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Mostra STEAM: Alunos da Rede SESI-Juazeiro Desenvolvem Projetos com Criatividade e Sustentabilidade no Vale do São Francisco

Com o objetivo de destacar soluções inovadoras nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática (STEAM), envolvendo todas as disciplinas do currículo escolar, a Rede SESI-BA de Educação realizou a Mostra SESI STEAM, reunindo projetos desenvolvidos por alunos da instituição.

A mostra científica é o espaço para os estudantes apresentarem resultados das pesquisas desenvolvidas nos projetos criados por eles, onde desenvolveram soluções inovadoras, tecnológicas e sustentáveis para melhorar a qualidade de vida da população local. Sobre esse aspecto, o professor do ensino fundamental e médio, Wesley Gomes, que também é responsável pelo projeto “couro sustentável”, reforça aspectos positivos sobre o desenvolvimento dos projetos para a aprendizagem dos alunos, “os benefícios são a conservação do meio, olhar responsável pelo meio ambiente, eles aprendem a usufruir do meio ambiente de forma sustentável.”

Os projetos apresentaram uma diversidade de temas e abrangência. Entre as soluções inovadoras, destacam-se o couro sustentável feito a partir do cacto de palma, a casa sustentável com sistema de ventilação e um sistema de irrigação automatizado com Arduino, ambos com foco em sustentabilidade e apoio à agricultura familiar.
  • Couro sustentável feito a partir do cacto de palma
Reprodução: MultiCiência

A iniciativa que busca a criação de um "couro" sustentável feito a partir do cacto palma, é uma alternativa que visa substituir o couro tradicional por um material biodegradável, com maior durabilidade e menos prejudicial ao meio ambiente. A pesquisa além de vegana, foca em soluções sustentáveis para a indústria da moda, promovendo o uso de recursos renováveis, contribuindo para a preservação ambiental ao evitar o uso de peles de animais.

O projeto surgiu de uma pesquisa da aluna Sol Arruda, que achou interessante a criação de um couro livre de PVC, desenvolvido no México, que ainda não era 100% sustentável. A partir dessas pesquisas, os estudantes desenvolveram testes até alcançarem a versão apresentada na Mostra, composta por cola branca, amido de milho, sisal, cola de madeira, e o principal componente, o cacto de palma.

Essa ação visa a redução do uso do couro animal, reduzindo a produção em grande escala e o descarte exacerbado do uso do couro na indústria da moda. A aluna do 9° ano, Melissa Bitencourt, explica como o projeto é inserido dentro das matérias da grade curricular. “As matérias andavam sempre juntas, como a matemática, no momento da medição das quantidades para a fabricação, e a geografia na identificação da região em que o cacto palma está inserido”. O projeto é inovador, principalmente pela criação de um material vegano e sustentável que se destaca pelo uso de um material encontrado em abundância na região.
  • Projeto de irrigação automatizada com arduino
Esse sistema visa otimizar o uso de água em plantações, ajustando a irrigação conforme as necessidades das plantas detectadas por sensores, promovendo a redução de desperdícios e melhorando a sustentabilidade no uso de recursos hídricos. Com a criação do projeto, os estudantes perceberam que ajudariam ainda os pequenos agricultores e a agricultura familiar a reduzir os gastos de forma eficiente e com baixo custo.

A discente do 2° ano, Caroline Duarte, comenta sobre sua alta expectativa com o sistema de controle de irrigação. “O nosso projeto é desenvolvido inicialmente para pequenos agricultores, para que eles consigam controlar o sistema de irrigação de forma remota. Uma vez, que Juazeiro é conhecida por ser a ‘princesa da plantação’, então esperamos um retorno econômico, com o aumento da produtividade”.

O projeto começou a ser desenvolvido no início do ano letivo, o grupo se dividiu na organização, programação, e compra dos materiais. Apesar de se inspirarem em uma iniciativa já existente, os alunos fizeram diversas modificações para conseguir apresentar a pesquisa final.

