O manuseamento de sanções
económicas, políticas e militares no âmbito da chamada comunidade internacional
é uma das práticas que mais traduz a arbitrariedade e a mentalidade ditatorial
que reinam na ordem mundial.
O acto de sancionar um país,
instituições ou dirigentes não é geral e universal, não obedece a regras
objectivas, a leis incluídas em qualquer código de Direito credível. É
discricionário, interesseiro, conjuntural e está nas mãos de decisores que,
além de mentir, assumem eles mesmos os comportamentos pelos quais sancionam os
outros. A sanção é um instrumento de poder que está verdadeiramente na mão de
governos ou alianças de governos autistas e autoritários e não de instâncias
internacionais como a ONU, por exemplo.
Durante muito tempo o exemplo mais
flagrante da arbitrariedade de quem sanciona foi a perseguição ao Irão, que se
mantém – mesmo admitindo-se que venha a ser atenuada – num quadro de punição
aos países que os Estados Unidos da América, e os outros que lhes obedecem,
definiram como “párias”.
Porém, como consequência natural
da impunidade com que actuam os poderes dominantes mundiais, os exemplos
ampliaram-se e tornaram-se até grosseiros, não hesitando os decisores em
servir-se da mentira se isso for necessário às suas conveniências.
A chacina que Israel pratica
entre a população praticamente indefesa da Faixa de Gaza tem sido condenada a
vários níveis, mesmo de onde é difícil que saiam palavras dissonantes da ordem
norte-americana, como é o caso do secretário geral da ONU em serviço.