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terça-feira, 27 de agosto de 2024

Originalidades extraordinárias do inimitável Botafogo de Futebol e Regatas

por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo

I

É curiosa a suposta ‘nova’ ideia que por aí circula sobre a necessidade de ressignificar a expressão «há coisas que só acontecem ao Botafogo», tida apenas como conotação exclusivamente negativa, mas que também tem sido bastas vezes intérprete de acontecimentos positivos – como se fosse a primeira vez que se tenha falado nisso, como se não houvesse passado nem autorias e tudo fosse reinventado nos dias atuais em tempos de euforia.

É verdade que começou sendo algo negativo e referia-se tanto ao Botafogo como ao Vasco da Gama, acabando por, mais tarde, cair do dito popular a menção ao Vasco da Gama.

Todavia, há muitos anos, tanto o saudoso Roberto Porto como o editor do Mundo Botafogo (dezenas de vezes) mencionaram o caso e usaram a expressão tanto para aspectos negativos como positivos, porque a vida do Botafogo é tão recheada de dores e alegrias, de dramas e glórias, que a expressão ajusta-se com uma luva ao nosso Clube – nos melhores e nos piores momentos, porque uns e outros costumam levar sempre consigo o ineditismo que é marca registrada do nosso Clube.

II

Por exemplo, quando alertei para o enorme risco de nomeação da dupla Lúcio Flávio e Joel Carli – totalmente inexperiente em matéria de condução técnica de uma equipe de futebol – na publicação Novo rumo, novas responsabilidades, novos riscos, escrevi o seguinte:

«Quanto a mim, uma decisão desacertada, porque nem Lúcio Flávio, nem Joel Carli têm qualquer experiência de condução de uma equipe principal. Os resultados da equipe B comandada por Lúcio Flávio são desoladores e de Joel Carli nada se sabe.

Ora, face à enorme responsabilidade de se conduzir o Botafogo a um título que há quase três décadas não se concretiza, parece ao editor do Mundo Botafogo que essa decisão é um risco tremendo par todos nós e mesmo para a dupla que agora conduzirá o nosso destino em campo.

A torcida pediu um técnico de renome, os decisores botafoguenses oferecem um técnico e um auxiliar não somente sem renome como absolutamente alheios à fineza técnica que se exige no momento.

Talvez dê certo – e tomara de sim! – pelas razões aduzidas, mas se realmente acontecer o título brasileiro nestas condições inóspitas, o Botafogo poder-se-á consagrar, para o bem e para o mal, definitivamente, tal como o dito popular nos define, que “há coisas que só acontecem ao Botafogo”.»

 

III

E o registro do Inglês virou milionário com a camisa do Botafogo? Eis um excerto:

«No dia 12 de setembro de 2022 o inglês Sam Grafton envergou a camisa do Botafogo durante a decisão do Triton Poker Cyprus 2022, a mais de dez mil quilômetros do Rio de Janeiro, e faturou o maior prêmio da sua carreira, no valor de R$ 28 milhões.

Ele comentou: “Se continuar a ter resultados assim terei que usar mais vezes. Acho que agora sou um torcedor do Botafogo para a vida toda." 

Agora me digam: há alguém que duvide que “há coisas que só acontecem ao Botafogo”?»

IV

Na Publicação Botafogo 2x0 Patronato: operários alvinegros de fio a pavio, a propósito do 'nosso' Bilionário acionista maioritário e a designação do clube adversário, escrevi:

E, finalmente, mais um ineditismo deste Clube fantástico que possui as mais belas histórias de vida: ter um bilionário americano na arquibancada torcendo contra o ‘Patronato’ é uma das “coisas que só acontecem ao Botafogo!”»

V

E a publicação Nicole Bonilla, equatoriana e candidata a Miss Botafogo em que uma equatoriana vivendo no Brasil (em Campinas) há apenas seis meses candidatou-se a Miss Botafogo? Então, escrevi o seguinte:

«Nicole define-se assim: “gosto muito de dançar, viajar, aprender, sou uma pessoa alegre e extrovertida, gosto de esportes, adoro futebol e gosto muito do Botafogo.”

Equatoriana candidata a Miss Botafogo?... Seja bem vinda porque... há coisas que só acontecem ao Botafogo!»