Reprodução: MultiCiência

Para o professor de física Francisco Menezes, responsável pelo projeto de irrigação, explica que com o protótipo desenvolvido pelos alunos, eles aprendem não só sobre tecnologia, como também matemática financeira, já que a partir da criação conseguiriam reduzir o gasto do pequeno agricultor em uma quantia significativa de até quatrocentos reais. Dentro das habilidades desenvolvidas durante o processo, o docente percebeu a desenvoltura social dos alunos, “o aluno que no começo do ano está “travado”, no final do ano letivo ele já tem uma desenvoltura comportamental e social mais adequada para o mercado” e completa “eles saem daqui com a mentalidade de ser empregador, não empregado”.
  • Projeto Casa Sustentável com sistema de ventilação
Essa ação, que é coordenada pelo professor Antonio Carlos Júnior, visa criar uma casa sustentável com sistema de ventilação apropriado para as casas no Vale do São Francisco, uma vez que a região é quente devido ao clima local. Apresentado inicialmente como uma maquete, os alunos pretendem expandir o projeto para o ramo da arquitetura. Segundo o professor responsável, os estudantes só quando iniciou o projeto, os estudantes perceberam a disparidade na construção de casa para pessoas de baixa renda, já que a iniciativa desse modelo é de casas desenvolvidas pelo Governo do Sul/ Sudeste do país, não é adaptado para o Nordeste, então as casas são construídas com sistema de aquecimento de água, algo desnecessário na região.

A maquete é montada com placas de gesso, papelão e cd simulando placas solares. A turma discute ainda a implantação de um sistema de captação de água para ajudar o homem do campo na produção agrícola em casa, como mini hortas, exemplo dado pelo professor.

Reprodução: MultiCiência

A estudante Ana Vitória Queiroz, afirma que a mostra STEAM provoca a pensar nos problemas reais, e prepara-os para buscar soluções em cima do tema proposto. Já para a discente Joana Honorato Nogueira, “ A STEAM forma para o futuro”.

A Mostra SESI STEAM, vai além da culminância de projetos, é uma oportunidade para os estudantes da Rede SESI-BA desenvolverem habilidades essenciais para o futuro, voltados para a sustentabilidade, responsabilidade social e consciência de classe. Projetos como o couro sustentável, o sistema de irrigação automatizada com Arduino, e outras como a casa sustentável e o jardim vertical, apresentados na Mostra, não só estimulam o aprendizado prático das ciências e tecnologias, mas também promovem o pensamento crítico e a colaboração.

A iniciativa também reflete o compromisso da instituição em preparar jovens para os desafios do mundo, conscientizando sobre problemas reais e incentivando-os a pensar em soluções práticas que beneficiem sua comunidade. Dessa forma, os alunos desenvolvem competências que vão além da sala de aula, formando uma geração mais consciente e proativa.

Por Rayssa Keuri, estudante de Jornalismo em Multimeios e colaboradora do MultiCiência.

Aluna da UNEB Juazeiro é selecionada para a bolsa Renaissance 2024, da fundação BeyGOOD

 

Uma das estudantes selecionadas pelo programa de Bolsas Renaissance 2024 é Ana Beatriz Menezes, do curso de Jornalismo em Multimeios do Departamento de Ciências Humanas III (DCH-III), campus Juazeiro. A iniciativa, fruto da parceria entre a UNEB e a Fundação BeyGOOD, da cantora estadunidense Beyoncé, oferece aos estudantes selecionados e aprovados uma bolsa de US$2 mil, o que equivale, aproximadamente, a R$10 mil, em uma única parcela.


Ana Beatriz diz estar feliz com o resultado e que não acreditou quando apareceu na lista dos selecionados e recebeu a notificação. “É um sentimento de valorização, por tudo aquilo que venho fazendo e vou fazer na universidade. Eu agradeço muito a UNEB e a Fundação que me oportunizaram um auxílio muito bom para a minha educação”, completa a discente.



Reprodução: Arquivo pessoal

A estudante ainda acrescenta que a carta de recomendação da professora Márcia Guena, docente do curso de Jornalismo em Multimeios, as pesquisas sobre comunicação antirracista no Observatório Racial da Mídia e os projetos de extensão, como a TV UNEB e o MultiCiência contribuíram para o seu currículo e ajudaram ela a ser escolhida. “Além da ajuda da professora Márcia, da pesquisa e dos projetos me ajudarem a conseguir a bolsa, também me mostraram uma nova realidade social, acadêmica e do trabalho de uma jornalista”.


Reprodução: Arquivo pessoal

A direção do DCH-III também parabenizou a aluna pela vaga no processo seletivo, “A Direção do DCH III felicita a aluna Ana Beatriz pela aprovação no processo edital, pois representa também o envolvimento da discente no processo formativo na extensão, na pesquisa e no ensino, nas diversas atividades em que atuou como Bolsista de Iniciação Científica, Bolsista de Iniciação à Extensão e Monitoria de Ensino, bem como o trabalho formativo desenvolvido pelos professores que contribuem para a sua formação. Desejamos ainda que os estudantes aproveitem os editais que têm sido promovidos pela UNEB em parcerias com instituições diversas”.




