"O Benfica é do Mundo, isso está mais do que sabido.
Sabemos também que o que não falta é a nossa gente espalhada por todos os cantos deste planeta.
Em 2019, tive a oportunidade de me tornar parte dessa enorme família de "Benfiquistas pelo Mundo" e fiz-me de malas e bagagens para Amesterdão.
Quando escolhemos emigrar em busca de uma vida melhor, sabemos que podemos contar com muitas saudades — e escrevo "saudades" com S maiúsculo, de tão fortes, da família, dos amigos, da comida e do sol que risonho nos vem beijar neste nosso cantinho da Europa.
O que não estava preparado era para a falta que me ia fazer aqueles domingos de 14 em 14 dias a visitar a nossa Catedral.
Desde 1997, ano em que pela primeira vez tive o prazer de visitar o nosso Estádio da Luz e fazer-me realmente Benfiquista de coração, até então era o tal jogo de criança em que dizia que era do Benfica porque o meu pai me dizia que era do Benfica. Mas, a partir do momento em que fiquei a conhecer o 3º Anel, posso dizer que ali sim foi o momento em que se fez Luz na minha vida, perdoem-me o trocadilho. Desde esse momento, ir ver o Glorioso não se questionava, simplesmente ia-se, porque tinha que lá estar e viver o Benfica.
"Fast forward" 22 anos para a frente e lá fui eu, pela primeira vez, para longe. Entre a altura de me mudar e a próxima vez que tive oportunidade de ver o Benfica ao vivo novamente, passaram-se 2 anos e meio.
Via e sofria de longe, como milhares de nós, que durante aqueles 90 minutos em que jogava o nosso Benfica, era como estar de volta a Portugal e reconectar com a nossa casa, da maneira que fosse possível. Era ver o Benfica na Associação Portuguesa, era a viagem à loja "Tuga" buscar um bacalhau e acompanhar com um bom vinho, ou a videochamada com a família aos domingos de manhã. E assim vamos mantendo a nossa portugalidade lá fora.
Mas nunca é a mesma coisa.
Fora programas como o "Benfica Independente" e similares, que me permitiam manter a chama acesa e vibrar com o Benfica, vivê-lo como e quando possível.
Por entre pandemias e tempo afastado de Portugal, o Benfica chegou a perder alguma importância; o mau momento do clube também não ajudava.
Mas quis o destino que o Benfica viesse até mim.
Em março de 2022, pude ir ao meu segundo "Away" de sempre, e logo sem ter que sair de casa. Na verdade, no primeiro também não tive que sair de "casa", numa deslocação contra o Real Massamá, onde vivi toda a minha vida e, inclusivamente, poderia ter brilhado nas camadas jovens. Confiem!
Pude comprovar por mim mesmo uma coisa que nunca realmente tinha vivido: o Benfica é mesmo muito grande. E aquela tarde de benfiquistas em plena Dam Square, o convívio e o amor ao clube que se vive nestes dias de jogo, na procissão até ao estádio, eram dois mundos que não coincidiam para mim. A vida tratou de os juntar e de tornar o meu amor pelo Benfica ainda mais forte. Como se isso fosse possível.
A verdade é que foram dos dias mais felizes da minha vida, tornados épicos por aquele golo do Darwin que me fez ficar sem voz e o sorriso de orelha a orelha a explicar, no dia seguinte, aos holandeses do trabalho o porquê.
Entre amigos que vieram me visitar e todas as emoções que vivi, esse momento continua a ser um dos pontos altos da minha vida de Benfiquista.
Queria partilhar aqui esta minha história de amor por este clube tão grande e tão lindo, e a alguém que esteja de fora, vivendo o Benfica, que saiba que, sem eles, não seríamos o que somos. E o que somos é Enormes.
Agora estou de volta, e sábado há jogo. E cada vez que entro por aquelas portas, é com um sentimento de gratidão renovado pelo que o Benfica nos deu, dá e vai dar.
Ganhar ao Estrela. Viva o Benfica!"