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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Eu fui. E você?

No sábado que antecedeu ao show de Macca acordei com helicópteros batendo suas pás sobre minha cabeça. Era Sir Paul McCartney chegando ao bairro. Chegou alegre e cortês como o Lorde que é. A banda já estava no hotel desde sexta e aproveitando o tempo quente tomando cerveja no Oca de Savoia. Paul apenas saiu para cumprir seus compromissos e isso era avisado aos vizinhos com sirenes e helicópteros. Assim sabíamos: Paul saiu; Paul chegou. Quando à noite caiu ninguém pensaria que um Beatle dormia ao lado. Tudo estava tranquilo.


Mas, domingo amanheceu efervescente e a vida se resumia ao antes e o após o show.

Mesmo que a fila de entrada fosse grande, observar a variedade do público, a animação das famílias, as músicas sendo cantaroladas em grupos, rever amigos que passavam, filhos, pais e avós unidos por um mesmo mito, foi o grande barato da espera.

Às 20h consegui entrar pelo portão 7 no estádio da Beira Rio e perceber aquele palco imenso crescendo em minha direção. Foi algo impressionante.

Britânicamente, às 21h, as luzes acendem e Paul dá Boa Noite à Porto Alegre.

Inacreditável! Um Beatle, a voz dos Beatles estava em solo gaúcho. Era real!... Impossível conter as lágrimas que ansiavam cair dos meus olhos e em todos os olhos dos que ali estavam. A voz uníssona de mais de 50 mil pessoas ainda ecoa na minha mente.

Não bastasse ter feito um show impecável, ter lavado nossa alma, realizado nossos sonhos e nos brindado com sua gentileza por 03 horas, Sir McCartney, sem necessitar agradar, resolve falar gauchês! A expressão "Bah, tri legal!" jamais será a mesma sem aquele sotaque britânico! E, ao perguntar ao público, já passadas duas horas de show - "Vocês estão bem? Siiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiim! E ele responder: Nós, too. – pode-se perceber que sim, ele realmente se sentia bem em nosso solo.

Paul ainda nos homenageou com fogos de artifício, com a bandeira brasileira tremulante em suas mãos e com uma linda chuva de papéis verde e amarelo que foram gentilmente distribuídos pela brisa fresca e primaveril que soprava na beira do Guaiba sobre nossas cabeças. O tempo foi impecável para receber Macca, e nós abençoados.

Quando o sonho terminou e começamos a rumar para casa, Paul já estava sobrevoando a cidade rumo a Buenos Aires. Não tínhamos chegado em casa e Paul já deveria estar em Buenos Aires. Mas, nesse dia pudemos andar pelas ruas da cidade sem medo, todos juntos e leves. O impacto do espetáculo foi tanto que saímos mudos. Eventualmente uma lembrança forte era maior e lacônicamente um comentário era feito. A resposta era sempre rumorosa: Ahãm...Bah...

E, se fosse possível, para se despedir de Sir Paul McCartney eu gostaria de ter colocado uma faixa na entrada do aeroporto, nos moldes daquelas placas de cidades pequenas e hospitaleiras:

Come again, Paul! Porto Alegre appreciates your visit.



Cenas do show


Terminado o show as pessoas não queriam sair e ali ficaram, esperando algo a mais e recordando algo que jamais voltará a ser apresentado. Pois vocês sabem que Porto Alegre foi agraciada com este show porque o Maracanã não estava disponível. Não fomos a escolha, mas mostramos que poderíamos ter sido e que merecemos esses espetáculos!




 
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