quinta-feira, 24 de novembro de 2011

HOMEM (II)

Tu sabes, homem, és feio!
Sempre foste, fruto verde ou maduro.
Eras feio quando nasceste,
Serás muito mais ainda em teu futuro,
e após da dor de tua morte.

(Mesmo que tudo isto pouco te importe
pois serás, por uma vez mais,
um a mais entre os teus semelhantes.)

Com olhos desajustados
e essa tua cara tão desalinhada,
um coração rancoroso,
envolto na dura pedreira que
não será dinamitada.

Feio foi o fatal fruto de tua semente:
medo e desespero de
bebês horríveis que choram sem dentes.
Pois teu amor não se embeleza, 
não haverá musa linda o suficiente.

E este será teu legado:
Esses olhos, mais que tristes, amargos;
a gastrite doendo-te a alma;
um fungo voraz comendo tua unha;
em teu nome a vil alcunha
de errante, louco perdido a vagar;

o instinto de se destruir
e quando não conseguir, se matar.




Um comentário:

Unknown disse...

Muito belo e muito feio!Parabéns!!!!