Trajetória de Ana Beatriz
Nascida e criada por uma família religiosa em Jaguarari-BA, Ana Beatriz sempre se mostrou determinada e talentosa. Estudante do ensino público, Ana foi destaque na Olimpíada Nacional de Português, ingressou no cursinho de pré-vestibular Universidade para Todos (UPT), obteve a maior nota no ENEM da sua cidade e ingressou na UNEB Juazeiro no curso de Jornalismo em Multimeios em 2022. Já participou de congressos, como o Intercom Nordeste e Nacional, como ouvinte e apresentando trabalhos, e de pesquisas sobre jornalismo antirracista. Ana Beatriz também faz parte dos projetos de extensão MultiCiência e TV Uneb, e também da equipe de produção da TV São Francisco como estagiária.


Claudiane Passos, prima de Ana Beatriz, a chama carinhosamente de Bia e diz que a estudante sempre foi um orgulho para a família. “Ela revelou seu sonho de ser jornalista para gente e ser selecionada para a bolsa mostra a importância desse sonho, para nós a trajetória dela é motivo de muito orgulho para a nossa família”.


O que é a bolsa RENAISSANCE 2024?

A Secretaria Especial de Relações Internacionais (SERINT) da Universidade do Estado da Bahia divulgou os candidatos e candidatas selecionados para o recebimento das bolsas Renaissance 2024.  


O Edital 085/2024 - SELEÇÃO DE CANDIDATOS(AS) AO PROGRAMA BOLSAS RENAISSANCE 2024 foi destinado para estudantes de graduação em situação de vulnerabilidade social, cadastrados no CadÚnico, vinculados(as) à cursos presenciais e EaD da Universidade do Estado da Bahia, com o objetivo de recebimento de bolsa de estudo, no âmbito do convênio entre a UNEB e a Fundação BeyGOOD no ano letivo de 2024.


A Fundação BeyGOOD foi criada em 2013 pela cantora estadunidense Beyoncé, e selecionou 15 estudantes da UNEB aptos/as ao recebimento da bolsa por meio de um barema que utilizava os quesitos de publicação de artigos, participação em programas de iniciação cientìfica, associação comunitária e movimentos sociais, monitoria de ensino e extensão, uma carta de intenção feita pelo aluno/a e entre outros.


Ana Beatriz Menezes está entre as pessoas selecionadas, mas o processo de aprovação para o recebimento da bolsa ainda não foi divulgado.

Por João Pedro Tínel, estudante de Jornalismo em Multimeios e colaborador do MultiCiência.

MultiCiência realiza 1° Encontro de Agências de Notícias das Escolas do Vale do São Francisco

Nesta quarta-feira (09/10), a Agência de Notícias de Ciência, Educação e Tecnologia MultiCiência, vinculada a UNEB de Juazeiro-BA, realizou no Campus III, o 1° Encontro de Agências de Notícias das Escolas do Vale do São Francisco. O evento, pensado para compor as atividades do DCH III da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia,  recebeu estudantes do ensino médio das escolas da rede pública de ensino do Território do Sertão do São Francisco.


A mesa de abertura, composta pelas professoras Carla Paiva, coordenadora da Agência MultiCiência; Rosicleide Gomes, articuladora de projetos pedagógicos do Núcleo Territorial de Educação (NTE10); e Andréa Cristiana Santos, Diretora do Departamento de Ciências Humanas (DCHIII) e idealizadora do MultiCiência, deu início ao evento. As professoras compartilharam suas expectativas e objetivos com o encontro, destacando a importância da comunicação e da ciência no ambiente escolar. A abertura foi encerrada com a apresentação da orquestra "Som do Coração", formada por estudantes da Escola de Tempo Integral Iracema Pereira Paixão e da Escola Maria de Lourdes Duarte, coordenada pelo professor Joelson Batista.

Mesa de abertura. Reprodução: Glícia Barbosa

A programação seguiu com a palestra da professora Lindsai Amaral, professora da rede municipal de Juazeiro - BA, coordenadora pedagógica da rede estadual da Bahia, com o tema “Como a ciência contribui para a educação?”. A palestrante explicou as peças básicas da ciência e do método científico de pesquisa, a partir do Lego, uma brincadeira infantil que instiga a mente, fazendo uma correlação entre o brinquedo e a pesquisa científica como incentivo a resolução de problemas, com o objetivo de explicar a construção do pensamento científico.


