O Labirinto de Fauno (El Laberinto del Fauno), realizado por Guillermo del Toro, esteve nomeado para Óscar de Melhor Filme Estrangeiro e venceu a edição deste ano do Fantasporto. O mais curioso é que a película é sobretudo apresentada pela vertente da fantasia, o mundo encantado de Ofélia (Iavana Baquero), mas o espaço que ocupa na acção é praticamente metade daquele que é prenchido pelo realismo do início do franquismo e as lutas com os movimentos de resistência, que ainda sobreviviam no, imediato, pós guerra civil. De resto, é neste contexto temporal que se increve e desenvolve toda a história. Lado a lado fantasia e realidade convivem, entrecruzam-se e condicionam-se. Aí reside a verdadeira magia do filme.
Mas a realidade é mais assustadora que o mundo de figuras não humanas, «glórias, terrores e aventuras» que Ofélia tem de ultrapassar para levar a cabo as tarefas que lhe são destinadas pelo Fauno. Mesmo assim é nele que a pequena jovem se refugia da tirania do Capitão Vidal (Sergi Lopez) e da sua crueldade, dificilmente superada pelos piores pesadelos.
Toda a história está repleta de pequenas mensagens que se repetem nos dois mundos, principalmente aquela que de certa forma parece traduzir a moral do filme: «obedecer sem questionar?».
A qualidade e os efeitos técnicos marcam a película -premiada pela Academia pela caracterização, entre outras coisas - mas O Labirinto de Fauno é também um filme político, que mostra o terror dos regimes ditatoriais, um terror que não se pode esquecer... a não ser nos sonhos.
Hino também às mulheres: Ofélia, a menina sonhadora e justa, Mercedes, a mulher, heroína corajosa, que não se rende nunca.
http://www.radioblogclub.com/open/115086/mercedes_pan_labyrinth/Nana%20de%20Mercedes%20-%20Labyrinth%20de%20Pan (Canção de Embalar de Mercedes, BSO)
Por tudo isto foi um dos filmes que mais me emocionou nos últimos tempos.
Sunday, March 11, 2007
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1 comment:
E se no final chorarmos, com direito a soluços? ;)
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