Bélgica ultrapassa Portugal na probabilidade de resgate?
17 Janeiro 2011 | 10:19
Eva Gaspar — egaspar@negocios.pt
A persistente instabilidade política na Bélgica aliada ao endividamento cronicamente elevado está a colar o país à lista dos mais vulneráveis da Zona Euro. “Será a Bélgica a próxima Irlanda ou Grécia?”, questiona hoje o “Financial Times”, deixando, pela primeira vez em largas semanas, Portugal num segundo plano.
“Com um dos níveis de dívida mais elevados da Zona Euro e partidos políticos fragmentados incapazes de formar governo há seis meses, os mercados obrigacionistas começam a pensar que sim” – que a Bélgica pode ser o próximo país do euro a ser forçado a pedir ajuda internacional, escreve hoje o jornal de negócios britânico.
O FT frisa a rápida escalada das taxas de juro associadas aos títulos de dívida belga a dez anos, que na semana passada chegaram aos 4,3%, e o aumento do “spread” face à taxa cobrada à dívida alemã, que mede o prémio de risco cobrado pelos investidores para financiar a Bélgica em vez da Alemanha.
“Apesar de termos uma dívida elevada, a nossa trajectória orçamental é completamente diferente” da periferia, sublinha Yves Leterne (…), primeiro-ministro interino ao Financial Times, lembrando que, depois de um défice de 4,6% do PIB em 2010, o indicador deverá baixar para 4,1% no final deste ano antes de ser anulado em 2015 (Portugal promete 4,6%, depois de 7,3% de 2010).
No reverso da medalha, a dívida pública belga é a terceira mais elevada de toda a Zona Euro, equivalente a 97,2% do PIB, ficando apenas atrás da italiana e [da] grega.
Ainda assim, o FT sublinha que o elevado endividamento público é uma circunstância com que a Bélgica tem lidado relativamente bem e há décadas, nunca tendo faltado aos compromissos assumidos com os seus credores.