"As más relações entre a verdade e a política são um desafio para o pensamento político: será mesmo da essência da verdade ser impotente, e da essência do poder ser enganador?"
Hannah Arendt
sábado, 9 de janeiro de 2010
Para reflectir...
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Claude Lévi-Strauss (1908-2009)
O antropólogo francês Claude Lévi-Strauss, foi um dos grandes intelectuais do século XX, destacado antropólogo e fundador da corrente estruturalista das ciências sociais.
Nascido em Bruxelas em 1908, Lévi-Strauss lançou as bases da antropologia moderna e influenciou gerações de investigadores, deixando também uma marca decisiva na filosofia, sociologia, história e teoria da literatura. (in Visão online)
segunda-feira, 30 de março de 2009
E foi assim, até muito recentemente!
"Desde o começo do novo milénio, atentados, catástrofes, uma mais aterradora que a outra, sacodem o planeta. De Nova Iorque a Bagdade, do Cáucaso a Bali, de Gaza a Madrid, milhares de seres humanos são ceifados, queimados, dezenas de milhares feridos.
Nos países do hemisfério sul, as epidemias e a fome fazem cada vez mais vítimas. A exclusão e o desemprego grassam no Ocidente.
Mas os novos feudos capitalistas não cessam de prosperar. O ROE (rendimento dos fundos próprios) das 500 maiores companhias transcontinentais do mundo foi de 15 por cento por ano desde 2001 nos Estados Unidos, de 12 por cento em França.
Os meios financeiros desses empórios excedem, e de longe, as suas necessidades em investimento: é, assim, que a taxa de autofinanciamento se eleva a 130 por cento no Japão, 115 por cento nos Estados Unidos e 110 por cento na Alemanha. O que fazem, nestas condições, os novos senhores feudais? Recompram maciçamente na Bolsa as suas próprias acções. Pagam aos accionistas dividendos faraónicos, e aos administradores, gratificações astronómicas. (Em 20 de Julho de 2004, a Microsoft anunciava que os seus accionistas iam embolsar 75 mil milhões de dólares a título de dividendos durante o período 2004-2008.)
Mas nada os sacia! Os lucros supérfluos continuam a crescer."
Jean Ziegler, in
O império da vergonha
Porto, Edições Asa, 2005
Pelo menos até muito recentemente foi assim. Agora, aguardemos para observarmos e constatarmos se de facto este modelo económico pereceu, revigorou-se, metamorfoseou-se ou simplesmente se auto-destruiu!
Pessoalmente não sou muito optimista (infelizmente) quanto à tese de que o mundo económico face à crise deixou de ser na sua essência aquilo que era, mas como anteriormente referi, aguardemos. E para todos aqueles que pretendem novos desígnios no que concerne a uma economia dita mais sustentável e um mundo de pendor mais humanista, é favor meus amigos ,manifestarem esse vosso desejo, e lutar por isso mesmo!
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
Ainda em torno de Alvin Toffler...
Entrevista bem conduzida por Mário Crespo ao famoso sociólogo norte-americano Alvin Toffler, autor das famosas obras "O Choque do Futuro", "A Terceira Vaga"- obras que recomendo vivamente - e onde se aborda questões actuais em termos de sociedade, desenvolvimento humano (especial atenção sobre a questão da nano tecnologia no nosso corpo) entre outros temas, Humanismo, etc, e onde também revela a sua opinião sobre a eleição de Obama e o que isso representará para o mundo.
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
Alvin e Heidi Toffler analisam sistema actual de Ensino Público
Alvin e Heidi Toffler são dois dos ensaístas mais respeitados do mundo. Em conferência de imprensa, que deram no ano transacto em Portugal, explicaram que o sistema de ensino actual está obsoleto.
Em baixo, um pequeno vídeo sobre as suas posições no que concerne ao tema.
terça-feira, 14 de outubro de 2008
Uma Voz a Ouvir - Noam Chomsky
O autor não é novo aqui no Opinion Shakers, no entanto desta vez deixo-vos uma entrevista ,realizada pela BBC, que vale a pena escutar.Entre outros temas,Timor -Leste vem também à conversa para entendermos o modo como as grandes potências actuam.
Primeira Parte
Segunda Parte
domingo, 31 de agosto de 2008
Em torno de Castoriadis - III
Deixo-vos de seguida umas quantas frases soltas de Cornelius Castoriadis retiradas da sua obra "Uma Sociedade à Deriva" , que pedem uma reflexão sobre as mesmas.
"A sociedade do consumo é isto mesmo: compre uma televisão, e cale-se; compre um novo modelo de automóvel, e cale-se."
