A luta dos professores pelo direito a uma avaliação justa e digna, tal como a que devem aos seus alunos, remete-me para uma reflexão que tem a ver com os altos e baixos do Poder, ou seja, o poder do Poder, questão que hei-de moer enquanto não puder matar.
As reivindicações dos professores relativamente às alterações do sistema educativo, que criaram duas classes diferentes de docentes-colegas iguais, excepto em tempo de serviço prestado, são hoje rigorosamente as mesmas de há ano e meio atrás. Nessa altura preparava-se a aplicação do sistema de avaliação de que agora se fala. A diferença é que há um ano atrás, para a opinião pública, os professores eram uma classe preguiçosa e cheia de privilégios. Foi essa a imagem que o poder político, encabeçado pela sombria ministra, promoveu, entre outros através de publicidade que comprou na Imprensa diária, e a que chamou esclarecimento ao público. Pagou, com o dinheiro dos contribuintes, a criação de uma má imagem da classe docente, o que levaria a uma perda de poder dos professores, logo, a uma quebra na sua indesejável força reivindicativa. Tem sido uma das estratégias, sujas, deste Governo.
A mesma Imprensa que deu páginas de opinião anti-professores ao Governo, e divulgou com gáudio a mensagem do Poder, acha, agora, que, se calhar, este sistema de avaliação... é complicado demais, parece a rede do metro de Londres, os prazos são inviáveis...
Manuel Villaverde Cabral afirmou, ontem, no Prós e Contras, que os professores se tornaram uma classe diabolizada pelo poder político. Marcelo Rebelo de Sousa, Domingo passado, declarou que se tinha sentido incomodado com o enxovalho de que tinha sido alvo a ministra no anterior programa de Judite de Sousa, mas que a governante tinha colhido o que semeara. Que a revolta, a tremenda raiva dos professores era consequência de uma desautorização do seu trabalho, do seu estatuto e da sua honra, da qual ela tinha sido a principal agente. Que o desrespeito da ministra pelos professores se tinha reflectido num desrespeito por ela. Ora, o recente volte-face favorável aos professores, e toda a discussão sobre o novo sistema de avaliação dos docentes aprovado pela maioria parlamentar, agora de execução obrigatória, só se tornou possível porque o governo perdeu, nas recentes sondagens, sem apelo nem agravo, a maioria absoluta que já tinha perdido na rua, logo, perdeu poder.
Os professores foram colocados na mó de baixo enquanto o Governo esteve na mó de cima; agora, que Sócrates e pandilha se têm esforçado por cavar a sua cova bem funda, as estruturas pensantes, e satélites do poder, devolvem aos professores a sua voz. E nisso, a honra perdida.
O poder tem os seus seguidistas, que barato o abandonam por poderes mais poderosos. A ver quais serão estes, por agora. O poder vai e vem. Tira e devolve. Embora seja interessante observar estes fenómenos, considero que há algo de perverso para os professores no facto de a sua luta estar directamente relacionada com as vitórias e derrotas do Governo. É perverso que a desejável mas improvável saída da ministra da avaliação, implique uma derrota política e moral que o Governo não se pode dar ao luxo de admitir.
Mas termos chegado a um ponto em que os últimos cartuchos de crédito de um Governo dependem, tão só, da substituição da sua ministra da educação, não lhe augura grande saúde. E que nenhuma paz se conceda à sua alma! Deixem-no à merecida voragem das aves de rapina suas iguais. A ascensão e a queda sabem melhor em grande!
Entretanto, os professores preparam uma manifestação histórica para o próximo fim-de-semana, e mal posso esperar pelos episódios que se seguem.
As reivindicações dos professores relativamente às alterações do sistema educativo, que criaram duas classes diferentes de docentes-colegas iguais, excepto em tempo de serviço prestado, são hoje rigorosamente as mesmas de há ano e meio atrás. Nessa altura preparava-se a aplicação do sistema de avaliação de que agora se fala. A diferença é que há um ano atrás, para a opinião pública, os professores eram uma classe preguiçosa e cheia de privilégios. Foi essa a imagem que o poder político, encabeçado pela sombria ministra, promoveu, entre outros através de publicidade que comprou na Imprensa diária, e a que chamou esclarecimento ao público. Pagou, com o dinheiro dos contribuintes, a criação de uma má imagem da classe docente, o que levaria a uma perda de poder dos professores, logo, a uma quebra na sua indesejável força reivindicativa. Tem sido uma das estratégias, sujas, deste Governo.
A mesma Imprensa que deu páginas de opinião anti-professores ao Governo, e divulgou com gáudio a mensagem do Poder, acha, agora, que, se calhar, este sistema de avaliação... é complicado demais, parece a rede do metro de Londres, os prazos são inviáveis...
Manuel Villaverde Cabral afirmou, ontem, no Prós e Contras, que os professores se tornaram uma classe diabolizada pelo poder político. Marcelo Rebelo de Sousa, Domingo passado, declarou que se tinha sentido incomodado com o enxovalho de que tinha sido alvo a ministra no anterior programa de Judite de Sousa, mas que a governante tinha colhido o que semeara. Que a revolta, a tremenda raiva dos professores era consequência de uma desautorização do seu trabalho, do seu estatuto e da sua honra, da qual ela tinha sido a principal agente. Que o desrespeito da ministra pelos professores se tinha reflectido num desrespeito por ela. Ora, o recente volte-face favorável aos professores, e toda a discussão sobre o novo sistema de avaliação dos docentes aprovado pela maioria parlamentar, agora de execução obrigatória, só se tornou possível porque o governo perdeu, nas recentes sondagens, sem apelo nem agravo, a maioria absoluta que já tinha perdido na rua, logo, perdeu poder.
Os professores foram colocados na mó de baixo enquanto o Governo esteve na mó de cima; agora, que Sócrates e pandilha se têm esforçado por cavar a sua cova bem funda, as estruturas pensantes, e satélites do poder, devolvem aos professores a sua voz. E nisso, a honra perdida.
O poder tem os seus seguidistas, que barato o abandonam por poderes mais poderosos. A ver quais serão estes, por agora. O poder vai e vem. Tira e devolve. Embora seja interessante observar estes fenómenos, considero que há algo de perverso para os professores no facto de a sua luta estar directamente relacionada com as vitórias e derrotas do Governo. É perverso que a desejável mas improvável saída da ministra da avaliação, implique uma derrota política e moral que o Governo não se pode dar ao luxo de admitir.
Mas termos chegado a um ponto em que os últimos cartuchos de crédito de um Governo dependem, tão só, da substituição da sua ministra da educação, não lhe augura grande saúde. E que nenhuma paz se conceda à sua alma! Deixem-no à merecida voragem das aves de rapina suas iguais. A ascensão e a queda sabem melhor em grande!
Entretanto, os professores preparam uma manifestação histórica para o próximo fim-de-semana, e mal posso esperar pelos episódios que se seguem.