VI

E que clube alguma vez ostentou um goleiro arquimilionário? Na publicação Ermelino Matarazzo: o goleiro arquimilionário do Botafogo (I) houve um clube que teve essa inédita ocorrência:

«Apaixonado por futebol e pelo Botafogo de Futebol e Regatas, Ermelino Matarazzo tinha por objetivo tornar-se jogador de futebol profissional e considerava ter talento para o efeito. Uns diziam que sim, mas outros consideravam que o futuro industrial bem-sucedido estava bem longe de se fixar como atleta amador, quanto mais como profissional.

Todavia, tendo ou não talento futebolístico, a verdade é que Matarazzo dispunha de um sobrenome poderoso e influente e uma conta bancária abundante. E isso foi decisivo para se ‘profissionalizar’, havendo nota da sua família ter tido a honrosa fama de pagar para que Ermelino Matarazzo fosse reserva de Oswaldo Baliza, campeão carioca pelo Botafogo em 1948

VII

O jóquei José Ricardo, o 'Ricardinho', filho do jóquei Antônio Ricardo do qual fui fã na minha juventude, igualou o recorde mundial de vitórias pela primeira vez com a camisa do Botafogo, a qual nunca tinha envergado em corridas de cavalos antes desse dia e cujo feito registrei na publicação Jorge Ricardo, recordista mundial de turfe:

«Com camisa listrada alvinegra, chapéu branco e uma Estrela Solitária ao peito, o jóquei venceu a sua 9.591ª corrida no turfe, igualando o recorde mundial de vitórias do canadiano Russell Baze. Ricardinho assumiu publicamente amor ao clube carioca e gracejou dizendo que a vitória só foi atingida devido ao uniforme:

– “Tinha que ser com a camisa do Botafogo, eu sabia! Não poderia mesmo ser só coincidência. Sempre torci para o clube e fico feliz que tenha chegado a essa marca vestindo as cores alvinegras” – comemorou o jóquei

VIII

Na publicação O não-gol que era gol ou coisas que só acontecem a Botafogo e Flamengo, ironizando o Flamengo quando o árbitro apitou o final da partida um segundo antes de a bola entrar na baliza flamenguista, não validando assim o gol botafoguense, mencionei o seguinte:

«Porém, a verdade é que, desde sempre, “há coisas que só acontecem ao Botafogo” quer no plano negativo e positivo, quer no plano engraçado e original.

Por exemplo, só pode ser engraçado que um jogador do Botafogo tenha beijado o árbitro durante a partida ‘agradecendo-lhe’ assim, ironicamente, por ter marcado uma falta inexistente e anulado o ataque do Botafogo. Estupefato, e sem saber como reagir, o árbitro mostrou-lhe o cartão amarelo.

Também se pode considerar original o famoso Jogo do Senta quando os atletas do Flamengo se sentaram em campo quando tomaram um gol legítimo do Botafogo, que ampliou o placar para 5x2, contestando a validade da partida, acabando ali o jogo com vitória do Glorioso por goleada.

Enfim, são muitas as histórias tanto pitorescas (Mimi Sodré indicando ao árbitro que o seu gol devia ser anulado porque a bola lhe bateu na mão ou Carlito Rocha com as inúmeras histórias do Biriba, das gemadas dadas aos jogadores e das cortinas amarradas antes dos jogos), quanto dramáticas (a tragédia de Dinorah, vítima de uma bala de XXX dirigida ao seu irmão Dilermando, que o paralisaria e o levaria ao suicídio, o enlouquecimento e a morte de Heleno de Freitas ou os inúmeros acidentes de atletas do Botafogo que pereceram por assassinato ou por acidentes improváveis)

IX

E se falarmos de conquistas que só aconteceram ao Botafogo, tais como a maior goleada do futebol brasileiro, a maior sequência invicta em campeonatos brasileiros, o primeiro Clube carioca campeão brasileiro de futebol, basquetebol e voleibol, as maiores goleadas em decisões do campeonato carioca de futebol amador e de futebol profissional (ambas sobre o Fluminense), o único clube multiesportivo brasileiro campeão em três séculos, etc., etc., etc…

E se o/a leitor/a ainda quiser mais, consulte, na orelha direita do blogue, as inúmeras publicações contidas nas Etiquetas ‘curiosidades’, ‘especiais’ e ‘matizado’ e haverá muitas surpresas sobre os extraordinários acontecimentos vividos pelo nosso Grandioso Clube.

