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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009



Morre-se de tanta coisa
Quanto a mim
morro-me de ausência ...
morro-me com todo este céu a cair-me por entre os dedos;
pedacinhos de memória pendurados...
morro-me também...
da melancolia,...
quando tu, sem eu saber
porquê, nem te aproximas nem acenas
ah sim, também se morre de silêncio


fonte:Victor Oliveira Mateus
foto: Lilya Cornely

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008



Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como "este foi difícil"
"prateou no ar dando rabanadas"
e faz o gesto com a mão.

O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.


Adélia Prado
foto: Lilya Corneli

domingo, 7 de setembro de 2008



Quem - estando ausente - entra no quarto
Quem deita ao lado meu, quem passa
No meu coração seus lábios quentes, quem
Desperta em mim as feras todas
Quem me rasga e cura
Quem me atrai?

Quem murmura na treva e acende estrelas,
quem me leva em marés de sono e riso
quem invade meu dia após a noite,
quem vem - estando ausente -
e nunca vai?


Lya Luft
foto:Lilya Corneli

sábado, 12 de julho de 2008





Encontro o acaso, o das mãos
o dos favos de mel plantados na planície
encontro o encontrar-me e contra o ar
contra o gesto que fazes de dizer-me:
«agora ou nunca ou sempre ou o difícil
permanecer no ser, ser só a efígie.»

Encontro o acaso e caso encontre a casa
nela me encolho à noite e reconheço
onde a noite não dorme quando dorme
onde me esqueço já de me lembrar
onde finda o silêncio ou a maneira
de se ouvir o silêncio que consome.

Encontro o acaso, a convulsão, o risco
a pouca fome de comer o cru.
Na tarde impetuosa o ímpeto nivela.
Tudo me resta em ível e em ável
possível ou provável, confundível
inevitável, grávil ou fugível.


Maria Alberta Menéres
foto: Lilya Corneli

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Finge


Finge que não me conhecias,
Que por acaso na rua me viste
E sem escolha me escolheste
E sem escolha me elegeste
Tua
De entre todas as mulheres.
Finge que ao ver-me os olhos te perdeste
E ao dares-me a mão descobriste que em mim estavas perdido
Mas que em mim estava o caminho
E me disseste:
- Vem. Quero encontrar-me.
Finge que ao ver-me nua
Nu te viste,
E tão tu e exposto te sentiste
Que com a minha pele te cobriste
Que a minha pele vestiste
Sabendo que tua
Era a minha pele.
Finge que me quiseste tanto que impotente te sentiste
Ante um desejo tão profundo e desmedido
Que insaciados ficaram os sentidos,
E que o teu corpo se tornou súplica
Sofreguidão
Fome do meu.
...
Finge que sem escolha me escolheste.


Encandescente
foto:Lylya Corneli

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