museu de arte popular

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Ippar actualiza ficha de inventário do Museu de Arte Popular

O IPPAR/ IGESPAR acaba de actualizar e ampliar a Ficha relativa ao edifício do Museu de Arte Popular que faz parte do seu Inventário do Património – já na sequência da reabertura do respectivo Processo de Classificação.

Ver texto e respectivas notas no blog de Alexandre Pomar.


O Pavilhão Náutico - depois Espelho de Água - em primeiro plano, depois o conjunto de Pavilhões da Vida Popular, com a torre de filigrana; do outro lado da linha, as Aldeias Portuguesas. Foto de Eduardo Portugal, 1940. Arquivo Fotográfico da CML
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O MAP no Inventário do Património do IPPAR

O edifício do Museu de Arte Popular teve no inventário do património do IPPAR divulgado na net uma extensa ficha de identificação, descrição e registo histórico muito mais completa e informativa do que aquela que é agora acessível no site dos mesmos serviços, em vias de integração no actual Igespar.

A versão resumida, que agora se pode ler aqui, é já posterior a 2007 e à "Revogação do Despacho de 12 de Novembro de 1991 que Determinou a Abertura do Processo de Instrução Relativo à Eventual Classificação do Museu de Arte Popular, por Despacho de 28-11-2007 do Director do Igespar".

Note-se que agora se omite a referência ao arquitecto Jorge Segurado, que readaptou o pavilhão de 1940 para a Exposição do Mundo Português para que nele se instalasse em condições definitivas o Museu de Arte Popular, anunciado em 1944 e inaugurado em 1948. A omissão tem especial gravidade por não distinguir entre a configuração arquitectónica do edifício em 1940, no seu exterior e no interior, e o que foi a sua modificação mais ou menos notória entre 1943 e 47. De facto, é esse estado final e actual do edifício (com as suas posteriores alterações) que se encontra salvaguardado pela ZEP e não qualquer "traça primitiva" de 1940.
Outra omissão relevante respeita aos processos de obras que o edifício atravessou, e especialmente as que se iniciaram em 2000, ao abrigo do POC, com vista à reabilitação das instalações do Museu de Arte Popular.

Antes da
"Revogação do Despacho de 12 de Novembro de 1991 que Determinou a Abertura do Processo de Instrução Relativo à Eventual Classificação do Museu de Arte Popular" - por Despacho de 28-11-2007 do Director do Igespar - era assim:
PATRIMÓNIO
Protecção
Em vias de classificação; incluído na Zona Especial de Protecção do Mosteiro de Santa Maria de Belém (v. PT031106320005)

Enquadramento
Urbano, destacado, isolado, implantado em plataforma costeira, junto ao Rio Tejo entre as docas de Belém e de Bom Sucesso. A N., separado pela estrada e linha férrea de Cascais, o Centro Cultural de Belém (v. PT031106320402). A O., os edifícios da Defesa Marítima e a E. o Espelho de Água (v. PT03110320601) e o Padrão dos Descobrimentos (v. PT031106320600).

Descrição
De planta irregular, em L, composta pela articulação de vários corpos de planta rectangular e quadrada, o edifício apresenta volumetria escalonada, sendo a cobertura efectuada por telhados a 4 águas e em terraço. A organização dos volumes acentua a sua distribuição horizontal, e caracteriza-se genericamente por corpos de duplo pé direito, com caixa murária em reboco pintado com roda-pé em tijolo, e abertura a ritmo irregular de janelões estreitos rectangulares, dispostos em agrupamentos.
O alçado principal a N. é constituído por 5 corpos interligados entre si. Distingue-se a O., corpo mais elevado de secção quadrada, que se assemelha a uma torre sineira, apresentando, a preceder a cobertura, 1 janela de peito por alçado. A eixo e num corpo reentrante relativamente aos 2 corpos que o ladeiam (situados no mesmo plano), identifica-se o acesso principal ao interior do edifício: 3 arcos de volta perfeita, perfurados ao nível do piso térreo por vãos de verga recta, e preenchidos superiormente por material cerâmico disposto de forma padronal.
Ao corpo intermédio a O., flanqueado pelo acesso e pela torre, adossa-lhe um corpo rectangular que actua como pátio interior; localizado num plano avançado relativamente aos corpos descritos, podem observar-se alçados com abertura de arcaria em volta perfeita. Identifica-se ainda na parte posterior do corpo a E., caixa murária sobrelevada, revestida de material cerâmico, correspondente a um outro módulo do edifício.

Nos alçados laterais, destaca-se a integração de painéis escultóricos com representações em baixo e médio relevo de várias actividades rurais.

