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sábado, 16 de outubro de 2010

Eu poderia ter sido "o" cara

Eu poderia ter sido "o" cara. Simples assim.
Quando você veio falar de como o mundo andava cruel com sua pessoa, com todos te pisando enquanto procuravam seu próprio lugar "ao sol", eu poderia ter sido aquele que, no meio desse burburinho e caos que mais parecia com um show do Rage Against The Machine, teria te segurado pelas mãos e pela cintura fina, impedindo que te arrastassem no meio desse maremoto de carnes e ossos.
Eu poderia ter sido "o" cara. Mas não fui.
Não porque eu cheguei atrazado. Talvez nunca estejamos atrazados ou adiantados na dinâmica do tempo, pois ele tem seu funcionamento místico que nem mesmo entendemos. Porém, é justamente o que é místico, mágico, intangível e sobrenatural que me pegou pelos pés e deixou de pernas para o ar. É isso que faltou: o feitiço que me transformaria naquele cara.
Eu, homem racional, fui pego por essas irracionalidades da vida que não dão pra entender. Baixei, então, a cabeça, derrotado pelo inexplicável e segui em frente.
Eu poderia ter sido "o" cara. Vai entender porque não fui...

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Escolha (a)normal

Blues para piano, baixo e bateria. (Quem sabe um violino).

Você insiste em me dizer
que quer a vida de volta ao normal
e bem ou mal, só quer saber
como agir pra isso acontecer;

e quer mais tempo,
mais liberdade,
pra trazer de volta o tudo
que estava ao seu redor.

Mas olhe bem, não leve a mal,
se for assim, quem sabe, eu vá desaparecer
da sua vida, do seu olhar,
até a vista, até mais ver.

Posso fazer as malas, arrumar a casa
e dizer bye bye, meu bem,
foi bom te encontrar.

Porém, querida, vou lhe dizer
tenho um último desejo que preciso falar;
é muito simples, pode não ser,
o que eu quero dessa vida simplesmente é você.

Com os seus vícios, suas virtudes
mesmo que isso pareça paradoxal.

Quero você, simples assim,
você, e nossa vida anormal.

terça-feira, 22 de junho de 2010

As cartas que eu não escrevi

Olá, pequena


Eu te devo um texto, uma história e uma vida.

Por enquanto, eu te dou essa carta que eu não escrevi. De pronto, eu te aviso: não sei escrever cartas; (des)aprendi na infância, não sei. Há tanta coisa que eu deixei na infância: o choro, a inocência, o desapego. Talvez por essas coisas, me disseram para voltar a ser como criança; talvez para novamente aprender a fazer cartas.
Ser homem é difícil, pequena. Tomar as decisões certas é difícil. Pois, se eu tomar a decisão certa pelo motivo errado, em essência não vale nada; esse mundo já é muito carente de "essência" para que eu cometa mais esse erro nesse tempo errado e tenebroso que nos rodeia.
Eu tomei a decisão com [e por] você. Um [não] beijo, uma [não] paixão, um [não] olhar. Sou responsável por fazer o que acho certo. Pelo motivo certo.
Em essência, todos estamos bem. Rimos do passado e tiramos as lindas lições, interpretações e representações que a história pode nos ensinar.
Lembro que um dia você me disse que classificava teus homens em escalas. Onde eu estaria nas tuas escalas hoje? Eu não sei; mais uma vez não sei.
Uma coisa só eu tenho certeza: eu fiz o que tinha de fazer. Por isso te encontro satisfeito e com sorriso no rosto. Por isso eu faria tudo de novo.
Só que, dessa vez, te escreveria uma carta.
Natal, 2010.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Os 100

- Pergunta aí, vai!
Ele parou e pensou. Ele, ao contrário dela, não fazia o estilo perguntadeiro. Pensou muito. Finalmente, perguntou:
- 100 anos de rotina ou 100 dias de aventura?
...
Ela olhou com uma cara de quem não esperava aquele tipo de pergunta. Aquela pergunta. Mas, respondeu naturalmente, e até com uma estranha certeza:
- 100 dias de aventura!
Um sorriso dele. Mal esperava, o homem, que ele viveria com ela 100 dias de aventura com carteiras esquecidas, carros quebrados, trilhas enlameadas, pingos de chuva a la balas de metralhadoras, boxeadores e pequenos selvagens subindo pelo seu dorso.
Mal esperava ele gostar de tudo isso.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Que Demora

Putz. Demorei, mas voltei.