"A estrutura actual do poder é alienante, remete cada qual para a infantilização."
“O objecto da política não é a felicidade,o objecto da política é a liberdade.”
“A verdadeira questão da época é a questão política,
e num grau tanto mais crítico quanto mais é
ruidosamente proclamado o contrário.”
“Encham os bolsos o mais possível e tentem aparecer
na televisão, tais são a filosofia e a moral do sistema.
Que tipo de indivíduo, de pessoa humana, pode isto produzir?”
“O enorme sucesso do capitalismo se apoia, entre outras coisas,
numa destruição irreversível dos recursos biológicos.”
“Não é possível salvar-se a humanidade contra ela própria.
E ninguém pode preservá-la nem da loucura nem do suicídio.”
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Em Torno de Castoriadis - II
Na sua grande obra “ A Ascensão da Insignificância”, Castoriadis fala da decadência da civilização e pergunta se será possível esta sociedade continuar a funcionar e reproduzir-se, “ quando em todas as sociedades ocidentais se proclama abertamente (e em França, cabe aos socialistas a glória de o terem feito de um modo que a direita nunca tinha ousado fazer) que o único valor é o lucro e que o ideal de vida social é o enriquecimento. Se assim fosse – diz ele – os funcionários deviam aceitar e pedir umas cunhas para efectuarem o seu trabalho, os juízes deviam leiloar as decisões dos tribunais, os educadores fornecer boas notas às crianças cujos pais lhes oferecessem um cheque à socapa e assim por diante.” Em sua opinião só o medo da sanção penal os impede de assim proceder.
Castoriadis afirma que nunca como hoje foi tão urgente reinventar a sociedade, imaginar um outro sentido para a sua existência. E acaba este parágrafo com as seguintes palavras: “ O que podemos dizer é que todos aqueles que têm consciência do carácter terrivelmente grave do que está em jogo devem tentar falar, devem criticar esta corrida para o abismo, devem procurar despertar a consciência dos seus concidadãos”. Ora, foi justamente aqui no fim do parágrafo que me apercebi duma das coisas que tem andado a incomodar-me.
Não é a constatação de que vivemos, uma daquelas épocas históricas em que os insignificantes saltaram para dentro da carroça, tomaram conta das rédeas e conduzem-na agora pela ribanceira abaixo em direcção ao desastre: isso é evidente de há uns anos a esta parte; não é a constatação do modo como imprimiram uma dinâmica de mediocridade a toda a sociedade, parecendo ter o condão de trazer ao de cima, apenas e somente o que de pior há nas pessoas; não, não é isso. É a constatação da complacência com que a nossa (pseudo) intelectualidade assistiu, e em alguns casos aplaudiu até, o trabalho de perversão e destruição do sistema judicial, do sistema educativo público e do sistema de saúde pública. É isso o que me desilude! Comentadores, opositores, meios de comunicação, gente que ocupa cargos de influência política, nas universidades, nas empresas públicas, nos jornais e nas televisões a louvarem o trabalho de sistemática decomposição da sociedade que tem sido a obra de muitos, pelo menos no mínimo, há uns dez anos a esta parte.
Das duas, uma: ou não tinham e não têm a consciência de que fala Castoriadis (como é possível?); ou, se a tinham, porque não falaram? Se calhar não tinham mesmo.
Temos agora um sistema judicial o qual ninguém acredita, por conta da impunidade que por aí grassa; um sistema educativo onde proliferam os colégios privados (para os bolsos só de alguns) e uma escassa rede de creches e infantários de apoio estatal que força os cidadãos a terem de alargar os cordões á bolsa, isto depois de se ter destruído o ensino público (esse trabalho, aliás, ainda não está completamente acabado – mas anda lá perto), e um sistema de saúde que tem sido sempre muito mal tratado, que se orgulha de ter os bebés a nascer no meio de estradas e onde a coordenação de meios e entidades por vezes é no mínimo gritante (também aí proliferam os hospitais privados - para quem pode, claro). A banca enriquece, os ricos ficam mais ricos e os pobres mais pobres. E ressalvo que não tenho nada contra as pessoas fazerem fortuna, agora façam-no de acordo com a ética e a moral humanista , e não “humilhando” aqueles que no fundo apenas vão lutando para ir sobrevivendo. No Natal diz-se ao povo que a culpa da crise reside no apetite dos portugueses que gastam dinheiro a comer demais, ou então das “forças externas” que condicionam inexoravelmente a nossa economia!
Hanna Arendt dizia que os povos têm os governantes que merecem.
Pelos vistos também se aplica a mesma frase aos intelectuais cá do sítio (salvo algumas excepções, convém frisar).