Em entrevista, a professora expressou suas altas expectativas para a primeira edição do evento. “Eu acho que a gente precisava fomentar a criação e a movimentação das agências de notícias aqui das escolas da nossa região, porque a gente tá vendo essa expansão em vários lugares do Brasil e no mundo, e Juazeiro não pode estar fora disso porque Juazeiro é um polo de conhecimento científico”, afirma.


Lindsai Amaral. Reprodução: MultiCiência

A programação da manhã foi encerrada com a apresentação da professora doutora Andréa Cristiana Santos, idealizadora do MultiCiência, que expôs os projetos e redes da Agência de Notícias vinculada ao DCHIII da UNEB.


Durante a tarde, o evento continuou com oficinas ministradas pelos monitores da Agência MultiCiência para os estudantes das escolas participantes, como o Colégio Democrático Estadual Profª Florentina Alves dos Santos (Codefas), Hildete Lomanto, Pedro Raymundo Moreira Rego, Colégio da Polícia Militar - CPM Alfredo Vianna, e SESI. As formações incluíram fotografia, escrita jornalística, vídeo reportagem, edição de vídeo, criação de card, entrevista e reportagem e divulgação em redes sociais.

Para os participantes, as palestras e oficinas do 1º Encontro de Agências foram importantes para formação dos estudantes participantes, como enfatiza a professora Lindsai Amaral ao pontuar a importância do intercâmbio entre escola e universidade, “Precisamos divulgar e fomentar isso. Tenho certeza de que as escolas são espaços muito promissores. Pois, a importância da divulgação científica reside na nossa necessidade hoje de que o conhecimento válido, pesquisado, verificado chegue às pessoas independente delas estarem na universidade, delas estarem na escola, que ela chegue nos lugares mais distantes”. 


Por Rayssa Keuri e Luiz Rodrigues, estudantes de Jornalismo em Multimeios e colaboradores do MultiCiência.

Dinâmicas Digitais E Os Novos Desafios No Campo Do Jornalismo

                                                                            
Foto: Meiwa Magalhães

O cenário do jornalismo que antes era dominado por jornais impressos, revistas e transmissões televisivas, agora se desdobra em um vasto e complexo ecossistema digital. Para compreender um pouco mais sobre esses ecossistemas, suas nuances e impactos no campo do jornalismo, o Laboratório de Narrativas e Linguagens Comunicacionais (LABNCOM) da UNEB promoveu no último dia 26 de agosto, o Seminário “Cultura Digital e Práticas de Comunicação,” que trouxe discussões essenciais sobre a plataformização e seus impactos nas práticas comunicacionais contemporâneas.

Os convidados foram os professores doutores Carlos Frederico de Brito D'Andrea, especialista em Estudos de Plataforma, coordenador Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM/UFMG) e professor associado do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais, e Elias Bitencourt, pesquisador de cidadania digital e visitante Milieux Center/Concordia University, Canadá e professor adjunto da UNEB/Salvador. Os dois ofereceram reflexões valiosas sobre as transformações e desafios que a digitalização impõe a profissão de jornalismo

Carlos D'Andrea, por exemplo, referência em estudos sobre plataformas online, destacou a importância de preparar os estudantes da área da comunicação para os desafios impostos pelas plataformas digitais, como Instagram, Tiktok, Facebook, entre outros. D’Andrea mencionou um trabalho realizado pelo Data Lab com estudantes de Design, cujo objetivo principal foi incentivar esses alunos a desenvolverem uma visão mais crítica e contextualizada das práticas de design no ambiente digital. A promoção desse tipo de experimentação prática, segundo ele, possibilita a construção de narrativas orientadas por dados, uma habilidade indispensável para o mercado digital no presente e futuro.

“A visualização de dados, por exemplo, vai além de simplesmente representar números; ela oferece uma metodologia para análise crítica,” explicou D'Andrea. Esse processo é fundamental para que os futuros profissionais sejam capazes de enfrentar problemas no universo digital e desenvolver soluções inovadoras que dialoguem com as características que são apresentadas pelas plataformas, tais como a funcionalidade através de algoritmos.

Já Elias Bitencourt abordou as complexidades do engajamento e ativismo no cenário no quesito da cidadania digital. Para Bitencourt, as plataformas oferecem tanto oportunidades quanto desafios. Ele enfatizou como as tecnologias permitem a mobilização de grupos que antes não tinham essa ferramenta comunicacional, “não tinha voz”, possibilitando ações de pressão política e social. Mas também alertou sobre os ambientes cada vez mais hostis das plataformas, que frequentemente perpetuam lógicas excludentes.

