Líbano
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Maoz viveu a guerra do Líbano do início dos anos oitenta, enquanto parte da tripulação de um tanque. É pelo prisma dos tripulantes deste tanque que somos transportados para o teatro de guerra do Líbano. E o dispositivo é tremendamente eficaz! É raro a experiência de guerra oferecida pelo cinema estar assim tão próxima de nós. Tão próxima que se torna verdadeiramente aterradora. Como na realidade é a guerra. Uma guerra que nada tem de asséptico, ao contrário de outros filmes ou da propaganda militar feita de imagens a remeter para meros jogos de computador. Aqui tudo é bem real: da devastação dos raides aéreos às operações de limpeza dos militares, com a morte de inocentes sempre presente.
Líbano é filmado na obscuridade asfixiante de um tanque. Em tons baços. Há o suor, a fadiga e o medo estampado no rosto dos tripulantes jovens, a viver uma experiência que lhes deixará cicatrizes para o resto da vida.
Líbano é eficaz mesmo quando não mostra: vemos os dois cristãos falangistas a desaparecerem do campo de visão do tanque. Depois escutamos uma música. Uma música seguida do crepitar de rajadas de metralhadoras. E somos remetidos para Sabra e Shatila.
Líbano termina com a beleza e a quietude de uma paisagem de girassóis, e o tanque imóvel no seu seio. Talvez o que poderia ter sido. Um mundo sem a experiência da guerra.