Tuesday, 14 February 2012

O Estado da Nação

Como jovem que sou e ao ver o estado a que chegámos, gostava de saber o porquê dos sindicatos nunca se terem indignado tanto como andam agora, quando viam ano após ano a dívida portuguesa a crescer fazendo prever o inevitável e apenas os via a pedir aumentos à função publica... Sector que quer se queira, quer não queira, ganha mais do que deve porque o país não produz riqueza necessária e suficiente para pagar os ordenados que têm sido pagos.

Quer se queira quer não, depois do 25 de Abril, a função pública teve aumentos acima do que o país cresceu. Foi um dos erros cometidos no passado e que serviu para comprar votos. Um dos erros que estamos a pagar hoje... com juros.
Acho curioso quando vejo professores universitário, médicos bem colocados a manifestarem-se quando ganham o que ganham... Penso que lhes fazia bem irem trabalhar para uma PME, sentir o mundo real. Sentir se o patrão consegue que lhe paguem a ele para ele posteriormente pagar os impostos ao estado, para o estado ter dinheiro para pagar à função pública e só depois o patrão pode pagar aos seus empregados..
Acho incrível quando vejo e oiço comentários do tipo "O sector empresarial português é incompetente" O sector empresarial português devia ser louvado face às dificuldades que tem passado.

Sobre as criticas ao governo, são normais, mas acho-as ridículas. Criticar quem lá está agora é sempre a solução mais fácil. Mas sabendo todas as asneiras que se fizeram no passado e que nos levaram a esta situação calamitosa devemos pedir responsabilidades a quem? Aos que lá estão agora? Não se resolve um problema de décadas num estalar de dedos... É utópico pensar isso.

Depois oiço dizer que todos os portugueses merecem um ordenado melhor. Concordo em absoluto... MAS...
Será que produzimos riqueza para dar esses melhores ordenados? A resposta é simples... Não!

Os sindicatos e o português comum querem os trabalhadores a ganhar mais, é um pensamento legitimo, mas lamento, o sector produtivo nacional está tão asfixiado como o trabalhador comum.
Aumentar os ordenados podia trazer dinheiro à economia, mas onde é que está o dinheiro? As empresas ditas normais (90% do sector produtivo) não o têm, se não o têm, um aumento salarial generalizado leva a uma asfixia das empresas fazendo-as fechar e criar mais desemprego. Tão simples quanto isso.

Ah mas somos dos que ganham menos na União Europeia. Pois somos, e somos também os que produzimos menos.
Ah mas trabalhamos mais horas... Isso não interessa nada. Por muito que doa é a realidade.

Um simples exemplo, somos muito bons a fazer sapatos, a Alemanha é boa a fazer carros.
Vem um carro de 35.000€ da Alemanha para Portugal. Quantas caixas de sapatos temos de exportar para equilibrar a balança comercial? Matemática da primeira classe... penso que não é preciso dizer muito mais. Se cada par de sapatos custar 50€ precisamos de fazer 700 pares de sapatos para equilibrar isto... portanto 1400 sapatos.
Se pensarmos em tudo o que Portugal tem de importar... tá visto que estamos em maus lençóis.

E agora uma pergunta para os Iluminados que nos meteram no Euro. Como é que é possível que Portugal com um sector produtivo tão fraco consiga ser competitivo quando tem uma moeda tão cara como a francesa, alemã e até mais cara que os Estados Unidos da América!? Não é possível.

Só produzindo mais para exportação e trazendo dinheiro estrangeiro para Portugal podemos ganhar ordenados melhores. Portugal nem com o triplo da produtividade consegue sair do buraco onde se enfiou. A não ser claro com austeridade.
Mas austeridade, leva a recessão, com recessão, menos produção. Com menos produção, mais austeridade... e o ciclo continua até ao colapso.

Sinceramente acho que as apostas que Portugal tem feito em iniciar diálogos com os países lusófonos, são bons indicadores de uma boa estratégia para Portugal. Portugal não tem nada para oferecer à Europa, é um país periférico dentro de uma economia onde é esmagado produtivamente por outro... Tem turismo. Mas turismo não alimenta um país. Países que vivem do turismo têm duas classes sociais. Os ricos e os pobres. Queremos isso para Portugal!? Penso que não.

O Brasil tem um mercado enorme e em expansão, podemos produzir para lá, Angola podemos ajudá-los a desenvolver o país, Moçambique de igual forma. Temos boas relações com a China, já desde os tempos dos descobrimentos, na Índia, outra potência em crescimento, Portugal teve presente em Goa, Damão e Diu... Portugal conhece o mundo, e da Europa nunca teve nada senão guerras.

Mas há um problema para nos expandir-mos para estes mercados, precisamos de uma moeda mais competitiva e que não nos asfixie. Precisamos de ter liberdade para decidir a nossa politica externa e interna.
Primeiro, precisamos de uma moeda mais baixa.
Segundo, não podemos aceitar que o presidente do parlamento europeu venha dizer que por Portugal ter conversações com Angola, o seu futuro é o declínio. Não temos que pedir licença à Europa para seguir o nosso rumo. A Europa asfixiou os nossos sectores produtivos como a agricultura, pesca e industria. Abateram-se frotas pesqueiras, porque vinha peixe da Europa, Deitou-se Leite fora para cumprir as quotas Europeias e havia leite europeu, enterrou-se fruta para cumprir as quotas europeias e vem fruta da Europa... Empobreceram-nos!!!! Deram-nos estradas!? Para quê!? Estão vazias!!! Deram-nos o tecto quando nos deviam ter dado alicerces!!
Responsáveis!? As greves gerais deviam ter sido feitas nessa altura, agora que estamos enterrados é que acordaram para a vida!? Haja dó.

E responsáveis por isto?
Infelizmente o povo como os sindicatos, como os sucessivos governos, todos têm culpa.

Em última análise o povo também é responsável. Afinal de contas todos podemos votar e como se vê pelo estado a que chegámos tem-se votado muito mal.
Quem está a ler isto e a pensar "É por isso que eu não voto" devia estar preso, ou então devia estar a ser governado por um Kadhafi ou algo semelhante.
É o desinteresse pela politica que cria os maus políticos.

Com isto lembra-me aquela frase de um "professor" à uns anos atrás...
"A má moeda tende a afastar a boa moeda" Nada mais certo.
Curioso é ver o estado em que ficou a nação depois da "boa moeda" ter governado o país.
Às vezes é preciso ver para além do óbvio.

Penso que Portugal tem futuro e um bom futuro pela frente, precisa de humildade de todos os sectores para reconhecer os erros cometidos, pois todos erraram.
Portugal precisa de olhar para o passado para compreender o presente e preparar o futuro.

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