#CADÊ MEU CHINELO?

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sábado, 11 de dezembro de 2010

[cc] O GRANDE TAMBOR



::txt::Jefferson Pinheiro::

O filme narra a trajetória do Tambor de Sopapo, que carrega a história da diáspora africana no Rio Grande do Sul. Sua matriz vem pelas mãos e mentes dos africanos escravizados para a região das charqueadas, ao extremo sul do Brasil. É considerado sagrado, retumbando o som por séculos de um purificar religioso para os rituais de matança - realidade presente nas propriedades que produziam o charque entre os séculos XXVIII e XIX. Mas, a partir na década de 1950, inicia seu caminho no carnaval, quando surgiram as primeiras escolas de samba do estado. O Grande Tambor conta uma parte da história sobre a contribuição dos afrodescendentes na formação simbólica e cultural do povo do Rio Grande do Sul. Sobreviveu pelas mãos de Mestre Baptista, Griô, que preservou a memória e a arte da fabricação de um instrumento de som grave e marcante e que hoje é patrimônio brasileiro.

Assista o trailer aqui ou abaixo:

terça-feira, 6 de abril de 2010

O CASO ELISEU SANTOS



#over12
Ainda bem que existe Ministério Público

txt: Tiago Jucá Oliveira

Talvez você que não é daqui do Rio Grande do Sul esteja por fora do caso Eliseu Santos. Não tenho muita paciência pra explicar, então é um texto dirigido a nós gaúchos. Mesmo assim cabe um resumo: um secretário da prefeitura de Porto Alegre é assassinado, e em pouco tempo a polícia dá o caso como encerrado, ao explicar que foi um assalto seguido de morte. Os suspeitos foram detidos, e nossa brilhante imprensa engoliu a versão e também deu como esclarecido o caso.

Uma coincidência não quis calar. Eliseu havia recebido ameaças de morte na mesma semana em que morreu. Facto que não recebeu muita atenção da polícia e imprensa. E é ae onde quero chegar. A polícia é incompetente ou quis abafar o caso? Não duvido que sejam ambas as coisas. E até entendo, embora não compreenda a que pontos chegamos.

O pior é a imprensa da província. Estão sempre com câmeras escondidas pra meter no cu de algum pobre coitado que vende vale-transporte na Rua da Praia, e agora se comportou de maneira vergonhosa. Cadê os jornalistas investigativos? Nós, da imprensa nanica, não temos condições pra desvendar um caso como este. Esse papel caíria bem pros fotonaldos da vida.

O ridículo disso tudo é que a mídia se calou, aceitou a versão oficial e ecoou o caso como definitivo e encerrado. Incompetência ou submissão? As duas coisas, creio eu. Nossa sorte que sempre há algum promotor do Ministério Público com a pulga atrás da orelha, que sustenta que é crime político. Até a torcida do Flamengo já sabia disso!

quinta-feira, 16 de abril de 2009

SIRVAM NOSSAS GISELES BÜNDCHEN



# manda chuva #

De modelo a toda terra

txt: Tiago Jucá Oliveira



Abordar a cultura gaúcha nem sempre é fácil. Por vários motivos. Boa parcela da sociedade local traz a tona o cidadão orgulhoso da terra, cultivador das tradições, bem letrado e politizado. E dentro dessa parcela há aqueles que acreditam cegamente que aqui é o melhor estado do Brasil. Alguns inclusive idealizam uma pátria independente. Outro dia recebi um e-mail no qual um gaúcho, "dusbom", provava o dito. O Rio Grande do Sul é "bagual" pois aqui nasceram o melhor técnico do mundo (Felipão), a melhor ginasta (Daine dos Santos), a modelo mais bonita e famosa (Gisele Bündchen), o melhor jogador de futebol (Ronaldinho, o Gaúcho, óbvio), seis presidentes da República, o atual técnico da seleção brasileira (Dunga), enfim, uma lista enorme de conquistas do povo rio-grandense. Claro, ele não sabia que quase todos ex-presidentes não foram eleitos pelo voto, nem que o melhor jogador do mundo é um outro Ronaldo, o português. Já o Dunga ...

