Era assim que enroladinha, ternamente quieta, todas as
manhãs ela esperava que a porta da cozinha se abrisse e lhe fosse servido o
pequeno almoço. As suas sopinhas de pão em leite morno deliciavam-na
desde que aparecera no Jardim e fora acarinhada por todos. Numa tigela comprada especialmente para a senhora gata o pão amolecia no leite que ela
lambia até desaparecer a última gota. Mas, antes de iniciar a sua refeição
matinal, a única que vinha tomar a nossa casa, a Tareca, nome com que carinhosamente a batizámos, esfregava-se
languidamente nas minhas pernas como só as gatas sabem fazer.
Foi assim que este ritual se praticou, durante algum tempo,
com prazer para nós e satisfação para ela, suponho. Chegava de manhã, comia, era acariciada, brincava pela relva atrás dos gafanhotos ou dos pardalitos mais jovens. Desaparecia e só regressava no outro dia. Foi fotografada pelas crianças que lhe dedicaram a sua amizade.
Mas a Tareca era gata de rua e, tal como tinha aparecido
assim desapareceu sem um adeus, sem um miado. Ficou um vazio nas nossas manhãs.
Deixou saudades.
foto e texto de Benó
7 comentários:
Uma gatinha ingrata! : (
Querida Benó
«Quem parte, leva saudades...»!
Belíssimo texto, apesar da sua simplicidade; ou, deverei dizer por isso mesmo.
Bom fim de semana.
Um beijinho
Beatriz
Acredito que ela vai voltar.
Sendo gata de rua e estando habituada à liberdade, faz o que realmente lhe dá na cabeça e foi atrás de algum namorado.
Vai ver que numa próxima manhã aí vai ter a sua habitual comensal.
Um abraço.
Que linda era a Tareca, ficou a foto para relembrar essas doces manhãs de ternura e amizade.
Bom fim de semana
Beijinhos
Maria
Que delícia, a Tareca e o seu texto. Pode ser que ainda apareça, minha Amiga Benó...
Uma boa semana.
Um beijo.
Gatos, animais sedutores, misteriosos, independentes, que fazem o favor de nos dar um pouco das suas vidas...se isso lhes interessa! Irresistíveis!
Que a Tareca esteja a ser feliz num outro qualquer jardim!
Talvez volte...
Ou se calhar... teve gatinhos... e anda meio ausente, para ficar de olho neles...
Adoro estes bichinhos, com o seu espírito livre e independente... e no fundo... eles afeiçoam-se... mas nunca têm dono...
Um texto e uma imagem encantadora!
Beijinhos
Ana
Enviar um comentário