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sábado, 5 de julho de 2014

Sendo sábado, temos música (214)


Flagrante

Bem te avisei, meu amor
Que não podia dar certo
E que era coisa de evitar
Como eu, devias supor
Que, com gente ali tão perto,
Alguém fosse reparar
Mas não!
Fizeste beicinho e,
Como numa promessa,
Ficaste nua p'ra mim
Pedaço de mau caminho
Onde é que eu tinha a cabeça
Quando te disse que sim?
Embora tenhas jurado
Discreta permanecer
Já que não estávamos sós
Ouvindo na sala ao lado
Teus gemidos de prazer
Vieram saber de nós
Nem dei pelo que aconteceu
Mas mais veloz e mais esperta
Só te viram de raspão
A vergonha passei-a eu
Diante da porta aberta
Estava de calças na mão
Bom sábado, boas notícias e boa música.

sábado, 12 de abril de 2014

Sendo sábado, temos música (202)



Eu já não sei
Se fiz bem ou se fiz mal
Em pôr um ponto final
Na minha paixão ardente
Eu já não sei
Porque quem sofre de amor
A cantar sofre melhor
As mágoas que o peito sente
Quando te vejo e em sonhos sigo os teus passos
Sinto o desejo de me lançar nos teus braços
Tenho vontade de te dizer frente a frente
Quanta saudade há do teu amor ausente
Num louco anseio, lembrando o que já chorei
Se te amo ou se te odeio
Eu já não sei
Eu já não sei
Sorrir como então sorria
Quando em lindos sonhos via
A tua adorada imagem
Eu já não sei
Se deva ou não deva querer-te
Pois quero às vezes esquecer-te
Quero, mas não tenho coragem
Bom sábado, boas notícias e boa música.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Sendo sábado, temos música (193)




Ensaiava eu meus fados
Quando entraste desabrida
Nós não estávamos zangados
Mas vi-te os olhos molhados
E o dedo apontado à ferida

Disseste que não te ligo  
Que até esqueci onde moro
Que só vejo o meu umbigo
E embora viva contigo  
É com o fado que namoro

Fiquei tão desconcertado  
Por te saber infeliz
Que, mesmo desafinado
Te pedi perdão num fado 
Por tanto mal que não fiz

Desde então, se estás carente  
De coração apertado
Passa sem medo entre a gente
E sentada à minha frente  
Pedes-me que cante esse fado

Bom sábado e boa música

Tenhamsse fado

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Sendo sábado, temos música (156)




Trago alentejo na voz
Do cantar da minha gente
Ai rios de todos nós
Que te perdes na corrente
Ai planícies sonhadas
Ai sentir de olivais
Ai ventos na madrugada
Que me transcendem demais
Amigos, amigos
Papoilas no trigo
Só lá eu as tenho
E de braço dado contigo a meu lado
É de lá que eu venho
E de braço dado
Cantando ao amor
Guardamos o gado, papoilas em flor,
Que o vento num brado
Refresca o calor
E de braço dado, contigo a meu lado
Cantamos o amor
Ai rebanhos de saudades
Que deixei naqueles montes
Ai pastores de ansiedade
Bebendo água nas fontes
Ai sede das tardes quentes
Ai lembrança que me alcança
Ai terra prenhe de gente
Nos olhos duma criança

Bom sábado e boa música