Andrea-Kowch
Quando a humidade faz crescer o musgo
na extremidade dos muros
e o bolor começa a entranhar-se
nos móveis e nos ossos,
as mulheres trancam-se em casa
para recordar lutos antigos
e gizar o exílio das flores em seu colo,
como se habitassem todos os gestos
que as ligam à vida e à morte.
Graça Pires
De Antígona passou por aqui, 2021, p. 74
48 comentários:
Triste quando chega essa umidade e bolor até nos ossos e casas. Mais triste ainda trancar-se em casa...
Linda poesia! beijos, chica
Bom dia de Paz, querida amiga Graça!
Perfeito!
Uma descrição poética exata do que se passa conosco, algumas vezes, quando a Estação se encolhe... vivo muito melhor no Verão.
"As mulheres trancam-se em casa
para recordar lutos antigos".
O inverno atrai tristezas.
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos fraternos
Poema triste mas com algo de real. Os homens também se encerram no seu desalento.
Boa semana.
Um abraço.
A casa é sempre um refúgio.
Excelente poema, gostei imenso.
Boa semana.
Beijo.
O olhar é impressionante! O texto bem pertinente! Obrigada pela visita e boa semana!!! 😘
Quando não se trancam em casa, alguém as tranca, atribuindo-lhe responsabilidades em acumulação. Infelizmente, as coisas mudaram muito pouco para algumas mulheres.
Um belo e sentido poema, Graça.
Um beijo e votos de boa semana.
Dizem, agora, que não existe uma essência feminina exclusiva às mulheres. Quando leio este poema parece-me que sim. Somos todos livres, homens e mulheres, de decidirmos o que gostaríamos de ser. Contudo, pergunto se o nosso corpo, enquanto determinante biológico, coloca ou não limites a essa liberdade? Bonito poema. Descreve uma realidade disposicional muito frequente, por meio de belas metáforas e simbologias (muros, musgos, móveis (boas aliterações). O remate também é forte e lembra-nos que ninguém deve sentir mais a morte do que aquelas que nos dão a vida. Boa semana, Graça
Ainda há muitas mentalidades retrógadas que assim pensam. Que as mulheres são para estar em casa. É triste e lamentável que em pleno século 21 ainda hajam mentalidades assim.
Excelente poema, amiga Graça! Gostei bastante.
Deixo os votos de uma feliz semana, com tudo de bom.
Beijinhos, com carinho e amizade.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com
Quando parece que o Mundo desaba...e nada mais há a dizer...
Belo.
Beijos e abraços
Marta
Gostei muitissimo deste belo e triste poema, minha Amiga.
Beijinho de saúde excelente semana :
It's a sad poem, but it has a lot of truth and life in it. Not everything is colorful, sometimes it contains mold.
Uma alma grande e poética escreve assim, versos de profunda sensibilidade sobre a realidade da mulher num passado que se faz presente.
Lindo poema, minha querida amiga Graça.
Um beijo. Boa semana. Cuidado com o frio.
Ou talvez a casa onde os homens pedem tréguas...
Um poema que dói fundo, porque no fundo nos liberta!
Obrigada querida Graça
Boa tarde Graça
Um poema muito triste cheio de desalento.
Metafóras bem aplicadas que dão uma criatividade e talvez uma leveza ao tema.
Mas, actualmente penso que não são só as mulheres que se fecham em casa e na sua solidão.
Gostei muito desta partilha.
Boa semana com paz e saúde.
Um beijo
:)
La mujer siempre consciente, más que nadie, de la vida y de la muerte... Gran poema, amiga Graça. Es siempre inspirador leerla.
Abrazo admirado una vez más.
El musgo y la humedad cuánto obran en el poema, como una huella de tiempos oscuros y sombríos sobre las casas. Un abrazo. Carlos
Olá, Graça.
Li teu poema 3 vezes para tentar captar suas belas metáforas. Creio que captei o bastante, e digo, o recolhimento pode ser estratégico se não for doentio, com bolores extremos.
Poesia linda e triste. Como se falasse de um final de vida, ou final da alegria de viver.
O importante é não deixar o bolor tomar conta. Principalmente do coração.
Um abraço!
Fantástico poema. Gostei muito!
.
Beijos. Votos duma excelente semana!
Parece-me haver um tempo em que todos se trancam em casa e choram lutos antigos ou equivalentes. Não apenas as mulheres. Talvez as casas se fechem por não terem quem reparte passos e respiração. Talvez o mundo a que antes pertenciam pense cada dia menos neles, os velhos, e por isso a humidade galope e cresça o musgo.
Boa semana, Graça
Boa noite Graça,
Um poema sublime que realça bem a vida de tantas mulheres no passado, sendo que hoje se remetem ainda ao isolamento numa fuga ao sofrimento, como naqueles tempos.
Um beijinho e uma boa semana, minha amiga e Enorme Poeta.
Emília
Pungente e belíssimo, de rara beleza poética!