“O grande desafio é manter as mobilizações e renová-las, encontrando novos mecanismos que, embora dependentes da tecnologia, consigam superar as lógicas de segregação que têm se intensificado nas plataformas,” afirmou Bitencourt. Ressaltou ainda a necessidade de apropriação desses espaços digitais para promover causas que visem o bem comum e os direitos humanos, indo contra a corrente de marginalização e exclusão.

As contribuições de Carlos D'Andrea e Elias Bitencourt no Seminário reforçam a importância de um olhar crítico sobre a plataformização da comunicação e a cultura digital. Enquanto D'Andrea destaca a preparação técnica e metodológica para o design no contexto algorítmico, Bitencourt traz à tona os desafios éticos e sociais do uso dessas plataformas para o ativismo e a cidadania. Ambos, entretanto, convergem na ideia de que a compreensão profunda das dinâmicas digitais é essencial para enfrentar os desafios presentes e futuros no campo da comunicação e da cultura.

Por Meiwa Magalhães, estudante de Jornalismo em Multimeios e colaboradora do MultiCiência.

Uneb de Juazeiro oferece curso de Especialização em Educação Infantil e Licenciatura em Educação do Campo

A aula inaugural do Curso de Pós-Graduação Lato sensu em Educação Infantil da Uneb de Juazeiro aconteceu na última sexta-feira (14), e foi ministrada pelo professor Walter Kohan, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, (UERJ). O tema debatido foi: “Uma Pedagogia errante e filosoficamente menina da pergunta”, que reflete a necessidade da dúvida, da curiosidade, para o verdadeiro aprendizado, e de que esta seja entendida como parte essencial do aprender, sobretudo para ensinar crianças.

A Especialização em Educação Infantil da Uneb visa promover a formação continuada aos professores que atuam na Educação Infantil e demais licenciados, com atuação no planejamento, desenvolvimento e acompanhamento de ações que favoreçam o desenvolvimento integral e a construção da identidade e autonomia das crianças de zero a cinco anos e onze meses. 

O curso atua no segmento da educação infantil para garantir políticas e programas de formação inicial e continuada em sintonia com a exigência da LDB 9.394/1996 a fim de possibilitar a formação aos docentes, que atuam nesta modalidade de ensino.

Nesse contexto, o oferecimento deste Curso tem como referência as pesquisas desenvolvidas pelo Departamento no Curso de Pedagogia, que no seu projeto pedagógico contempla um Núcleo de Estudo em Educação Infantil e Anos Iniciais, a partir das vivências no âmbito do componente Estágio Curricular Supervisionado. A proposta atende a políticas nacionais de caráter público, voltadas para a Educação Infantil, Lei de Diretrizes e Bases – LDB 9394/96; Base 17 Nacional Comum Curricular – BNCC/2017; Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA 8.069/90; Lei Libras- 10.436/ 2002, regulamentada pelo Decreto 5626/ 2005.

O curso funciona semanalmente, às quintas, sextas e sábados no turno vespertino com horário de aula das 14h às 17h e noturno, com aulas das 18h20 às 22h20.


FOTO: Alexandre Santos

Além disso, estão abertas as inscrições para o Processo Seletivo Simplificado Equidade PARFOR, um programa de formação de professores voltado para formação específica de nível superior para ensino em áreas necessitadas de políticas afirmativas. 

A UNEB Juazeiro oferece o curso de Licenciatura em Educação do Campo para professores e professoras da rede pública da educação básica, professores/as indígenas, quilombolas e das áreas rurais da região ligadas ao Departamento de Ciências Humanas III, ou para profissionais que atuam na educação de surdos e na educação especial inclusiva nas redes públicas. 

O curso vai funcionar em um sistema de pedagogia da alternância, no qual o formando passa metade da formação dentro de sala de aula e a outra realizando atividades nas comunidades, escolas ou instituições/associações que já trabalha. As aulas vão acontecer na Escola Família Agrícola de Sobradinho.


Reprodução: Instagram DCH III

As inscrições vão até sexta-feira (21). Para saber mais acesse o Edital 066/2024 em: https://dch3.uneb.br/processo-seletivo-simplificado-para-ingresso-no-curso-de-licenciatura-em-educacao-do-campo/, e envie sua inscrição para o e-mail: educacaodocamposobradinho@uneb.br


Por Ana Beatriz Menezes e João Pedro Tínel, estudantes de Jornalismo e colaboradores do MultiCiência.