Com acesso através de átrio amplo, os espaços definidos pela volumetria exterior, articulam-se entre si no interior, através de corredores, e correspondem a diferentes zonas temáticas do Museu, em cuja componente ornamental se destacam obras de pintura e escultura aplicadas à arquitectura da autoria de Fred Kradolfer, D. Tomaz de Melo (Tom), Bernardo Marques, Carlos Botelho, Emmérico Nunes, José Rocha, Estrela Faria, Paulo Ferreira e Eduardo Anahory. (*)

Arquitecto Construtor Autor
ARQUITECTOS: António Maria Veloso Reis Camelo (1899 - 1985) e João Simões (n. 1908) / Arq. Jorge de Almeida Segurado ( 1898-1990 ), adaptação a museu anos 40;
ESCULTORES / PINTORES: Fred Kradolfer, D. Tomaz de Melo (Tom), Bernardo Marques, Carlos Botelho, Emmérico Nunes, José Rocha, Estrela Faria, Paulo Ferreira e Eduardo Anahory. (*)

Cronologia
1940 - inauguração do edifício integrado no conjunto construído para a Exposição do Mundo Português de 1940, integrando a Secção da Vida Popular, organizada pelo Secretariado da Propaganda Nacional, aquela Secção de Vida Popular possuía 3 pavilhões ligados entre si recorrendo ao folclore como veículo do nacionalismo português, considerando os brandos costumes e o Estado Novo como factores de paz e refúgio;

1941- concurso público lançado pela Comissão Administrativa do Plano de Obras da Praça do Império e da Zona Marginal de Belém, para adjudicação da empreitada de adaptação e modificação dos Pavilhões da Secção Etnográfica Metropolitana a Museu de Arte Popular, sendo lançadas sucessivas empreitadas (**); o acervo do museu, basicamente do séc. 20, baseia-se na recolha de peças para a Exposição de Arte Popular Portuguesa, apresentada em Genebra, em 1935;

1948 - inauguração do Museu após uma adaptação às novas exigências funcionais, com algumas alterações construtivas, em particular nas fundações e paredes exteriores, considerando 5 salas representando as regiões de Entre-Douro e Minho, Trás-os-Montes, Beiras, Estremadura, Alentejo, Ribatejo e Algarve;

1970 (década de) - desse conjunto de edifícios, também designados por secção Etnográfica Metropolitana foram demolidos corpos a Poente onde se inseria a torre farol, que subsiste ainda hoje a SW, isolada;

1991 - por despacho datado de 12 de Dezembro foi determinada a abertura do processo de classificação do imóvel;

1995 - inauguração da Sala de Exposições Temporárias.

Tipologia
Arquitectura civil educativa e cultural, do Estado Novo - pavilhão de exposição / museu.

Características Particulares
De volumetria agarrada ao terreno possui uma gramática arquitectónica e decorativa de influência historicista e popular com grande unidade e simplicidade na composição das suas fachadas. O edifício do Museu constitui hoje um dos objectos memória e simbólicos da Exposição do Mundo Português de 1940, onde como Pavilhão Expositor de carácter efémero e cenográfico integrava a Secção de Vida Popular. As obras a que foi sujeito para museu, não alteraram o seu carácter.

Dados Técnicos
Paredes autoportantes

Materiais
Alvenaria mista ( tijolo na sua maioria ), reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado

Intervenção Realizada
DGEMN:

1941/1948 - estudo de consolidação; substituição das fundações das paredes com 0.40 x 0.50m por alvenaria de pedra rija; no solo uso complementar de estacas betonadas com comprimento médio de 3.00 m: 2 estacas na periferia e no eixo da fundação das paredes, 4 estacas nos cunhais das paredes, 1 estaca intermédia no eixo da fundação das paredes com 5.00m de distância entre montantes e intervenção ao nível das paredes exteriores, para remodelação para a nova função;
1950, Janeiro - Reparação do tecto e telhados do claustro: levantamento da cobertura, substituição dos madeiramentos, arranjo dos beirados e tectos, nova cobertura em telha portuguesa, tectos de madeira e estafe e pintura a óleo das madeiras;

1985 - reparação da cobertura e dos esgotos na zona denominada dos claustros;

1995 - obras de recuperação; inauguração de uma sala para exposições temporárias;