Um beijo
Bello poema. Te mando un beso.
Belíssimo, querida Graça, mas tanto quanto belo,
é triste e verdadeiro. Solidão é a mais pura tristeza,
é o abandono mascarado.
Uma feliz semana, amiga Graça!
Beijo.
Estou tentado a escrever o mesmo sobre os homens
Se me vier a sentir com o teu talento
tento
Beijo
Mais um belo poema que vim cá conhecer.
Isabel Sá
Brilhos da Moda
Emotivo tributo às mulheres neste poema de uma comovente sensibilidade.
A fotografia é muito sugestiva.
Bjs
Boa tarde uma excelente terça-feira, com muita paz e saúde. Poema triste e que demonstrou a realidade de muitas mulheres. Grande abraço minha querida amiga Graça.
Como se fossem estátuas antes , pela rigidez dos movimentos cronometrados, sem voz , nem olhos para clarear as manhãs . Agora … nem tempo têm para se justificarem
E depois ?
Tão belo , tão triste , minha querida amiga Graça. Um abraço !
Querida Graça
Um manancial imenso o seu talento.
Emoção da mais pura me envolve perante
as palavras, que encontram morada no meu
coração.
Que tenha uma semana óptima.
Beijinhos
Olinda
Muito melancolica esta homenagem às mulheres e suas atitudes quando a vida não é feliz "trancam-se em casa para recordar lutos antigos..."A foto é bela e triste. Beijo
Profundo e nostálgico poema.
Quando a solidão aperta, é na nossa casa que encontramos aconchego.
Beijos
Que poema intenso e evocativo! Sinto a presença de um tempo suspenso, onde as mulheres se tornam guardiãs da memória e do efêmero. A imagem do musgo e do bolor impregna a cena com uma atmosfera melancólica, quase como se a própria casa respirasse os lutos e segredos que elas carregam. Há um peso silencioso nesses versos, uma resignação contida, mas também uma força ancestral — como se, ao trancarem-se, elas não se enclausurassem, mas sim se reconectassem com a essência da existência.
BEIJOS
Poetisa/ Escritora, GRAÇA PIES !
Este Poema mexeu com meus sentimentos.
Enxxeruei uma triste imagem de mulher,
idêntica da ilustração. Que belo texto !
Um fraternal abraço, daqui do Brasil !
Sinval.
Melancolia própria da alma feminina.
Um grande abraço.
Tétrico, mas expressivo e realista.
São factos que eu não conheço, o norte é mais frio...
Impressiona as mulheres fechadas em casa com bolor.
Dias soalheiros e agradáveis.
Um beijo, Poeta Amiga.
=====
Oi Graça. Poema bem que descreve a realidade da vida. Bjs querida
A hauntingly beautiful reflection on memory, isolation, and the quiet weight of time. The imagery lingers like a whispered sorrow.
This poem beautifully captures the quiet, reflective moments when women, perhaps in solitude, turn inward, facing both personal loss and the passage of time. The imagery of moisture, moss, and mold suggests decay and stagnation, yet it’s paired with the idea of remembering and honouring the past. The line "trace the exile of the flowers in your lap" feels particularly poignant, evoking a sense of loss, nostalgia, and the delicate balance between life and death. There’s a deep, almost meditative quality in how the poem ties these themes together.
Olá, amiga Graça
Passando por aqui, para desejar um feliz fim de semana. com tudo de bom.
Beijinhos com carinho e amizade.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com
Calan hondo los tristes versos de hoy.
Buen fin de semana Graça.
Un abrazo.
Magnífico. Um grande poema que reflete na perfeição uma realidade ainda bem presente nos nossos dias.
Votos de bom fim de semana, com muita saúde, amiga Graça.
Beijo.
Neste momento senti-me um pouco retratada... Como sabes tão bem dizer momentos que nos assolam!
Beijinhos.
Graça, que poema! Garra e bom uso da palavra duma tragedia que a algumas mulheres, lamentavelmente, lhes toca viver. Deixaste-me impressionado. Parabéns.
Forte abraço para um bom fim-de-semana.
Graça,
Lindos versos e uma verdade
implacável: a vida e a morte
estão sim ligados sempre.
A vida é esse girar e girar
em si mesmo.
Me encanta sempre ler aqui.
Bjins de bom fim
de semana.
CatiahôAlc.
entre
sonhos&delírios
Graça, seu poema exala uma atmosfera melancólica e reflexiva. Você descreve de forma sensível como a umidade e o bolor afetam o ambiente e as pessoas, especialmente as mulheres que se recolhem para relembrar antigos lutos. Adorei a profundidade e a conexão com a natureza que suas palavras trazem. Belíssimo! Beijos.
Boa noite, amiga Graça
Passando por aqui, para desejar uma boa semana, com tudo de bom.
Beijinhos, com carinho e amizade.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com
A passar por cá para desejar uma ótima semana!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
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