Frutos da Curricularização da extensão na comunidade Angari ganham destaque no Intercom Nordeste

Alunos de Jornalismo em Multimeios apresentam a Curricularização da Extensão no Intercom Nordeste 2024. FOTO: João Pedro Tínel

Dos 30 trabalhos aprovados pelos discentes do curso de Jornalismo em Multimeios, para o Intercom Nordeste 2024, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, em Natal, dois deles são fruto da curricularização da extensão na comunidade ribeirinha Angari, em Juazeiro- BA. Produzidos pelos alunos do primeiro período de 2023.2, orientados pelas professoras Andréa Cristiana Santos e Dalila Carla, junto do mestrando Vinicius Coutinho, o diagnóstico comunitário foi apresentado durante o GT Jornada de Extensão pelo aluno líder Luan Barros e pelos discentes Guilherme Leite e Mellyssa Ferreira. 

A curricularização da extensão é uma proposta da universidade que visa a interação ativa entre os estudantes e a comunidade, desenvolvendo projetos com base na vivência da população local. O primeiro trabalho “Diagnóstico comunitário da comunidade do Angari: a Curricularização da Extensão colaborando para construir vínculo com a comunidade no Angari”, teve como finalidade coletar e analisar informações sobre principais pontos e problemas dessa comunidade e contribuiu para construir uma relação de confiança e responsabilidade entre a UNEB e seus moradores. “Para ser bem sincero eu fiquei muito nervoso, travei minha mão está gelada até agora, mas foi uma experiência única, foi uma experiência muito boa. Sinto que foi uma etapa que eu precisei passar para evoluir, e espero que, nas próximas etapas do projeto, tire esse preconceito da cidade sobre o bairro”, afirma Luan, que, pela primeira vez, apresentou um projeto no Intercom.


Luan Barros apresenta os resultados e conclusões do trabalho. FOTO: João Pedro Tínel


O segundo trabalho – “Matriz SWOT: proposta metodológica para diagnóstico ambiental na comunidade pesqueira Angari, no semiárido brasileiro” - apresentado pelos discentes Guilherme Passos e Gabriel Santiago foi um dos destaques do GT Comunicação e Semiárido. Essa metodologia, expondo as oportunidades, ameaças, pontos fortes e fracos da região, que, originalmente é voltada para negócios no marketing, foi aplicada na realização de um diagnóstico da mesma comunidade, em 2023. “Nós observamos um aspecto de inovação. Nos outros GTs eu nunca havia visto o uso da Matriz SWOT para a realização dessa pesquisa, então essa interdisciplinaridade em trabalhar com métodos do campo da administração, trazendo-os para a comunicação e aplicando de forma visível a partir da curricularização, trouxe esse viés de inovação para os GTs, gerou surpresa e inclusive inspirou a realização de outros trabalhos a partir dessa metodologia aplicada pela UNEB.” – destaca Lana Krisna, coordenadora do GT.

O aluno líder Guilherme Passos relatou a experiência de produção do diagnóstico e a expectativa da equipe diante o projeto pós Intercom: 



Agora, os estudantes se preparam para uma segunda fase do projeto de curricularização que tem como objetivo desenvolver produtos jornalísticos, como exposição fotográfica, documentário e/ou reportagem, em conjunto com a comunidade. O produto terá uma fundamentação teórica sociológica de acordo com cada uma das pesquisas realizadas no diagnóstico na primeira parte do projeto e terá como objetivo representar a história, os desafios que o bairro enfrenta e os aspcetos culturais e sociais presentes na sociedade.  



Projeto de Pesquisa na Facape registra oscilações nos valores da Cesta Básica em Petrolina e Juazeiro

No mercado, pode-se notar oscilações de preço em diversos produtos como alimentos, frutas e vegetais, como foi o caso do tomate. Durante a safra do tomate, a abundância desse produto pode resultar em preços mais baixos, no entanto, fora da temporada, quando a oferta diminui, os preços podem subir devido à escassez. Essas variações são comuns devido às flutuações sazonais na produção agrícola e destacam como a oferta e a demanda influenciam os preços dos produtos que encontramos no mercado. “A mudança de preços semanalmente me assusta um pouco, as oscilações tem sido evidente, os itens necessários tomaram uma proporção enorme com relação aos preços, o arroz e feijão, por exemplo, mudam constantemente e é difícil encontrar uma promoção e quando encontro levo em grande quantidade para aproveitar”, disse a consumidora Luciana Freire dos Santos, de 51 anos.