X

Há muitas e muitas outras histórias inéditas neste Clube com 130 anos de Glórias, mas vamos reter finalmente uma última história, aquela história engraçada do blogueiro nascido em Lisboa, filho e neto de famílias portuguesas, que viveu uma década no Rio de Janeiro e ganhou uma irmã e primos cariocas, que é o editor do blogue Mundo Botafogo, o único acervo digital em todo o mundo que conta e acompanha toda a história do Botafogo diariamente há 16 anos e 9 meses.

E que no seu perfil se identifica pelo texto «a saga botafoguense acompanha-me desde longa data e na minha alma vibra uma paixão incomensurável pelo Glorioso Clube da Estrela Solitária.»

Há algum outro clube brasileiro que tenha um torcedor fisicamente não-brasileiro tão loucamente apaixonado e que conte no seu blogue toda a história desse clube em todas as modalidades desportivas que disputou? – É caso para dizer, definitivamente, que «sempre houve, há e haverá coisas que só acontecem ao Botafogo!»

VIVA O INIMITÁVEL BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS!

segunda-feira, 22 de julho de 2024

O Banqueiro e o Passarinho

[Nota preliminar do Mundo Botafogo: (1) o artigo que se segue, de Araújo Netto, transcreve-se exatamente como foi escrito à luz da ortografia da época; (2) a posição assumida por Paulo Azeredo, responsável por oito dos doze campeonatos cariocas ganhos pelo Botafogo entre 1907 e 1962, evidencia a exigência de respeito ao Botafogo – mesmo em se tratando de Garrincha –, tal como Carlito Rocha também o fez em diversas ocasiões da sua vida dedicada ao Glorioso; (3) este é o Botafogo que eu conheço, que obriga a ser respeitado e respeita os outros.]

por ARAÚJO NETTO | O Cruzeiro, nº 27, 1963

Um jornal francês informou aos seus leitores, nos dias da guerra Mané x Botafogo, que o Banco Nacional do Brasil e o seu presidente tinham interrompido suas atividades para evitar a fuga do mais fabuloso passar brasileiro: o incomparável Garrincha.

A fantasia francesa foi longe demais. O Banco do Brasil não parou, muito menos o seu presidente. Mas entre as personagens centrais da grande questão houve, sim, um banco e um banqueiro que nunca faltaram no noticiário: o Banco Nacional de Minas Gerais e o banqueiro José Luiz Magalhães Lins, que não pararam, mas tiveram seus hábitos e horários profundamente alterados em todo o desenrolar da crise.

A imponência e a austeridade do banco, de seus longos corredores, de suas paredes de mármore, de seus gabinetes, foram, nos sete dias decisivos da crise, perturbadas e alvoroçadas pelas manchetes sensacionais e pela presença irreverente de seus fabricantes.

O banqueiro – homem jovem, prático, meticuloso e objetivo, torcedor do América Futebol Clube – no desfecho do caso quase se assusta com a contabilidade dos minutos e das horas (45 ao todo) gastas no grande esforço para devolver a Garrincha e ao Botafogo a paz que haviam deixado escapar.

A conclusão do balanço, porém, deu ao banqueiro uma certeza confortadora – a do lucro extraordinário que obtivera na operação: enredando-se na trama, êle fêz muito mais do que servir ao futebol, paixão popular, porque resguardou e defendeu um môço atordoado e indefeso – Garrincha, homem e ídolo do povo.

Como e por que se explica a participação do banqueiro respeitável na novela popular?

Garrincha entrou pela primeira vez no gabinete do banqueiro há quase um ano, pouco depois de sua volta triunfal do Chile, levado por três amigos jornalistas.

Garrincha guardava, em sua casa e em Pau Grande, uma pequena fortuna em dólares e em cruzeiros. Dinheiro imobilizado, inaplicado, corroído pela inflação. Os jornalistas sugeriram-lhe que se aconselhasse com o banqueiro.

Em pouco tempo, como a um passe de mágica, dólares e cruzeiros multiplicavam-se, para alegria e espanto de Garrincha.

Em pouco tempo, José Luiz Magalhães Lins, para Garrincha – o passarinho – era muito mais do que um banqueiro. Era um bruxo. Dono de uma milagrosa varinha de condão.

Numa noite de domingo, quinze dias atrás, Garrincha voltava da Ilha do Governador, em seu carro, quando resolveu ligar o rádio para ouvir um pouco de música. No mesmo instante o aparelho pôs-se a falar. Mas palavras duras, grosseiras, de um locutor panfletário. Tôdas as acusações, de agressões a êle. Era só um mercenário a explorar o Botafogo – ficou sabendo pelo locutor.

