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29 de outubro de 2008

REDESCOBRIR O SAL

Este é o portfólio que enviei para o concurso "Novos Talentos FNAC 2008"; trata-se de um trabalho constituído por 25 fotografias sobre o Padrão dos Descobrimentos acompanhado de uma memória descritiva em prosa, trabalho realizado em conjunto com a M.

Este trabalho fará parte de um livro, a cargo da Editora Chiado, cuja previsão de lançamento será no 1º semestre do próximo ano, em breve darei mais informações sobre este assunto.

Portfólio

1. Uma janela, um passado

2. O olhar capta, a mente viaja

3. Por esse mar fora

4. Guiados pelo Infante

5. Partir é preciso

6. Heróis lendários

7. Madrinha enigmática de Portugal

8. Basta de Cruzes de madeira!

9. Padrões de pedra

10. Bartolomeu Dias


11. De trajes militares


12. Vasco, não largues o rumo!

13. Preparar o caminho

14. Seguir as estrelas

15. Amaram-se os céus, uniram-se os homens

16. Afonso, o de Albuquerque

17. Para onde queres que vá, Senhor?

18. Desejo de converter

19. Peregrinação

20. A pena do escritor
21. Décadas da Ásia

22. Cantando espalharei por toda a parte

23. A espada repousa na pedra

24. Conquistadores e conquistados

25. Redescobrir o sal

MEMÓRIA DESCRITIVA

REDESCOBRIR O SAL

Uma janela, um passado revisitado, recontado no verbo presente. Porque não? O olhar capta, a mente viaja. Que beleza pode existir em estátuas cinzentas para além dos pormenores do escultor? Empoleiradas no alto de um monumento não há ninguém que as chore. E a pedra encerra histórias tão imperecíveis como lendas que alastram pelos séculos. Tantas terão permanecido por contar…

Lusitanos de espírito aventureiro na audácia de transpor o imenso risco da expansão por esse mar fora, seguem na proa da Caravela guiados pelo Infante D. Henrique. Partir é preciso, partir e regressar de uma epopeia, palmilhar cantos inéditos, descobrir mundos novos com riquezas que as águas do mar separam de Portugal. Mal sonham que se tornarão heróis lendários.

A terra fica para trás, o porto é o areal estendido ao sol povoado de mulheres assistindo à partida das caravelas em pranto de lágrimas, desconhecendo o destino dos entes queridos no mar. O rosto da madrinha enigmática de Portugal que gerou os príncipes génios das Descobertas é o rosto das mães, das mulheres, das amadas em angústia que unem as mãos em oração pela protecção dos marinheiros.

- Basta de cruzes de madeira! - Diogo Cão navega pela costa de África com os padrões de pedra, a cruz no topo cravada no selo real marcará a presença portuguesa nas terras recém-descobertas. Entretanto, o rei chama o seu melhor escudeiro: Bartolomeu Dias tem de percorrer a costa africana traçando uma nova rota, a do tão sonhado Oriente. Com toda a coragem na veia, enfrenta mares furiosos e soberbos, converte as temidas Tormentas em Esperança num regresso em glória. No bolso, transporta a carta com uma rota traçada, afinal dois oceanos unem entre si a porta aberta para a Índia.

O mestre da Ordem de Santiago iria percorrer a rota triunfante. De trajes militares, Estêvão da Gama sonha comandar a armada para a Índia quando sente a inevitabilidade da doença e da morte: - Vasco! Não largues o rumo! - Pede o pai moribundo. Vasco da Gama aperta a espada na promessa de continuar o caminho marítimo aberto por Bartolomeu. Urge enviar emissários para preparar o caminho, recolher informações, experientes em técnicas de navegação e cosmógrafos que num olhar para o céu saibam seguir as estrelas.
Após um ano de viagem lutando contra forças de marés e tempestades desembarca no império do destino de corpo e alma. Um sonho não permanecera no ar, fora conquistado. Calaram-se as vozes dos mares intransponíveis, a tenacidade sobrepôs-se à tragédia. Amaram-se os céus, uniram-se os homens.
O império oriental português, reino das especiarias, fundeava-se sob o governo de um Afonso, o de Albuquerque – em Goa e Malaca encontram-se os pontos mais valiosos para o comércio, abramos as portas ao Oriente!

