ELES POR ELES
Marcelo Alcoforado
O que o cidadão acha dos políticos, já é sabido. E os políticos, o que acham dos políticos? Para responder, dê-se a palavra a três conhecidos atores da cena política atual. Para começar, atenção nesta frase: “Nós sabemos que antigamente se dizia que o Adhemar de Barros era ladrão, que o Maluf era ladrão. Poderiam ser ladrões, mas eles são trombadinhas perto do grande ladrão que é o governante da Nova República.” O ladrão era José Sarney, segundo Luiz Inácio da Silva, em Aracaju, em 1987.
Em 1989, dizia o candidato Fernando Collor de Melo a respeito do mesmo presidente José Sarney: “Gostaria de tratar o senhor José Sarney com elegância e respeito, mas não posso, porque estou falando com um irresponsável, um omisso, um desastrado, um fraco. Sempre foi um político de segunda classe, nunca teve uma atitude de coragem.” E dizia a respeito do seu oponente Luiz Inácio da Silva: “O outro candidato defende abertamente a luta armada, a invasão de casas e apartamentos. Lula é um cambalacheiro.”
Ainda em 1989 desabafava o então presidente José Sarney: “O Brasil é testemunha da brutalidade, da violência, do desatino com que fui agredido por um candidato profundamente transtornado.” Em 1993, assim falava de Fernando Collor o senhor Luiz Inácio da Silva: “Pena que esse moço seja tão corrupto.”
Como dizia aquela caderneta de poupança, o tempo passou, o tempo voou, Luiz Inácio da Silva está numa boa como presidente da República, José Sarney é presidente do Senado, Fernando Collor é senador, e os três estão unidos por uma forte coesão. O que disseram, recentemente, os arrebatados de outrora?
Palavras do senador Fernando Collor: “Sei que o presidente Lula e o presidente Sarney apoiaram o meu ‘impeachment’, mas mesmo assim não desejo que sofram o mesmo. Não desejo que sejam alcançados por injúrias, calúnias, mentiras.” E seguindo o consagrado modelo de negação de denúncias, dramatizou: “Tive de suportar denúncias terrivelmente levianas. Sofri e muito, arrancaram-me o mandato, levaram-me a mãe, dispersaram minha família.” E mais recentemente, no tom marcial com que costuma se pronunciar: “Nenhum ataque ao presidente Sarney e ao presidente Lula ficará sem resposta.”
O senador José Sarney, por seu turno, em meio ao recente bombardeio de que foi alvo, retribuiu, pleno de blandícia: “Sou profundamente grato ao senador Collor. Ele tem sido bastante leal a mim.” O presidente Luiz Inácio da Silva, por seu turno, pronunciou duas frases lapidares. Sobre Fernando Collor, em 2007, “O senador Fernando Collor tem tudo para fazer um grande mandato. Sobre o presidente do Senado, este ano, O presidente Sarney não pode ser tratado como uma pessoa comum. Ele tem biografia.” Parafraseando Machado de Assis, pergunta-se: mudaram os três atores ou terão mudado apenas os papéis?
COMENTÁRIO DO BLOG CHUMBO GROSSO: “RETIRARAM-SE AS MOLDURAS. AS FOTOGRAFIAS DESSES TRÊS SACANAS CONTINUAM AS MESMAS”.
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