamento final.
Ela ainda poderia ser livre, e iria ser.

sábado, 4 de outubro de 2008

Tédio ³




Fiz as unhas, escovei o cabelo e passei um perfume.
Olhei mais uma vez no espelho e disse: Tô pronta.
Liguei o pc e vou virar a noite aqui.
Fiz o mesmo sábado passado,e no retrasado e no anterior e no outro ....
Já perdi a noção de quanto tempo eu estou trancafiada dentro de casa.
E hoje,hoje eu tô entediada e estressada.
Com a sensação de que podia tá curtindo e não estou.
Eu sou o único ser humano que prefere a semana do que o final de semana!
Tô discrente da vida.
Nem blogar eu tô querendo!!!
Tô afim de mandar muita gente (próxima)tomar no cu!
Então,vão tomar bem lá no meio mesmo!!!
Tô num "emo day".(amanhã isso passa!)
É isso.