“baby,
hoje cê faz treze anos, vejo em seus olhos seus planos”... quando os anos 80
começaram, eu tinha a mesma idade da baby que o Raul cantou... no mesmo disco, antológico, visionário, já se
sabia o que seria aquela década... “ei anos 80, charrete que perdeu o
condutor”... só não sabíamos ainda que Raulzito não chegaria aos anos 90... e
naquele ano, 1980, perderíamos John Lennon (ah, estrela amiga, por que você não
fez a bala parar?)... não só o pop/rock perdeu dois gênios, o mundo perdeu duas
pessoas que pensavam além dos paradigmas do ter e fazer.
Ainda
em 80 o rock perderia seu maior baterista, John Bonham, e com ele o final da
banda que fez a transição entre o rhythm blues e o heavy metal, para muitos a
maior banda de rock de todos os tempos, o Led Zeppelin.
Para
compensar tantas perdas, foi em 1980 que surgiu a Donzela de Ferro, ou Iron
Maiden, que conquistaria o mundo principalmente a partir de seu terceiro disco,
The Number of the Beast, com Bruce Dickinson assumindo os vocais. O nome da
banda foi inspirado em um instrumento medieval de tortura, consistido de um
sarcófago antropomorfo com pregos em seu interior, que, ao fechar-se a porta,
penetravam no corpo da vítima. Registre-se que o Iron Maiden, destarte suas
letras, caveiras e visual agressivo, tinha em seus integrantes pessoas
“caretas”, muito profissionais, motivo inclusive da saída de Paul Di’anno, pois
o vocalista original fazia a linha sexo, drogas, muita droga, com rock’n roll.
Se
no rock britânico havia a Donzela de Ferro, a política estava entregue, desde
79, à Dama de Ferro, alcunha da primeira-ministra Margareth Thatcher. A
inspiração do apelido da premier é o mesmo aparelho de tortura que ficou famoso
em Nuremberg.
Nos
anos 80 houve a amálgama de cria e criador, Inglaterra e Estados Unidos. Aqui
não se pondera quem criou quem, tamanha foi a afinidade entre Thatcher e
Reagan. Com a economia mundial em colapso, após a crise do petróleo, essa
entidade, Reagan/Thatcher optou por confrontar as políticas econômicas keynesianas, implantando o modelo que estava sendo incubado no Chile
sanguinário de Pinochet.
As privatizações em massa, o poder dado ao mercado,
à redução do estado, medidas que em conjunto ficaram conhecidas como
neoliberalismo, pretendiam que cada individuo fosse em si um capitalista, a ser
engolido pelas estruturas capitalistas cada vez maiores. Thatcher promoveu a
ilusão de que a privatização resolve qualquer problema e que a desregulação do
sistema financeiro favorece as economias. Esta desregulação promovida por
Thatcher pode ser apontada como uma das origens da crise mundial iniciada em
2008. "Nove em dez economistas atribuem à desregulação um papel
potencializador da crise que se abateu sobre o mundo”, diz um professor da
Unicamp.
Essa
constatação, por si, já deveria servir para ruir o mito desta senhora, mas a
macroeconomia é uma área hermética, insensível, e dessa forma não de vê, nem se
lê, nem se comenta, que o neoliberalismo foi o responsável, nos anos 80, por milhões de mortes de crianças, jovens,
adultos, idosos, homens, mulheres, brancos, pretos, vermelhos, amarelos, que
tinham em comum o fato de viverem no terceiro mundo e serem pobres. Foram
mortes por fome, pela violência de regimes totalitários, guerras fratricidas, epidemias, e a mais terrível das mortes,
ainda mais temível que a dama de ferro, a morte por falta de esperança.
Aos
87 anos, morreu a senhora Margareth Thatcher, sobreviveu aos anos 80, o mundo
sobrevive a ela, mas àqueles que morreram nesta década são como as boas e
velhas bandas de rock’n roll, jamais voltarão. É em memória desses velhos
companheiros do mundo que hoje na vitrola vou ouvir Led Zeppelin, e Iron
Maiden, e Raul Seixas, e pensar: que pena que ela morreu hoje, e não antes dos
anos 80.
Carlos Moraes
14/04/2013 16h27 - Por AFP
ResponderExcluirLondres festeja morte da Dama de Ferro
Centenas de manifestantes se reuniram em Londres, na Inglaterra, para protestar contra o legado de Margaret Thatcher, que morreu aos 87 anos no último dia 8. Uma música da trilha-sonora do filme "O Mágico de Oz" que fala "a bruxa está morta" tornou-se uma espécie de grito de guerra contra a Dama de Ferro.
David Douglas, ex-mineiro e membro da União Nacional de Mineiros de Yorkshire, disse que ficou muito contente ao saber da morte da ex-premiê.
"Foi uma mulher horrível e estamos furioso com a imagem da imprensa de que todos neste país estão de luto", denunciou.
Fonte: Uol Noticias
Aqui no Brasil temos nossa Dama de Ferro, guardada as devidas proporções....há imensas similitudes.
ResponderExcluirContudo, nossa economia anda em passos rápidos ao abismo e a teimosa tupiniquim, arrogante do alto de seu título,assistindo tudo inerte.