Garrincha aceitou a provocação. Quando chegou ao estúdio da emissora, sua intenção era dar uma surra no insolente. Com a conversa, acalmou-se. Explicou-se, defendeu-se, acusou o Botafogo. Aceitou o convite para uma entrevista sensacional.

No dia seguinte, dos primeiros telefonemas que o banqueiro José Luiz Magalhães Lins atendeu, um foi do Dr. Paulo Azeredo, presidente licenciado do Botafogo. Uma das “glórias” do grande clube, atingido pelo desabafo de Garrincha.

– Imagine, Dr. José Luiz. Que o Garrincha concordou com o locutor que nos chamou de vigaristas! O senhor precisa falar com o Garrincha, Dr. José Luiz. O Botafogo está desmoralizado.

O banqueiro é um homem de decisões rápidas. Procurou Garrincha no Rio e em São Paulo. A entrevista entre os dois foi marcada para o dia seguinte.

No dia seguinte, Garrincha estava com o seu contrato suspenso e multado em 60% dos seus salários pelo Botafogo ofendido.

Garrincha não faltou ao encontro. À hora marcada, entrou no gabinete do banqueiro – que, para êle, às vezes, é Doutor Zé, “meu chapa”, ou apenas “Zé”.

Desfiou a história, enumerou suas razões.

Queria que o Botafogo lhe desse Cr$ 10 milhões para voltar a jogar. Queria uma participação de 50 dólares em cada jôgo que o Botafogo disputasse na Europa. Ficou surpreendido quando o banqueiro achou pouco 50 dólares, quando soube que o Botafogo ganharia 12 mil dólares por jôgo feito com êle no time. Então, queria 50 contos! Espantou-se e não entendeu mais nada quando o banqueiro insistiu: 50 contos também não valiam coisa alguma.

A partir daquele momento, o banqueiro José Luiz sentiu toda a responsabilidade que lhe pesava. Garrincha precisava voltar ao Botafogo, desistindo da idéia de mudar-se para a Espanha. Mas precisava voltar sem se humilhar; preservando-se a sua dignidade de bicampeão do Mundo.

O Botafogo, que tanto precisava de Garrincha, só o aceitaria de volta com uma ampla e definitiva reparação. Um perdão total seria o melhor.

A primeira carta foi feita e assinada por Garrincha. O Botafogo recusou-a. Era altiva demais.

Quatro novas redações foram tentadas e discutidas, cada vírgula, cada verbo, cada substantivo.

Por um momento, quando o banqueiro informava à imprensa da primeira e inesperada recusa do Botafogo, Garrincha cedeu a um impulso. Na presença de todos os jornalistas, cantou um sucesso do último carnaval: “Eu agora sou feliz”…

A crise teve de tudo um pouco. Do dramático ao rocambolesco. Do pitoresco ao cômico.

Várias vezes, o banqueiro José Luiz interrompeu as negociações com o Botafogo para atender o telefone internacional, com chamadas de Washington que o informavam sobre as marchas e as contramarchas da missão San Thiago Dantas.

Uma noite, a 100 quilômetros de velocidade, o banqueiro viu-se na contingência de fugir da perseguição da reportagem para encontrar-se com Garrincha num restaurante à margem da estrada de Jacarepaguá. O garçom que o atendeu recusou-se a servir uísque a Garrincha. Era um botafoguense sincero:

– Tenham paciência, mas uísque eu só sirvo ao Garrincha com autorização da diretoria do Botafogo. Garrincha, Garrinchinha, volta ao clube. Não pede 10, pede 15 milhões que nós te damos. Mas, por favor, te cuida.

E na presença de uma testemunha importante, falando sério, Garrincha pela primeira vez resolveu dar uma instrução ao banqueiro sôbre a aplicação de Cr$ 25 milhões depositados na sua conta:

– Quero que você transfira todo esse dinheiro para as minhas sete meninas. Para viver, só preciso de Cr$ 40 mil por mês.

Afinal, na 12ª noite da guerra criada com a entrevista, a paz foi celebrada. Com uma nova carta que não humilhava Garrincha e reparava o Botafogo. Com um brinde de champanha trocado entre o banqueiro e a diretoria do clube. E com o passarinho dormindo outra vez tranquilamente.

Desassombrosa atitude!