Paira um vazio nas terras conquistadas. Um sentimento de ausência. Os povos de religião estranha desconhecem a doutrina cristã. O Papa recebe o pedido de cedência de missionários para o Oriente.
- Há tanto para fazer. Para onde queres que vá, Senhor? – É a prece constante do jovem Francisco Xavier da Companhia dos Jesuítas. O vento ouve o apelo, embarcando-o destino a Goa. Nove anos de evangelização marcam a sua vida no meio dos nativos, desentranha mentes de infinita pluralidade aprendendo delas a língua, ensina grupos, etnias e culturas na sua diversidade. Um descobridor de povos. O breviário, o crucifixo e o espírito com imenso desejo de converter são as suas armas.

Um mercador aventureiro em expedição pelo Oriente desembarca junto aos portugueses. Fernão Mendes Pinto infiltra-se no meio dos Jesuítas e, tal peregrino, segue os passos de Francisco Xavier narrando o trabalho do jovem evangelizador na “Peregrinação” num estilo inconfundível, tão fantástico que leva a duvidar da sua veracidade. E algures, a pena do escritor João de Barros labuta com afinco desde as partidas às lágrimas, dos prantos nas caravelas aos gritos de triunfo nas chegadas. Gravadas a sangue e fogo nas sublimes “Décadas da Ásia”.

Um homem magro de rosto saliente caminha junto à armada de Pedro Alvares Cabral prestes a partir para o Oriente. Possuído do imenso desejo de embarcar, tornar-se pioneiro da grande aventura pelas rotas marítimas, toma a estrada para a belíssima obra dos Lusíadas cantando o peito ilustre lusitano numa sensibilidade própria, crua, sofrida e esperançosa adivinhando a glória dos navegadores. Camões encontra em Goa a inspiração para se tornar poeta da Humanidade: – cantando espalharei por toda a parte – é a expressão do sentir da alma retratando quase sem fôlego a epopeia dos lusitanos nas terras e nos mares.

E porque já não existem Índias por descobrir, a espada repousa na pedra, os guerreiros de outrora permanecem de olhos postos no horizonte eternamente conquistadores e conquistados numa História que resiste aos séculos.

Importa nem que seja numa réstia de sonho, chegar lá, aos lugares que contam, sentir na pele os mesmos salpicos de mar, mesclar os suores e os prantos e da esperança nascida, redescobrir o sal.



P.S. - A edição de 2008 do Prémio Novo Talento Fnac Fotografia recebeu 176 candidaturas.


Reunido durante os meses de Setembro e Outubro, o júri constituído por Fátima Marques Pereira (professora), António Pedro Ferreira (fotojornalista), António Júlio Duarte (fotógrafo, membro do colectivo kameraphoto), Sérgio B. Gomes (editor do Público Online e autor do Blog Arte Photographica) e Miguel von Hafe Pérez (crítico de arte e comissário de exposições), atribuiu o Prémio a Hugo Rodrigues Cunha, pela sua proposta UM PONTO EXACTO PARA VER.


Os portfólios “A & J” de José Carlos Duarte e “10 Retratos, 10 Esculturas” de Alexandre Delmar foram distinguidos com uma Menção Especial.


Como o meu trabalho não foi um dos premiados a Fnac deu-me autorização para o poder expor seja no blogue seja na edição do livro ou numa exposição que venha a fazer.

Texto Por: M.
"Todos os direitos de autor reservados"

23 de outubro de 2008

O menino, a viola e o sonho

O  menino, a viola e o sonho

O menino apressa o passo
Olha a rua, os muros grafitados
Mas seus pensamentos voam
Por onde caminha não sente o chão,
As pedras, a brisa morna da tarde.
O peso que carrega nas costas é leve
São algodões de sonhos e esperança
Sua vida dura é o peso que lhe faz suar
Todas as agruras, enxugadas pela viola
Pensa na mãe que com carinho o espera
Após um dia de intenso trabalho
Para que seu filho possa sonhar
Ele, a sua esperança e vida
Ela, a que o abençoa todos os dias
Para que possa fazer dos seus sonhos
Realidade, promessa de vida melhor.
A melodia o acompanha
Enquanto sonha, a caminho de casa,
Um mundo melhor.