Na metade do século passado nascia o gaúcho. Não o homem e sua cultura. E sim o mito, a lenda. Numa verdadeira "invenção das tradições", como já bem escreveu Eric Hobasbawm em seu livro de mesmo nome, estava criado a partir de então o gaúcho. E com ele todo um acessório folclórico, cultural e gastronômico que o imortalizava. Claro, tendo como pano de fundo a vergonhosa Guerra dos Farrapos como a grande façanha do nosso povo, embora tenha sido movida por interesses comerciais da elite estancieira da metade sul do estado. E meio século depois toda a invenção estava montada em Centros de Tradições Gaúchas, espalhadas por todas cidades do RS. Conservador, o CTG nunca aceitou misturar coco gelado no chimarrão, numa paródia ao "Chiclete com Banana", de Gordurinha e bem incorporada por Jackson do Pandeiro. Ou seja, ali se cultiva uma parte do tempo, pois o de antes foi sintetizado a partir da imaginação de alguns, e o de depois era um desrespeito ao tradicional.

Esse desserviço que o CTG faz a nós é de um estrago sem igual. Excluíram o passado e a diversidade cultural de variados povos, e hoje não dialogam com as novidades externas e modernas. Por externa entenda-se também os negros, alemães e índios do RS. Irton Marx, o mobilizador do movimento separatista, não é bem aceito pelo CTG, e vice-versa. Persona non grata por ser de origem alemã e não trazer a identidade pampeana na face, Marx também não tem razões para querer "bugres", mestiços, em defesa da superioridade branca em relação a outros mestiços, que são a cara do país do qual quer se separar. Mas a culpa não cabe somente aos tradicionalistas e separatistas. A forte e onipresente mídia da capital é incentivadora de alguns ícones da cultura urbana porto-alegrense. E de modo constante induz seus preferidos. E da-lhe Tangos e Tragédias, Bailei na Curva, Luis Fernando Verissimo, Reação em Cadeia, Paulo Santana, José Fogaça, Nenhum de Nós. Mas, e nós?

Bem, nós também existimos. Não somos os melhores, não queremos deixar de ser brasileiros, não vestimos bombacha (em castelhano bombacha quer dizer calcinha), nem estamos no Jornal do Almoço. Há muita coisa legal sendo feita aqui no estado, e alguns espaços marginais para divulgar e ser visto. Boas bandas locais não tiveram vergonha de pesquisar nosso verdadeiro folclore - não no CTG, mas em quilombolas, por exemplo - e recria-lo vivamente. Como o Serrote Preto, Richard Serraria e a Bataclã FC, que viram no sopapo, um tambor de origem escrava, um instrumento que os torna originais e genuínos.

Este é o Rio Grande às margens do Guaíba: a rica e diversa confusão étnica que aqui se cruzou - de negros a japoneses, passando por guaranis, polacos e vênetos - não pode ser ignorada em nome do fantasioso gaúcho dos pampas. Mas, de modo algum, será dado a entender que nossas riquezas culturais sejam melhores em relação a qualquer outra. É apenas uma iniciativa de mostrar e provar que podemos ser diferentes do modelo padrão, sem querer ser melhor ou verdadeiro ou definitivo. E sem excluir qualquer tentativa de mesclar culturas, seja ele tradicional ou moderno, uruguaio ou brasileiro. Creio que deu pra notar a intenção. Não espere vibração minha se um dia a Gisele Bündchen desfilar dentro de uma mini-blusa com uma bandeira do Rio Grande do Sul estampada no peito e logo acima a frase mais famosa de nosso hino: "sirvam nossas façanhas de top-model a toda Terra".

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