Fonte: Boletim Oficial do Botafogo, agosto / 1957.

[Nota preliminar do Mundo Botafogo: (1) a carta que se segue, de Carlito Rocha, transcreve-se exatamente como foi escrita à luz da ortografia da época; (2) a carta enviada ao então Presidente da Federação Metropolitana de Football do Rio de Janeiro declinando um convite por falta de respeito ao Botafogo anteriormente. Hoje como Ontem, é preciso firmeza para se impor o respeito público ao Botafogo!]

por CARLITO ROCHA | Ex-Presidente do Botafogo de Futebol e Regatas

Gentileza (Acervo) de ANGELO ANTONIO SERAPHINI | Colaborador do Mundo Botafogo

Rio, 27 de julho de 1957

Senhor Presidente

Em respostas à carta que V. Sa. me endereçou, e na qual só agora, cêrca de um ano após, me comunica a tão grata resolução tomada pelos queridos clubes que compõem a Federação Metropolitana de Football, de me concederem o título de Benemérito, o que muito me honrou, declaro não aceitar o convite feito por V. Sa. para comparecer e receber o respectivo diploma. Criado nos desportos e, portanto, em sua escola de civismo e lealdade, não furtar-me a dar as razões porque não comparecerei à solenidade em aprêço. Há tempos pretendeu V. Sa. apresentar o BOTAFOGO como desleal à Cidade, que  viu nascer e crescer à sua sombra, há mais de meio século. Como motivo, alegou V. Sa. a gravíssima falta de solidariedade do BOTAFOGO à representação desportiva da Cidade, retirando jogadores que a vinham defendendo.

Mais do que ninguém, V. Sa. estava certo do contrário, pelo constante e decidido apôio que, por meu intermédio, vinha a referida representação recebendo do Botafogo, que, para bem fazê-lo, não media sacrifícios. Solicitei, então, à Diretoria do BOTAFOGO, como é público e notório, em sinal de protesto por aquela sua atitude, o não comparecimento do representante do Clube às reuniões que fossem presididas por V. Sa. até que, a constante ausência do Clube irmão e leal companheiro ferido, falasse aos laços de estima e solidariedade, sempre existentes entre todos, o que os irmanaria, na repulsa devida a todo aquele que, como V. Sa., viesse a atingir a um dêles.

Coerente com êsse ponto de vista, não entrarei nesta querida Casa, fruto do esforço de tantos, muitos dos quais já se foram, enquanto V. Sa. fôr o seu presidente. Era o que, sincera e francamente tinha a dizer a V. Sa.

Saudações

a) Carlos Martins da Rocha

Fonte: Boletim Oficial do Botafogo, 1957.

sexta-feira, 19 de julho de 2024

O ‘Botafogo Internacional’

por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo

O ‘Botafogo Internacional’ dispõe, por enquanto, de doze jogadores e um técnico estrangeiro no plantel principal, a saber:

Gatito Fernández (goleiro, Paraguai);

Damián Suárez (lateral-direito, Uruguai), Mateo Ponte (lateral-direito, Uruguai), Bastos Quissanga (zagueiro, Angola), Alexander Barboza (zagueiro, Argentina), Luis Segóvia (zagueiro, Equador);

Óscar Romero (meia, Argentina), Thiago Almada (meia, Argentina),
Jacob Montes (meia, Nicarágua);

Jefferson Savarino (atacante, Venezuela), Matías Segovia (atacante, Paraguai) e Diego Hernández (atacante, Uruguai).

Técnico Artur Jorge (Portugal).

Por Nacionalidades: Argentina (3), Uruguai (3), Paraguai (2), Angola (1), Equador (1), Nicarágua (1), Portugal (1), Venezuela (1).

Por Continentes e Sub-continentes: América do Sul (10), África (1), América Central (1), Europa (1).

A equipe 4x3x3 de Estrangeiros:

Gatito Fernández;

Damián Suárez, Alexander Barboza, Luis Segóvia e Bastos Quissanga;

Jacob Montes, Óscar Romero e Thiago Almada;

Matías Segovia, Jefferson Savarino e Diego Hernández.

Técnico: Artur Jorge.

Nota: Bastos é um ‘coringa’ que na sua carreira já jogou em todas as posições da defesa.

Nesta equipe com algumas limitações que classificação obteria no final do Brasileirão, admitindo que seriam sempre titulares – sem lesões nem suspensões?

domingo, 19 de maio de 2024

Rasgando a Camisa!...

