Estas eleições tiveram o mérito de destruir (será que foi de vez?) uma falsidade que inquinava o processo eleitoral democrático: o de que as eleições legislativas "elegiam" o primeiro-ministro.
De facto, e mesmo sem se saber como isto vai terminar, fica claro que nas legislativas se elegem deputados e estes, de acordo com os resultados, é que têm a responsabilidade de ratificar, ou não, o primeiro-ministro indigitado pelo presidente da República.
Perante este facto a Direita, mas também alguns do PS, insistem na mentira, na esperança de que, sendo esta repetida mil vezes, se transforme em verdade. Daí a invenção de que quem "fica à frente" deve governar, dando mais importância a esse facto do que à vontade democraticamente expressa, dado que a maioria dos eleitores optou por não caucionar maioritariamente os que "ficaram à frente". Não tardará muito e proporão, tal como acontece na Grécia, um bónus de mais uns quantos deputados àqueles que ficam em primeiro lugar, de forma a, artificialmente, garantirem maiorias absolutas quando o povo não as deseja atribuir (ao mesmo tempo que declaram, com pompa e circunstância, que "o povo tem sempre razão"...).