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Wednesday, October 27, 2010

Saber Perder


Título: Saber Perder
Autor: David Trueba
Edição: Alfaguara
Sinopse:
«Sylvia cumpre dezasseis anos no dia em que começa este romance. Para celebrar o aniversário, organiza uma falsa festa que tem só um convidado. Horas depois, sofre um acidente que a levará a descobrir a complexa intensidade da vida adulta. Lorenzo, pai de Sylvia, é um homem divorciado que tenta esconder o vazio que o abandono da mulher e o fracasso no trabalho deixaram na sua vida. O desencanto e a frustração levam-no a ultrapassar fronteiras que nunca julgara possíveis. Ariel é um jovem jogador de futebol que deixa Buenos Aires para jogar numa equipa espanhola. Esmagado a princípio pelo frio anonimato da grande cidade, não tardará a ouvir o estádio entoar o seu nome em êxtase. Leandro, velho reformado, está numa fase da vida em que assiste a mais enterros do que nascimentos. Mas descobre para sua surpresa que ainda está em idade de ser tocado por uma fascinante obsessão.»
Actual, irónico, crítico e, sobretudo, lúcido, este romance notável descreve, sobretudo, os desencantos: o desencanto da jovem Sylvia, presa no limbo entre a adolescência e a idade adulta; o desencanto de Ariel, que descobre que os sonhos não são como os imaginamos; o desencanto de Lorenzo, abandonado pela mulher e traído por um grande amigo, e que é espelho da crise mundial que atravessamos, desempregado, sem dinheiro e sem perspectivas de um novo emprego e que parece encontrar-se junto de um grupo de imigrantes; o desencanto de Leandro, que, confrontado com a morte iminente da mulher, desenvolve uma obsessão doentia que poderá arruinar a pouca vida que ainda lhe resta.
Um livro, acima de tudo, simples, belo, com a narrativa muito bem encadeada, que só peca pelo excesso de gralhas que pontuam o texto.

Nota: 15,5/20
(a revisão deficiente não foi tida em conta)

Monday, August 2, 2010

O Pai da Branca de Neve


O Pai da Branca de Neve


Autor: Belén Gopegui


Edição: Minotauro


Sinopse:
«A protagonista espera em casa que o estafeta do supermercado lhe traga as compras. O estafeta atrasa-se e ela tem de sair. Quando volta descobre que lhe deixaram as compras em casa de uns vizinhos e que os produtos congelados se tinham estragado. Telefona para o supermercado para reclamar. No dia seguinte, tocam-lhe à campainha e ao abrir a porta dá de caras com o estafeta do supermercado. O homem diz-lhe que por causa do seu telefonema o despediram. A professora lamenta o incidente, mas o homem insiste: ela é a responsável, deve encontrar-lhe outro emprego.
A partir deste episódio, Belén Gopegui, uma das mais importantes escritoras da nova geração de romancistas espanhóis, tece uma narrativa que nos leva pelo mundo incerto dos limites invisíveis que unem e separam o privado do espaço público. »

Já andava de olho na edição castelhana, e foi com agrado que vi este título ser publicado em Portugal, e nem sequer o deixei passar pela estante: foi logo parar à mesa-de-cabeceira. A tradução de Miguel Serras Pereira e o esmero colocado na produção da colecção, em particular o design (a colecção já ganhou dois prémios internacionais de design) fizeram-me fechar os olhos ao PVP: 20 €. Após ter lido as primeiras 10 páginas, esqueci-me do preço - valera a pena.
A mensagem que este livro passa é que, tal como o pai da Branca de Neve que assistiu sem intervir às maldades perpetradas contra a sua filha, também nós assistimos ao que se passa na sociedade sem nada fazermos. Sabemos que as coisas estão mal, mas não só nada fazemos para as alterar, como somos cúmplices silenciosos ao permitir a continuação do statu quo.
Trata-se de uma obra excelente, que nos faz reflectir no nosso papel enquanto indivíduos e enquanto parte de um todo.
Nota final: 17/20