Thomé rasgando a camisa.

A cada gol do Botafogo sobre o Fluminense na final de 1957, o zagueiro Thomé rasgava um pedaço da camisa. Ideia de Nilton Santos, que rasgou a camisa na final de 1948, quando o Glorioso venceu o Vasco por 3x1.

Botafogo 6x2 Fluminense. A Enciclopédia também rasgou a camisa em 1957.

– Manchete Esportiva / Biblioteca Nacional.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

O não-gol que era gol ou coisas que só acontecem a Botafogo e Flamengo

por RUY MOURA | Editor do Mundo Botafogo

Há coisas que só acontecem ao Botafogo” foi uma expressão nascida para o Botafogo e o Vasco da Gama em tempos difíceis de ambos os clubes no que respeita ao futebol. Entretanto, o Vasco da Gama ultrapassou as dificuldades com o Expresso da Vitória e o Botafogo passou a ser o único protagonista do lema.

Porém, a verdade é que, desde sempre, “há coisas que só acontecem ao Botafogo” quer no plano negativo e positivo, quer no plano engraçado e original.

Por exemplo, só pode ser engraçado que um jogador do Botafogo tenha beijado o árbitro durante a partida ‘agradecendo-lhe’ assim, ironicamente, por ter marcado uma falta inexistente e anulado o ataque do Botafogo. Estupefato, e sem saber como reagir, o árbitro mostrou-lhe o cartão amarelo.

Também se pode considerar original o famoso Jogo do Senta quando os atletas do Flamengo se sentaram em campo quando tomaram um gol legítimo do Botafogo, que ampliou o placar para 5x2, contestando a validade da partida, acabando ali o jogo com vitória do Glorioso por goleada.

Enfim, são muitas as histórias tanto pitorescas (Mimi Sodré indicando ao árbitro que o seu gol devia ser anulado porque a bola lhe bateu na mão ou Carlito Rocha com as inúmeras histórias do Biriba, das gemadas dadas aos jogadores e das cortinas amarradas antes dos jogos), quanto dramáticas (a tragédia de Dinorah, vítima de uma bala de XXX dirigida ao seu irmão Dilermando, que o paralisaria e o levaria ao suicídio, o enlouquecimento e a morte de Heleno de Freitas ou os inúmeros acidentes de atletas do Botafogo que pereceram por assassinato ou por acidentes improváveis).

Na Taça Guanabara de 1989 o Botafogo jogava contra o Flamengo e o placar anotava 1x1, mas na última jogada da partida Josimar cobrou uma falta para o interior da área rubro-negra, Zé Carlos II enrolou-se com a bola e Paulinho Criciúma, com muita oportunidade, rematou para o gol e a bola entrou. Foi gol?...

"Há coisas que só acontecem com o Flamengo."

Pois o gol não foi gol, e nem sequer foi anulado, porque o ‘ínclito’ árbitro, Luís Carlos Félix, decidiu introduzir uma espantosa inovação árbitro-futebolística: quando Paulinho Criciúma rematou, o goleiro Zé Carlos espalmou, mas como a pelota ia entrando na mesma, o árbitro encerrou a partida no justo momento em que a bola ia ultrapassar a linha de gol e estufar as redes flamenguistas.

O descaramento do árbitro na sua ‘soberba do apito’ foi abismal e uma nova frase poderia ter sido badalada em honra desse tal impune Luís Carlos Félix:

Há árbitros que só acontecem ao Botafogo.

Com os seus ‘doces apitos’ que só acontecem p’ró Flamengo!

sábado, 24 de outubro de 2020

Botafogo, o clube brasileiro mais nomeado mundialmente

por RUY MOURA

Editor do Mundo Botafogo

O portal de O Globo publicou uma lista das indicações por clube brasileiro à eleição de ‘Ballon d’Or Dream Team’, da prestigiada revista France Football, premiação que substitui a Bola de Ouro 2020 para a eleição do melhor futebolista do mundo.

O Globo menciona que os clubes brasileiros com mais jogadores selecionados pela France Football (110) são o Botafogo, o Flamengo e o Fluminense, tendo por critério que o atleta tenha jogado pelo menos 1 vez em um jogo oficial pelo clube. Ora, parece-nos um critério pouco válido querer colocar no mesmo patamar um atleta, por exemplo, com 500 jogos por um clube e um atleta com 1 jogo por um clube.

