Primeiro sábado do ano, mamãe, papai e filhinho atravessam a cidade para visitar o circo.
Papai havia comprado um voucher nesses sites de compra coletiva e o passeio que custaria 60 reais, por pessoa, custou 10. Papai extremamente feliz pela relativa economia.
Mamãe também está feliz, achou fofo o papai ter planejado um passeio em família sem que fosse uma sugestão dela. No caminho, mamãe admira o papai pela iniciativa e sente vontade de enchê-lo de beijos e abraços. Muito amor !
O percurso é permeado por uma expectativa de estréia, afinal seria a primeira vez do filhinho no circo. Será que ele vai gostar? Será que vai ter medo dos palhaços? Será que vai ficar a vontade?
No pensamento da mamãe uma preocupação predomina: Haverá rampas? Lugares para acomodar a cadeirinha de rodas? As pessoas serão gentis?
O papai, aparentemente não está preocupado, apenas empolgado com o passeio e nota a satisfação da mamãe por sua atitude."Dei uma dentro", ele pensa.
A família chega ao circo, o carro é recepcionado por um homem responsável por receber o valor do estacionamento. Papai pergunta ao homem o melhor lugar para estacionar, tendo em vista o filho e sua cadeirinha de rodas. Papai, mais animado que o natural, revelando uma leve ansiedade, segue em direção ao local orientado próximo a rampa de entrada da lona. Rampa? Isso mesmo. Mamãe sente um alívio ao ouvir essa palavra. Um obstáculo a menos!
Na entrada, filhinho observa curioso o grande castelo de lona com luzes brilhantes a sua frente. Tudo que papai vê são carros, muitos carros e nenhuma vaga.
De dentro do carro papai conversa com outro homem, este, muito simpático e atencioso, encontra uma vaga para nós, re-estacionando seu próprio carro abrindo um espaço.
Enquanto papai conclui o estacionamento, mamãe e filhinho sobem a rampa indicada pelo segundo homem. Encontram um lugar de espera, onde haviam barracas de guloseimas e alguns acentos, em sua maioria, ocupados. Um rapaz chama a mãe e sede gentilmente seu lugar. Ela se senta. Os olhares dos demais visitantes se voltam para eles. Olhares curiosos, simpáticos e de admiração. Mamãe conhece bem esses olhares e não se incomoda com eles.
Papai chega, com a empolgação de uma criança vai comprar pipoca, espetinho de fruta, coca cola , guaraná e algodão doce . Filho está feliz, indica que quer o algodão doce. Mas não come, estranhando a textura. Mamãe e papai se lambuzam com o doce sem a ajuda do filho.
De repente um palhaço é avistado pelo filhinho, o primeiro que ele vê depois do Patati e Patatá. A cara de choro é inevitável. Mamãe percebe e diz, "não precisa ter medo , é o palhaço, ele é legal. Vai ter uma monte deles lá dentro, a mamãe e o papai estão aqui com você não precisa ter medo de nada". Ele sorri. Mamãe sente o mesmo alívio de quando ouviu a palavra "rampa" minutos antes.
Finalmente chega o horário do espetáculo e a família entra no picadeiro. Uma moça indica o local onde devem se acomodar. A princípio pensam em manter o filhinho na cadeira, mas mamãe se lembrou da carinha dele ao ver o palhaço e lança a ideia de assistir ao show com a cria nos braços. Papai gostou da ideia.
Antes de começar, pausa para fotos. ao fundo o barulho da vendedora de batata fritas e de brinquedinhos ordinários ( pistola de bolinha de sabão, bastões fluorescentes) . Filhinho pira com as bolinhas de sabão. De repente as luzes se apagam, ouve-se orientações sobre o uso do celular e outras coisas. Mamãe guarda o celular contrariada, mas ansiosa.
Um malabarista, uma mágica, alguns palhaços, dançarinas, equilibristas, um globo da morte, o king kong , uma moça pendurada pelos cabelos, mais palhaços!
Filhinho sério, mas atento. E quando um palhaço aparecia ele sorria, gargalhava, fazendo festa e apontando... No meio de tanta euforia o olhar dele se cruza com o da mamãe e ela sabe o que ele quer dizer :" Eles são realmente legais mamãe, mas se eu me assustar, sei que você está bem aí"...
Mamãe sente um orgulho danado do papai por proporcionar um passeio tão simples e maravilhoso e do filhinho por curtir como qualquer outra criança serelepe, o entretenimento juvenil .
Por fim a família vai embora , satisfeita, entuchada de guloseimas e uma pistola de bolhas de sabão em mãos. Despedem-se do primeiro homem e do segundo que agradecem a presença da família. "Puxa, muitos simpáticos e receptivos", comenta a mãe. Papai sorri. " Você viu? O palhaço veio falar com a gente". Mamãe não viu, pois tinha ido comprar água. Mas, pelo que parece, o palhaço celebrara a nossa vinda, admirando nossa família.
E no caminho de volta, mamãe olha o papai e diz, "obrigada pelo dia de hoje", papai responde com um logo suspiro e a seguinte afirmação: "Nossa vida é muito boa". Mamãe reitera, " realmente é muito boa". 'Eu te amo", declara papai. "Eu também te amo" corresponde a mamãe.