2000 / 2003 - Projecto de reabilitação - 1º fase ( MAP - salas das Beiras, Ribatejo, Estremadura e Alentejo ): demolição das esteiras, instalação da rede eléctrica, protecção de pinturas murais e do espólio museológico; renovação das coberturas; drenagem dos pavimentos térreos, drenagem periférica, pré-instalação de redes eléctricas e de detecção de segurança, reabilitação das instalações sanitárias; Aplicação de tijoleira, recuperação e tratamento de paredes; recuperação das carpintarias das escadas e galeria; Protecção de pinturas murais nas salas Algarve, Pátio, Trás-os-Montes e Entre-Douro e Minho; Acondicionamento e transporte das peças museológicas das Salas do Átrio, Trás-os-Montes, Entre- Douro e Minho para as Salas das Beiras e Alentejo; Recuperação de vãos interiores e exteriores ( portas e janelas); recuperação de gradeamentos ( exteriores ); Restauro de equipamento de expositores ( madeira, vidros ); colocação de todo o equipamento sanitário; colocação de estores interiores tipo sol-screen; pintura de paredes interiores; instalação de rede de segurança ( Incêndio e Introsão );

2004, Setembro - Projecto de Reabilitação - 2ª fase (Espaço da Recepção, Salas Entre-Douro e Minho, Trás-os-Montes, dos Carros e do Algarve): Reabilitação e recuperação das coberturas e suas estruturas correspondentes aos espaços da Recepção e das salas de Entre-Douro-e-Minho, Trás-os-Montes, Algarve e dos Carros, optando-se por painéis sandwich de estrutura semelhante à cobertura jà reabilitada, contemplando a execução de caleiras, o capeamento das empenas e dos muretes a chapa de zinco nº 12 com juntas agrafadas e a colocação de tubos de queda das águas pluviais e respectivos capitéis em cobre, com secção de 80 x 120mm, em cor natural, que se tornará acastanhada com o tempo, e mangas protectoras até à altura dos socos das fachadas; execução de escada interior em aço galvanizado, de acesso às coberturas pela Torre, e de 5 escadas exteriores de articulação e acesso entre as coberturas das diversas salas, do mesmo material; defenição das grelhas metálicas, alçapões, guarda pés e guardas de protecção laterais dos passadiços do Tipo 1 e 2, de visita aos plenos da cobertura, do projecto de estruturas; execução de uma rede de Iluminação e de detecção de incêndios junto à cobertura de apoio ao respectivo pleno ( em fase posterior será integrada uma 2º rede nos tectos falsos ); construção provisória de um túnel de acesso às respectivas instalações devidamente protegido; protecção dos frescos nas Salas da Recepção e do Algarve de modo semelhante ao executado na 1ª fase das obras; protecção do mobiliário fixo nas Salas de Recepção e Entre-Douro-e-Minho, de modo semelhante ao executado na 1ª fase das obras.


(*) Esta lista de pintores decoradores indicada pelo Ippar corresponde ao registo dos colaboradores da Exposição do Mundo Português em 1940, nos Pavilhões da Vida Popular. Essas foram decorações efémeras para um pavilhão temporário, e só alguns dos anteriores decoradores foram chamados na seguinte fase de obras que se iniciou em 1942 e se encerrou em 1948 com a inauguração do Museu de Arte Popular. D. Tomaz de Melo (Tom) orientou a equipa de pintores de 1947-48 em que participaram comprovadamente Carlos Botelho, Estrela Faria, Paulo Ferreira, Eduardo Anahory e o muito presente Manuel Lapa. Mas já não Fred Kradolfer, Bernardo Marques, Emmérico Nunes e José Rocha, tanto quanto agora se conheced. Este erro, que tem origem no volume comemorativo editado já em 1956 - Mundo Português. Imagens de uma Exposição Histórica, 1940 - foi muitas vezes repetido.
Essa mesma lista omite os escultores, que foram Barata Feyo e Henrique Moreira, em 1940, mais Júlio de Sousa em 1943-48, além da fonte decorativa com elefantes que foi desenhada por Cottineli Telmo em 1942, da junta de bois que aí permanece (projecto de 1943) e de 9 bonecos decorativos da autoria de Maria Keil, entretanto desaparecidos.

Sobre as esculturas decorativas encomendadas para o Museu de Arte Popular (1942-48)
ver,
Helena Elias, "A EMERGÊNCIA DE UM ESPAÇO DE REPRESENTAÇÃO: ARTE PÚBLICA E TRANSFORMAÇÕES URBANAS NA ZONA RIBEIRINHA DE
BELÉM", in On the W@terfront nº 6, sep. 2004, publicación online del Centre de Recerca Polis de la Universitat de Barcelona - http://www.ub.edu/escult/Water/waterf_06/W06_03.pdf
(consultado em 2009.Junho.10)

Alexandre Pomar


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