O jornal conclui, então, que Botafogo, Flamengo e Fluminense, com 7 atletas cada, são os clubes mais representados na lista da France Football. Porém, o Mundo Botafogo propõe um critério mais razoável: considerar apenas os jogadores que realizaram um número superior a 20 jogos por um clube.

Antes de mais comentários veja-se a lista elaborada por O Globo com os jogadores de clubes brasileiros nomeados pela France Football que jogaram nos principais 5 clubes mais representados na lista da revista francesa. A lista indica a vermelho os jogadores que estão abaixo de 20 jogos por um clube (e que não devem fazer parte da lista por esse clube), a azul os jogadores com mais de 400 partidas por um só clube e, finalmente, o total de jogos do conjunto dos jogadores de cada clube.

Lista das indicações por clube brasileiro:

 

» BOTAFOGO (7): Carlos Alberto Torres (22), Didi (313), Gerson (248), Seedorf (81), Garrincha (612), Jairzinho (413), Nilton Santos (723) = 2.412 jogos

 

» Flamengo (7): Carlos Alberto Torres (20), Gerson (147), Sócrates (25), Zico (732), Garrincha (20), Romário (221), Ronaldinho (72) = 1.237 jogos

 

» Fluminense (7): Carlos Alberto Torres (151), Didi (298), Gerson (54), Romário (80), Rivellino (158), Ronaldinho (9), Marcelo (49) = 799 jogos

 

» Corinthians (6): Sócrates (265), Garrincha (13), Ronaldo (69), Rivaldo (62), Rivellino (474) e Roberto Carlos (64) = 947 jogos

 

» São Paulo (6): Cafu (273), Djalma Santos (1), Didi (4), Falcão (15), Gerson (75), Rivaldo (46) = 414 jogos

 

Uma breve análise mostra que apenas o Botafogo possui os 7 jogadores nomeados com presenças em mais de 20 jogos, enquanto o Fluminense cai para 6 jogadores, o Corinthians e o Flamengo para 5 e o São Paulo apenas para 3. No caso do São Paulo foi incluído Djalma Santos, que nunca pertenceu ao clube, e que jogou em sua representação apenas em um jogo amistoso, emprestado pelo Palmeiras para o efeito.

 

Portanto, o Botafogo é o Clube com mais jogadores mundialmente representados:

 

1º BOTAFOGO (7)

2º Fluminense (6)

3º Corinthians (5); Flamengo (5).

 

Se, ainda assim, se duvida do critério, acrescentemos mais duas breves análises: (1) o clube com mais atletas acima de 300 jogos realizados em um só clube; (2) o clube com mais jogos realizados pelo conjunto dos seus jogadores.

Lista dos atletas com mais de 300 jogos realizados por cada um dos 5 clubes:

 

1º BOTAFOGO (4): Didi (313), Garrincha (612), Jairzinho (413) e Nilton Santos (723)

2º Flamengo (1): Zico (732); Corinthians (1): Rivellino (474)

4º Fluminense (0); São Paulo (0)

Se, ainda assim, se considera que o critério de 300 jogos possa ser discutível, então vamos seguir um último plano analítico que não considera qualquer critério discriminatório, mas apenas o número total de jogos realizados pelo conjunto de jogadores de cada clube mencionados por O Globo:

 

1º BOTAFOGO (7 jogadores): 2.412 jogos

2º Flamengo (7 jogadores): 1.237 jogos

3º Corinthians (6 jogadores): 947 jogos

4º Fluminense (7 jogadores): 799 jogos

5º São Paulo (6 jogadores): 414 jogos

Em suma, o BOTAFOGO é:

» O Clube brasileiro com mais jogadores na lista da France Football, ex-aequo com Flamengo e Fluminense, segundo o critério de O Globo.

» O Clube brasileiro com mais jogadores na lista da France Football, segundo o critério do Mundo Botafogo.

» O Clube brasileiro com jogadores detentores de mais jogos por um só clube.

» O Clube brasileiro com jogadores que mais vezes atuaram no conjunto de cada clube.

Quer se queira, quer não se queira, o Botafogo continua a ser o mais importante Clube do futebol brasileiro em todos os tempos, apesar do seu declínio conjuntural nas décadas de 1970-1980 e nas décadas de 2000-2010.

Um Clube de tal grandeza ressurge sempre e o futuro aguarda-o!