Por: Desnuda
Blogue: SamDesnuda

"Todos os direitos de autor reservados"

8 de outubro de 2008

INOCÊNCIA ANGELICAL

INOCÊNCIA ANGELICAL

Criança … teu olhar me encanta!
És mesmo genuína e muito angelical!
Desfrutas a vida sem te aperceberes do mal
É para ti que esta onda do mar canta!

Sujas as mãozitas para brincar
O teu copo tem um ar angelical
Como o teu olhar é tão divinal
E dás tanta beleza ao azul do mar!

Brincas na praia, na areia molhada
Teu corpinho inocente tem leveza
A tua infância tem muita beleza
És um anjo protegido por uma fada!!!

Por: Lenita Nabais

Galerias: Fotogénico
Olhares
"Todos os direitos de autor reservados"

1 de outubro de 2008

Anax imperator

Anax imperator

Quer acreditem, quer não, sou um enigma com milhões de anos. Apareci na Terra primeiro que o Homem e o meu corpo tinha setenta e cinco centímetros de comprimento. Sim senhores, setenta e cinco! O maior insecto de todos os tempos! Voava pelas florestas pantanosas com as minhas belíssimas asas cheias de nervuras, planando graciosamente a altas velocidades por entre os grandes dinossauros, fui testemunha do seu apogeu e da sua extinção. Como sobrevivi ninguém sabe, mas hoje tenho mais de cinco mil espécies na minha família espalhadas pelo mundo inteiro e somos os insectos com o aparelho de voo mais perfeito que existe. Fazemos inveja aos pilotos dos aviões com as nossas acrobacias aéreas.

A minha espécie chama-se Anax imperator, vivo nos locais com águas por perto porque só aí posso caçar e prolongar a minha descendência pousando as larvas na água. Acontece que somos cada vez menos porque andam a poluir as águas com químicos que destroem as larvas. O fantasma da extinção paira sobre nós há duas décadas e se nada for feito as próximas gerações só nos conhecerão pelas imagens captadas por pessoas como o Nuno. Porque depois de morta, as minhas lindas cores desaparecem e o meu corpo adopta um cinzento cor de farda. Olham-me e não vêem o que já fui. Depressa sou esquecida.

O meu nome é libélula. Simplesmente libélula. Encontrava-me a sobrevoar as águas caçando mosquitos para me alimentar e uma das asas bateu mal encharcando-se. Não conseguia voar. A mão do menino salvou-me. Ninguém daria pela minha falta mas estou feliz por estar viva e ainda poder voar…

Por: M.
Blog: Citadel
"Todos os direitos de autor reservados"

Acerca de mim

A minha foto
Nasceu na maternidade Bensaúde na freguesia da Nossa Sr.ª de Fátima em Lisboa, no dia 9 de Abril de 1966. Vive presentemente em Mem Martins, concelho de Sintra, distrito de Lisboa. Fotógrafo por paixão, desde bem pequeno sempre admirou os trabalhos de outros fotógrafos mas só de há dois anos a esta parte se dedicou a esta bela arte. Amador e autodidacta, tem tentando aprender os segredos da fotografia; fez recentemente um curso de iniciação à fotografia e pretende fazer mais alguns. Tem ainda aprendido com outros fotógrafos, observando e lendo muito sobre o assunto. Sendo hoje um hobby, gostaria de um dia poder ir mais longe, quem sabe ligado profissionalmente a esta área, hoje é administrador de um site de fotografias nacional: www.fotogenico.net, venha inscrever-se é gratuito. Realizou algumas exposições de fotografia (“Sorrisos” e “Mar”), doando o seu trabalho em prol de um projecto de ajuda aos Mininos di Rua em Cabo Verde. Tem algumas galerias na Internet e um blog onde vai dando a conhecer o seu trabalho. Fotografias de maior interesse: Paisagens, macros, mundo animal, retratos, pôr e nascer de sol, arte digital, desporto e acção, fotografia ligada à nossa história.

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