Barco
deixado na areia deserta sem âncora nem velas para navegar.
Ali, só,
triste sem timoneiro que o guie e trace o rumo é pouso de gaivotas,alvo das
pedras da garotada que vem brincar no fim do dia.
Tomara já a
maré grande que o irá libertar daquela prisão sem grades nem cadeados.
Prisioneiro dos raios do sol, enfeitiçado pela lua cheia resta-lhe a esperança
de que o mar lhe devolverá a sua verdadeira identidade, pois um barco para ser
barco tem que estar a navegar, tem que ter mestre e leme e ancora para fundear.
Precisa saber
o Norte para partir na busca de novas terras, novos portos, novas gentes.
Irá ver
outros céus, nuvens brancas ou cinzentas ou vermelhas de emoção ao pôr-do-sol,
alaranjadas com o alvorecer. Poderá cavalgar nas vagas que os ventos irão
formar.
Quer ver
baleias e tubarões cortando o verde oceano. Quer tornar a ver o mar prateado cheio de peixes para pescar.
Dentro de
água é invencível, nada o assustará.
Tomara já a maré grande que o irá
libertar.