 *****

ANEXO: Lista completa da revista France Football

(Legenda: em azul, jogadores do Botafogo; em negrito, jogadores de outros clubes brasileiros)

GOLEIROS (10)

Gordon Banks (Inglaterra), Gianluigi Buffon (Itália), Iker Casillas (Espanha), Sepp Maier (Alemanha), Manuel Neuer (Alemanha), Thomas Nkono (Camarões), Peter Schmeichel (Dinamarca), Edwin van der Sar (Holanda), Lev Yachin (Rússia) e Dino Zoff (Itália).

LATERAIS-DIREITOS (10)

Giuseppe Bergomi (Itália), Cafu (Brasil), Carlos Alberto Torres (Brasil), Djalma Santos (Brasil), Claudio Gentile (Itália), Manfred Kaltz (Alemanha), Philipp Lahm (Alemanha), Wim Suurbier (Holanda), Lilian Thuram (França) e Berti Vogts (Alemanha).

ZAGUEIROS (10)

Franco Baresi (Itália), Franz Beckenbauer (Alemanha), Fabio Cannavaro (Itália), Marcel Desailly (França), Ronald Koeman (Holanda), Bobby Moore (Inglaterra), Daniel Passarella (Argentina), Matthias Sammer (Alemanha), Gaetano Scirea (Itália) e Sergio Ramos (Espanha).

LATERAIS-ESQUERDOS (10)

Andreas Brehme (Alemanha), Paul Breitner (Alemanha), Antonio Cabrini (Itália), Giacinto Facchetti (Itália), Júnior (Brasil), Ruud Krol (Holanda), Paolo Maldini (Itália), Marcelo (Brasil), Nilton Santos (Brasil) e Roberto Carlos (Brasil).

MEIO-CAMPISTAS DEFENSIVOS (20)

Jozsef Bozsik (Hungria), Sergio Busquets (Espanha), Didi (Brasil), Falcão (Brasil), Steven Gerrard (Inglaterra), Gerson (Brasil), Pep Guardiola (Espanha), Josef Masopust (Hungria), Lothar Matthäus (Alemanha), Johan Neeskens (Holanda), Andrea Pirlo (Itália), Fernando Redondo (Argentina), Frank Rijkaard (Holanda), Bernd Schuster (Alemanha), Clarence Seedorf (Holanda), Luis Suárez (Espanha), Marco Tardelli (Iália), Jean Tigana (França), Xabi Alonso (Espanha) e Xavi (Espanha).

MEIO-CAMPISTAS OFENSIVOS (20)

Roberto Baggio (Itália), Bobby Charlton (Inglaterra), Alfredo Di Stefano (Argentina), Enzo Francescoli (Uruguai), Ruud Gullit (Holanda), Gheorghe Hagi (Romênia), Andres Iniesta (Espanha), Raymond Kopa (França), Laszlo Kubala (Hungria), Diego Maradona (Argentina), Alessandro Mazzola (Itália), Pelé (Brasil), Michel Platini (França), Ferenc Puskas (Hungria), Gianni Rivera (Itália), Juan Alberto Schiaffino (Uruguai), Sócrates (Brasil), Francesco Totti (Itália), Zico (Brasil) e Zinedine Zidane (França).

ATACANTES PELA DIREITA (10)

David Beckham (Inglaterra), George Best (Irlanda do Norte), Samuel Eto’o (Camarões), Luis Figo (Portugal), Garrincha (Brasil), Jairzinho (Brasil), Kevin Keegan (Inglaterra), Stanley Matthews (Inglaterra), Lionel Messi (Argentina) e Arjen Robben (Holanda).

ATACANTES PELA ESQUERDA (10)

Oleg Blokhin (Ucrânia), Cristiano Ronaldo (Portugal), Dragan Dzajic (Sérvia), Ryan Giggs (País de Gales), Thierry Henry (França), Rivaldo (Brasil), Rivellino (Brasil), Ronaldinho Gaúcho (Brasil), Karl-Heinz Rummenigge (Alemanha) Hristo Stoichkov (Bulgária).

CENTROAVANTES (10)

Denis Bergkamp (Holanda), Johan Cruyff (Holanda), Kenny Dalglish (Escócia), Eusébio (Portugal), Sandor Kocsis (Hungria), Gerd Müller (Alemanha), Romário (Brasil), Ronaldo (Brasil), Marco Van Basten (Holanda), George Weah (Libéria).

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