O curso de Economia da Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina (Facape), elaborou o projeto de extensão e pesquisa denominado “Cesta Básica”, abordando a composição dos itens essenciais e o cálculo dos preços envolvidos. Coordenado pelo professor de Econometria da instituição João Ricardo, esse projeto tem 10 anos e desenvolve pesquisas em supermercados da Região do Vale do São Francisco. “O objetivo principal é promover conscientização e conhecimento sobre questões relacionadas à segurança alimentar e acesso a produtos essenciais e as oscilações deles” - afirma João Ricardo.




Em uma abordagem prática, o projeto conta com dois alunos bolsistas, eles fazem um mapa e buscam semanalmente analisar o preço do arroz, feijão, macarrão, carne, sal, banana,  entre outros, em supermercados, durante o mês, analisando os fatores que influenciam os preços desses produtos que compõem a cesta básica. São considerados aspectos como sazonalidade, condições econômicas locais e globais, além de políticas governamentais que impactam diretamente os custos dos alimentos e a redução no período de produção devido a questões climáticas. 

O projeto “Cesta Básica” contribui para o conhecimento da população, compartilhando um boletim, descrevendo as oscilações desses valores. Em Abril de 2024, o boletim da Facape mostrou que o aumento da cesta básica foi de 1,81% em Petrolina e 1,36% em Juazeiro. Diante disso, o valor da cesta básica em Petrolina/PE ficou R$631,53 e na cidade baiana foi de R$ 584,80. Em 12 meses, o tomate acumula alta de 83,93% em Petrolina e de 55,66% em Juazeiro.


Uneb Juazeiro é finalista em 11 categorias Expocom Nordeste 2024, e vence como melhor livro-reportagem

Paloma Cristina recebe prêmio Expocom Nordeste 2024. Foto: João Pedro Tínel


A aluna Paloma Cristina Silva, egressa do curso de Jornalismo em Multimeios, conquistou o prêmio Expocom na categoria Livro-reportagem com sua obra "Todos os Encantos: A festa do Caboclo Boiadeiro reúne a tradição afro-indígena em Juazeiro-BA". O livro-reportagem vencedor é o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Paloma, e foi orientado pelas professoras Márcia Guena e Ceres Santos.


Da esquerda para a direita: Profª Ceres Santos, Profª Márcia Guena, Paloma Cristina. Foto: João Pedro Tínel


A jornalista recém-formada expressou sua emoção ao receber o prêmio, destacando que é um reconhecimento de mais três anos de Iniciação Científica, desenvolvida na Uneb. Em conversa, ela apontou a importância de ser reconhecida fazendo um trabalho que dialoga com sua ancestralidade. “Ganhar esse prêmio significa muito para mim e para vida acadêmica”, afirma. Atualmente, Paloma é mestranda na Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Ao todo foram selecionados onze projetos experimentais dos alunos do curso de Jornalismo em Multimeios da UNEB, Campus Juazeiro, para o Expocom Nordeste 2024, que ocorreu no último mês de maio na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em Natal. O evento é uma das etapas regionais do Congresso das Ciências da Comunicação, realizado pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. Paloma agora representará a UNEB e o Nordeste na etapa do Expocom Nacional.

Por dentro do Expocom

O Expocom é uma Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação que exibe trabalhos produzidos exclusivamente por estudantes da área. O prêmio é destinado aos melhores trabalhos experimentais produzidos em diversas categorias da área de comunicação. Os trabalhos dos estudantes de Jornalismo em Multimeios foram indicados nas categorias videoclipe; Documentário jornalístico e grande reportagem em vídeo e televisão; Produção em jornalismo investigativo ou de dados; Reportagem em vídeo/telejornalismo; Práticas experimentais em mídias digitais; Ensaio fotográfico artístico; Produção em fotojornalismo; Fotografia artística; Ficção em áudio e rádio – audiodramatização, peça radiofônica, radionovela e afins; Livro-reportagem; Reportagem long form.

Todos esses projetos foram supervisionados por docentes e desenvolvidos no contexto acadêmico, em atividades de componentes curriculares, e de forma avulsa, ou como conjunto/série, ressaltando a qualidade do curso. Ganhar um prêmio na graduação enriquece o currículo e aumenta a bagagem, favorecendo o amadurecimento profissional dos discentes. A iniciativa é importante para o incentivo à produção universitária, além de preparar também para a prática que será desenvolvida no futuro, potencializando oportunidades no mercado de trabalho.

