Dia 14 de maio (sábado) fez seis anos que chegamos aqui nos EUA. Foram anos de muita luta, saudades, desafios, conquistas e esperanças. Vou tentar resumir mais ou menos os acontecimentos.
Viemos eu e meus dois filhos. Meu filho do meio ficou no Brasil para terminar a faculdade de veterinária, que já estava quase na metade. Quando o avião levantou vôo, meu coração ficou apertado de dor. As lágrimas (algumas das muitas que viriam) rolaram quentes e choramos, os três, silenciosamente. Foi uma longa viagem na qual nenhum de nós dormiu perdidos em pensamentos sombrios.
Fazia muito frio quando desembarcamos no aeroporto JFK, em New York. Tínhamos vindo despreparados para isso e para dizer a verdade, para tudo o que nos esperava. Trazíamos pouco dinheiro, mas muita fé, esperança e coragem em nossa pequena bagagem. Estávamos assustados com nossa ousadia e com a incógnita que seria nossas vidas a partir desse momento.
Por coincidência, pegamos um táxi com motorista brasileiro (Marcos) que nos levou a um albergue em Manhattan, já que o casal que deveria nos buscar e hospedar, não apareceu. Fiquei assombrada com tudo, principalmente o tamanho dos prédios e lojas. Olhando as pessoas e os lugares, senti-me como se estivesse dentro de um filme ou quem sabe, sonhando. Era uma sensação muito estranha!
No albergue ficamos num quarto com mais um rapaz e foi esquisito porque no Brasil isso não é usual. Finalmente no dia seguinte, conseguimos falar com o tal casal e ficamos na casa deles - em Astória, NY - por um mês, onde dormíamos no chão da sala. Em seguida fomos morar em Flushing, NY, com uma brasileira que havia ficado viúva e tinha medo de ficar sózinha. Nesse interím, nossas poucas reservas estavam acabando pois não contávamos que tudo seria tão caro por aqui. Felizmente meus filhos arrumaram serviço e logo depois eu tambem fui trabalhar.
Então resolvemos ir morar com o pai dos meninos (que morava em Newark-NJ e de quem eu estava separada). Que sufoco! Durou pouco a tentativa, mas foi o empurrão que nos levou para outra cidade (Jersey City-NJ), onde moramos até dois meses atrás, quando viemos morar em Queens, NY.
Nestes anos aconteceram coisas boas e coisas ruins. Acho que pesando na balança o saldo fica quase empatado. As coisas boas, foi que compramos uma casa, carro, conhecemos lugares, pessoas, novos costumes, viajamos, meus filhos tiveram a chance de estudar e ter um futuro melhor, inclusive o que ficou no Brasil, pois tivemos condições de mantê-lo estudando. Eu realizei um antigo sonho que era ver a neve. E tambem participamos de alguns acontecimentos históricos e outros um tanto interessantes nesse país.
O pior foi, antes de tudo, a barreira da linguagem e a diferenca cultural. Fizemos poucos amigos aqui já que trabalhamos tanto que ficamos sem tempo, sem contar a desunião dos brasileiros, querendo sempre um ter mais do que o outro, salvo raras exceções, algumas das quais, Deus colocou em nossas vidas. Por outro lado não participamos de fatos importantes que aconteceram no Brasil, em nossa família e com os amigos. E o que dizer da saudade? Essa dói demais e faz nosso coraçnao ficar pequenininho e triste, dependendo do momento.
E assim, vamos tocando o barco, hora em águas mansas, hora em águas revoltas. O futuro é um enigma, mas estamos cumprindo as metas que traçamos antes de vir e esperando DELE, o comandante de nosso destino, a decisão final.
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
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3 comentários:
Parabens pela coragem! É preciso muita para deixar tudo para tras e mudar de vida.
Querida, coragem é pouco...só por necessidade e falta de opção, que nosso país NÃO nos dá. Bjs.
Ora, ora, ora|!
Eu que já ia te perguntar, já sei a resposta!
Mas tu é corajosa, hein, mulher!!!
Sair do Rio de Janeiro pra BH foi mole, pq tinha duas irmãs lá. Sair de Bh pra onde moro agora, a apenas 3 horas de distância foi uma verdadeira epopéia para mim. Imagine se eu ia ter a coragem que vc teve! Sem parentes aqui, a barreira da linguagem aqui era outra... eram os valores carcomidos, a falta de fraternidade, de lealdade. Nossas linguagens não batiam...
parabéns, minha amiga por todas as suas vitórias e seu sempre presente bom-humor!
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