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03/03/16

os EUA em guerra consigo próprios, ou a definível estupidez dos 'trampas' ...

Em vésperas de eleições nos Estados Unidos, e face à não-descartável vitória de um trampas com uma assustadora base de apoio, a sugestão de uma leitura:

Man in the Dark (clicar para ver sinopse, etc), 
um livro do escritor americano Paul Auster

Numa estória dentro da estória, há um homem que, nas suas noites de insónia, vai imaginando, construindo uma América 'alternativa', cuja História começa no ano 2000, logo após a eleição de Bush. Revoltados com o resultado das eleições (em que Al Gore, reunindo mais votos, é, no entanto, derrotado - lembram-se daquelas contagens e recontagens?), os Estados começam a declarar a sua separação da União. O primeiro, claro! (ver em baixo porquê - 'claro' ) é o de Nova Iorque. Outros 15 se lhe seguirão e a América está em guerra. Nada de novo, só que, desta vez, não com o mundo, mas consigo própria. 

Neste mundo paralelo, o 11 de Setembro (2001) nunca aconteceu. As torres gémeas continuam de pé. Não houve a invasão do Afeganistão. Não há guerra no Iraque. Da Síria não se fala, ainda, sequer...
«Há uma guerra civil em que se disparam sobretudo ideias, e que se leva ao limite». Mortíferas, tão devastadoras como balas. Ler aqui a entrevista do autor ao El País: - interessantíssima, elucidativa: «Nos EU há dois mundos que não comunicam entre si!» 

O tema deste romance de Paul Auster 'nasce' de um inconformismo, uma não-aceitação do 'estado das coisas', no seu país: «Há oito anos, desde o golpe de estado legal que derrotou Al Gore, que sinto como se vivesse num mundo paralelo que acabou por tornar-se real, e tudo só tem vindo a piorar!» 

Não é casualidade que a guerra civil de Brill (o 'homem no escuro') comece com a independência de Nova York. «E não é piada: há muita gente que pensa que NY deveria ser um Estado independente; tanto que, após o 11 de Setembro, houve uma revista de poesia que escreveu, na 1ª página: 'USA out of NYC'; muitos outros odeiam NY pelo que representa, com 40% da população vinda de fora...».
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review: Man in the Dark

24/10/12

just like you ..

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foto de capa - daqui
Chama-se "Winter Journal" e é a obra mais recente de um dos meus autores favoritos. Escrito na 2ª pessoa, assim como quem, olhando-se ao espelho, 'fala' para a imagem reflectida, e, nessa abstracção de pensamento, nesse quase alhear-se de si, se vai 'contando' ao eu-outro: os tempos de infância interrompidos por imagens fugazes da realidade presente ("estás a um mês de fazer 64 anos") , as urgências da adolescência, a memória dos cheiros, dos lugares, das cores, das caras e das casas, o vento e as tempestades, o corpo à chuva (sempre sem chapéu), as texturas do chão por onde caminhou, rebolou, caiu, a relva, o asfalto, a lama, as cicatrizes, as do corpo e as outras, ele, tu, diário de outono, autobiografia incompleta.

De Paul Auster, li praticamente tudo o que escreveu (excepto a poesia), vi 3 dos 4 filmes de que foi realizador ou guionista, descobri cumplicidades, identificações.

Nunca pensei foi ver-me, eu própria, ao espelho, nesta descrição sua que aqui transcrevo: basicamente, uma total-anormal desorientação 'espacial'. Iguais, até (e é isso que acho inacreditável!) no recurso aos pequenos, infrutíferos truques para contrariar esta genética tendência de escolher sempre a direcção errada! :-)

«Always lost, always striking out in the wrong direction, always going around in circles. You have suffered from a life-long inability to orient yourself in space, and even in New York, the easiest of cities to negotiate, the city where you have spent the better part of your adulthood, you often run into trouble. Whenever you take the subway from Brooklyn to Manhattan(assuming you have boarded the correct train and are not traveling deeper into Brooklyn), you make a special point to stop for a moment to get your bearings once you have climbed the stairs to the street, and still you will head north instead of south, go east instead of west, and even when you try to outsmart yourself, knowing that your handicap will set you going the wrong way and therefore, to rectify the error, you do the opposite of what you were intending to do, go left instead of right, go right instead of left, and still you find yourself moving in the wrong direct ion, no matter how many adjustments you have made. (...) »


críticas ao livro:    NY Times   ;     The Telegraph ;    The Guardian
Book Description - Amazon
Release Date: August 7, 2012 

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