(Duas adendas no final deste texto.)
A invasão e anexação da Crimeia pela Rússia, e as subsequentes sanções políticas e económicas aplicadas àquela, podem proporcionar – aliás, já estarão a proporcionar – consequências algo constrangedoras, danos, se não concretos, físicos, materiais, então pelo menos de imagem. Concretizando: os países europeus poderão sofrer retaliações por parte de Moscovo no que se refere ao abastecimento de gás natural. E os Estados Unidos da América? Haverá alguma área em que possam ser prejudicados pela pátria de Vladimir Putin por terem decidido – tarde e deficientemente, está comprovado – opor-se aos desígnios territoriais do presidente russo? Na verdade, há; mas não se trata de algo que acontece na Terra mas sim… fora dela.
A invasão e anexação da Crimeia pela Rússia, e as subsequentes sanções políticas e económicas aplicadas àquela, podem proporcionar – aliás, já estarão a proporcionar – consequências algo constrangedoras, danos, se não concretos, físicos, materiais, então pelo menos de imagem. Concretizando: os países europeus poderão sofrer retaliações por parte de Moscovo no que se refere ao abastecimento de gás natural. E os Estados Unidos da América? Haverá alguma área em que possam ser prejudicados pela pátria de Vladimir Putin por terem decidido – tarde e deficientemente, está comprovado – opor-se aos desígnios territoriais do presidente russo? Na verdade, há; mas não se trata de algo que acontece na Terra mas sim… fora dela.
A
actual administração norte-americana decidiu, recorde-se, e para além das forças armadas, também «transformar fundamentalmente» a National Aeronautics
and Space Administration: esta passou a ter um papel cada vez mais
preponderante na promoção das causas do «politicamente correcto», como a apologia
do «aquecimento global» ou das «alterações climáticas» - um exemplo, pode dizer-se, de grande «criatividade artística» - e a valorização dos
contributos de muçulmanos no desenvolvimento da ciência; conquistar o espaço
deixou de ser prioritário, e, revertendo uma decisão, ou uma ambição, de George
W. Bush, Barack Obama não autorizou, directa ou indirectamente, o
desenvolvimento de um projecto de «regresso à Lua» nem a concretização de uma
alternativa aos vaivéns após estes terem deixado de ser utilizados…
definitivamente. Tão avessos a poupar, os democratas decidiram fazê-lo exactamente
onde não convinha… Resultado? Os norte-americanos viram-se, e vêem-se, desde
então na contingência – e na (dispendiosa) humilhação – de dependerem dos russos, seus
históricos rivais desde o lançamento do Sputnik, para transportarem os seus
cosmonautas até à Estação Espacial Internacional. Agora, a pergunta óbvia é: e
se Moscovo decidir que as «boleias» nas Soyuz acabaram?
Se
a resposta for… aquela que é mais de recear, a vergonha do outro lado do
Atlântico será incomensurável. E tal será da inteira responsabilidade de Barack
Obama e de quem o «aconselhou» a fazer um «downsizing» da NASA; esta ter-se-á já transformado em «NA(u)S(e)A» - uma situação de grande... gravidade. Entretanto, a vontade de vomitar aumentou com
mais uma (deplorável) intervenção da agência, especificamente no apoio a um
estudo que, sob o pretexto de traçar cenários de «colapso da civilização», acaba
por subscrever, como solução e prevenção, as mais desacreditadas fórmulas
marxistas – indo ao encontro, aliás, do que na ONU se anda igualmente a propor.
É aquilo que se pode designar de «abordagem melancia»: verde por fora, vermelha
por dentro…
Se
no que se refere ao espaço sideral a desistência parece ser a opção dos
democratas, o mesmo parece estar a ocorrer quanto ao ciberespaço. Na Casa
Branca está em curso aquela que Joel B. Pollak designa como «a pior coisa, de longe, que Barack Obama fez em política externa»: a cedência do controlo da
Internet, por parte dos EUA e através da ICANN, à ITU e à «comunidade
internacional» - onde, claro, não faltam países oprimidos por ditaduras ou
«quase-ditaduras» desejosas de controlar e mesmo de eliminar as comunicações electrónicas. Venezuela e Turquia são os membros mais recentes de um (infame) «clube»
onde já têm assento permanente Cuba e a China. Até Bill Clinton está contra a
decisão! Porém, deve-se colocar a questão de os próprios EUA, sob Barack Obama,
se terem tornado uma «nação-prisão» no espaço virtual: os efeitos das
revelações sobre as actividades de «recolha de dados» da National Security Agency (NASA, NSA, isto
estará tudo… ligado?) continuam a surgir e a fazer-se sentir, e o próprio presidente,
ou os seus conselheiros, vêem-se obrigados a dar explicações, e a acalmar os ânimos, de empresas como a Facebook e a Google, cujos fundadores e presidentes
se contavam (será que ainda se contam?), ironicamente, entre os seus maiores apoiantes…
A «América de Obama», caracterizada pelo excesso de propaganda, e pelos abusos estatais sobre cidadãos com recurso a tecnologias cada vez mais sofisticadas, poderia proporcionar a Philip K. Dick ideias e inspirações para novos romances; mas não tanto a Arthur C. Clarke, porque o ímpeto para conhecer novos mundos é quase inexistente... Pelo que voltar
a viajar até à Lua, e, eventualmente, construir lá uma base permanente, e até enviar
uma missão tripulada a Marte, são projectos que, infelizmente, parecem ser e
vão continuar a ser apenas do domínio da ficção científica. Pelo menos enquanto
os democratas continuarem no poder. (Também no Simetria.)
(Adenda - Ao prescindirem de ocupar os «espaços vitais» - o espaço exterior, o ciberespaço - e, ao mesmo tempo, a optarem por diminuírem as suas forças armadas, os EUA estarão a retirar-se e, logo, a renderem-se.)
(Segunda adenda - Há gente que não tem mesmo a noção do ridículo... ao persistir, de uma forma cada vez mais histérica, em aceitar ficções como factos. Nos EUA como em Portugal. Todos, provavelmente, são grandes admiradores de Roland Emmerich.)
(Adenda - Ao prescindirem de ocupar os «espaços vitais» - o espaço exterior, o ciberespaço - e, ao mesmo tempo, a optarem por diminuírem as suas forças armadas, os EUA estarão a retirar-se e, logo, a renderem-se.)
(Segunda adenda - Há gente que não tem mesmo a noção do ridículo... ao persistir, de uma forma cada vez mais histérica, em aceitar ficções como factos. Nos EUA como em Portugal. Todos, provavelmente, são grandes admiradores de Roland Emmerich.)