Eu tinha que escrever esse maldito texto, com esse maldito título; entretanto, não sabia nem por onde começar. É engraçado como uma cena do cotidiano, que estava a pouco esquecida e foi lembrada de lapso pode mudar essa situação constrangedora de você para com você mesmo. Bem, foi isso.

Como Se Faz Um Verão

Era uma tosse de cachorro feeeeeeia. Daquelas que você tem vergonha de aparecer em público com ela. O problema é que não tinha escolha; tinha que sair de casa. Um amigo de longe veio visitá-lo. Era uma em meio as tantas outras visitas que recebia: gente de longe, de perto, querendo curtir o verão com ele, disposto, animado, como nunca antes. É assim que se faz um verão, ou não é? Muita diversão com vários amigos. Mas, um verão também se faz de paixões.

Ele arriou. Arriou feeeeeeio e naquela sexta-feira a noite não ia sair de casa. Sequer pensou em tal. Mas, se lamentava "Putz! Tava bonzinho! Que merdis!" e todo aquele bla bla bla de homem doente. Não tinha explicação a tal doença: veio e ficou.

Dizem que uma andorinha só não faz verão. Seu amigo não se importou muito com isso, e decidiu ir embora, cair na night. Mas, antes de ir, deixou para ele uma lição:

"Ei, véi"

"Fala, puto"

"Cê tá com saudade dela?"

Ele ponderou. Foi lá e deu voltas e piruetas. Entretanto, não precisava de tanto para lembrar de uma moça que tinha embora fazia tão pouco tempo e de como seu coração se embruteceu e se fechou e como sua mente colocara um cadeado grande nesse assunto até ao Deus dará. Melhor não pensar, melhor não pensar.

Pensou.

"To, bixo, to. To também tentando negar para mim mesmo há alguns dias que não to, e achando que a vida segue assim normal e tal e que o futuro é brilhante, nos surpreende e nos surpreenderá. Prefiro assim: me ignorando a mim mesmo.

"Hé... tá bom"

O amigo não falou mais nada, se dirigiu a porta com sorriso malandro e sabedoria no coração. Mas, ele lembrou que tava doente, e teve que fazer uma última pergunta a seu amigo.

"Ei, puto"

"Fala"

"Me diz aí: já ficasse doente de saudade?"

Seu amigo entortou a boca, mantendo o mesmo sorriso malandro e deu sua última declaração antes de cair na noite.

"Se eu já fiquei doente de saudade? Cara, eu já vomitei de saudade, em tempos que não nem lembrar"

Foi.

E nosso personagem descobriu que nossa mente nega, nosso espírito nos engana; mas o corpo, meus caros, esse nunca mente.

Quanto mais no verão.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Os Dias

[Primeira pessoa]

Quando acordei vi aquela pilha de cuecas para lavar e, claro, veio o desgosto. Minha irmã olha para mim e diz "Lave suas cuecas", "Amanhã eu lavo", respondi. Como toda aquela sua sabedoria de mulher criada para comandar a casa (e o mundo, diga-se de passagem) ela me falou "Você não sabe do amanhã". Sabedoria Salomânica, eu diria.

A noite, quando estou voltando para casa, chove. Chove muito. No cruzamento da ladeira, um gaiato enfia a cabeça do seu carro no meio da pista para, talvez, enxergar melhor, talvez se impor. Pé no freio, os quatro dentro do carro balançam, eu balanço, meu velho e forte Gurgel Carajás 84 balança também e nos danamos no meio-fio; para salvar a pele do gaiato.

Eu posso não saber do amanhã, mas de uma coisa eu sei: lave suas cuecas enquanto você tem tempo, pois, praga de irmã é forte. Bem forte.

ps.: Se me perguntarem se eu tenho medo de morrer, eu respondo: Eu tenho medo é da bronca do meu velho amanhã. E Tenho dito.

sábado, 5 de setembro de 2009

À Meu Amigo Marcos

Desde que acabou o Ensino Médio eu e meu amigo Marcos Negão temos nos encontrado pouco; porém, quando nos encontramos, é um momento gostoso em que podemos falar das últimas coisas que aconteceram e estão acontecendo em nossas vidas. Dedico esse texto a ele, que me fez pensar sobre os últimos anos da nossa vida.

O Exemplo (ou Para Sempre)

- Ela disse que me amava, encostada no meu peito, e disse que queria passar o resto da vida sentindo aquilo, comigo.
- Bem, amigo, e você?
- Eu também.
- Então você encontrou algo especial. É bom, não é? Deus quisesse que eu tivesse encontrado isso.
- Sabe, cara, quando a gente se encontra, costuma falar que demos certo no amor por causa do amor que nos foi dado pelas pessoas ao nosso redor. Principalmente pelas nossas famílias; acho que por isso a gente acredita tanto na família como exemplo.
- Mas claro, meu nêgo... o amor se conhece por exemplos.
- Hum?
- Assim, deixe-me explicar. Um belo dia eu achava que amava meu curso de faculdade, pois conseguia me manter estável, ter boas notas e parecer aos outros que eu era feliz com aquilo; até que eu o encontrei. Ele sim, amava aquilo; tinha olhos vivos quando falava de todo aquele conhecimento, de como podia ajudar o mundo, formar novas mentes pensantes, se enfiar naqueles livros que dariam traumatismo craniano se uma cabeça fosse atingida por eles. Foi aí, aí eu vi que eu não amava aquilo que faço.
- Serio? Você não ama?
- Não amo.
- E agora?
- Oras, meu caro. Acabo o que tenho que fazer e sigo em frente. Pois há alguma coisa que eu amo. E isso eu descobri do mesmo jeito, com exemplos. Mas a gente sabe que o amor se cultiva, se cresce e um dia pode se transformar (acho que nunca se acaba). Mas essa conversa fica próxima.
- Por quê?
- Bem, lá vem seu ônibus. Vai lá...
Ele sobe e procura um assento próximo a janela, no fundo do ônibus. Fico esperando ele partir. Quando o ônibus está saindo, vejo-o atender o celular e penso ler em seus lábios a frase mais sublime da história da humanidade.
- Hey, amor. Eu te amo.

Gustavo Gabriel

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Filme Classe B

Pois é, minha cara, o que eu poderia dizer sobre os filmes Classe B? Primeiro, o óbvio: eles são ruins. Podem até ser feitos com boas intenções, mas...
Aí está o ponto. O que diferencia um filme classe B do outro é, nada mais nada mesmo que, tcharam, você. Sim, além da intenção do filme, importa a sua intenção ao assistí-lo. Sei que um filme classe B é ruim, mas conheço pessoas que adoram classe B, porque as fazem rir (e outros chorar) o que torna os filmes nobres. Chega-se a conclusão que, diferente dos filmes classe A, que importam diretores, atores, a produção bla bla bla, para os filmes classe B importa também a público.

Simples. A arte imita a vida e essa última a arte. Eu tenho uma vida classe B, e só Deus sabe quantas classes abaixo podem existir. Eu não tenho um futuro brilhante (posso ter tido e perdido numa curva dessas de caminho), não tenho "feeling" para as coisas, realmente não sou bom em nada, não tenho um orçamento exagerado, entretanto que serve a produção e posso ser feito com boas intenções, tendo até um bom [Deus] diretor. Mas, acredite(o): sou classe B.

Só que eu rio, moça, eu rio. Eu choro, moça, eu choro.
Porque importa a intenção de quem me assiste a cada manhã. Não a produção.

Por isso, sorria... sorria...

[em homenagem a Ms. Funny]

segunda-feira, 30 de março de 2009

Bola do Mundo

Era o momento esperado.

- E aí?! Cabou a maldita aula?!
- Cabou, macho! Ramuembora!

E era a carrera, o sol quente e torando no centro das nossas cabeças. Mas a nossa ansiedade superava isso, a sede, o asfalto flamenjante.
Chegávamos em casa com um confiança extrema, e todos lá de casa já sabiam o que nós iríamos fazer: correr para a bola.
Sim! Era o jogo! Armávamos as chuteiras, vestiamos os uniformes apropriados (basicamente tirávamos a camisa, pelo calor do local) e eram as horas.

Mas se um dia eu me for embora, e forem comigo os hojes, os finais de manhã agitados, as conversas sobre mulher, as lamentações da semana frustrante, os jogos ficaram no coração, no nosso grande coração... vinte anos depois, tenho certeza que se estivermos vivos, e um dia olharmos um para a cara do outro, diremos para nós mesmos irmos embora à jogar.

Porque no final das contas nossas vidas foram feitas de jogos; e nós jogamos sempre para nos divertir.

A bola estava na mente, a bola era a mente e o que girava ao redor.
E vivam os novos jogadores.

Viva a nossa amizade.