O trabalho premiado valoriza e preserva as culturas afro-indígenas na Bahia. O livro "Todos os Encantos" segue agora para a etapa final do Expocom, no Intercom Nacional em Balneário Camboriú (SC), em setembro. O evento acontecerá hibridamente, levando as tradições dos terreiros e das comunidades quilombolas de Juazeiro (BA), para um público ainda maior.

Por Ana Beatriz Menezes e Meiwa Magalhães.

Projeto Cinema Literário desperta a imaginação das crianças

A presença da literatura e do cinema no ambiente escolar estimula o despertar da imaginação e criatividade dos alunos. Entretanto, no Brasil, muitas escolas demonstram ausência dessas artes no âmbito escolar, muitas vezes por conta da falta de um suporte financeiro por parte do Estado, o que prejudica o desenvolvimento dos estudantes.

Com a intenção de estimular o acesso ao cinema e à literatura no cotidiano das crianças, o projeto de extensão Cinema Literário, ocorrido na Fundação Lar Feliz, no bairro da Malhada da Areia, potencializa o mundo imaginário e a criatividade de forma lúdica.

Em entrevista à Agência MultiCiência, participante do projeto e estudante do curso de Pedagogia da Universidade do Estado da Bahia, Ruan Lucas Dias dos Santos comenta sobre a importância da presença dessas práticas na vivência das crianças. O projeto Cinema Literária é uma ação extensionista desenvolvida pelos estudantes: Andressa Santos Teles, Bruna de Souza Santos, Elisângela da Cruz Suzarte, Isabel da Nóbrega A. Sampaio, e orientado pela professora Edilane Carvalho Teles.



Ruan Lucas, estudante de Pedagogia.


MultiCiência: Como surgiu a proposta pedagógica de que filmes e livros poderiam contribuir para despertar a imaginação dos alunos?

Ruan Lucas: Esse projeto a gente fez no Lar Feliz, durante o primeiro período de 2022. Foi desenvolvido no Núcleo de Educom que significa educar com e não educar para, ou seja, nós construímos com as crianças esse projeto. Nós escutamos as principais coisas que elas gostavam que era ler e assistir filme. A gente mesclou essas duas ideias e no final deu esse resultado que foi o projeto cinema literário.

 

MultiCiência: Qual foi a metodologia usada para a realização do projeto?

 

Ruan Lucas: Foi uma análise qualitativa. A gente escutou as crianças, como disse anteriormente, e através das demandas que foram mostradas ao  grupo, percebemos que isso era o melhor para se aplicar no contexto que as crianças de lá vivem. É um contexto no qual as crianças não possuem acesso a livros nem ao cinema, e a gente toda semana ao iniciar nós líamos um livro para essas crianças e assim foi desenrolando o projeto.

 

MultiCiência: Como foram escolhidos os livros e filmes para gerar o maior engajamento entre as crianças?

 

Ruan Lucas: A gente conversou com Edilane Teles, que é nossa orientadora, e ela nos passou uma lista de livros que poderíamos usar com as crianças de acordo com a faixa etária delas. E os filmes a gente deixava as crianças escolherem o que iam assistir, se fosse de acordo com a idade deles nós passávamos, se não nós exibíamos novas propostas de filmes para elas.

 

MultiCiência: Você conseguiu perceber algum tipo de avanço educativo, social, cultural nas crianças?

 

Ruan Lucas: O projeto foi incrível. As crianças do início não eram as mesmas da conclusão do projeto, pois as crianças inicialmente não possuíam apreço pela leitura. Na própria instituição Lar Feliz, havia uma biblioteca que não era usada. Eles não sabiam o que continha lá dentro, e na conclusão do Cinema Literário, elas já sabiam o que a biblioteca continha e foram tomando gosto pelos livros e filmes.

 

MultiCiência: Ao final do projeto as crianças ficaram sentidas com a despedida do projeto?

 

Ruan Lucas: Foi uma choradeira, porque as crianças criaram muito carinho por nós, que ficamos toda semana com elas no projeto. Elisângela da Cruz que é minha colega de turma está fazendo um projeto novamente no Lar Feliz e ela conta que tem alguns alunos que sempre perguntam da gente: “cadê tio Ruan”, “cadê tia Isabel”. Além disso, ocasionalmente eu encontro uma menininha que sempre pergunta quando vamos retornar para a fundação, e eu falo que quando tiver um projeto eu irei retornar para lá. 


Por Guilherme Passos Gonçalves, estudante de Jornalismo em Multimeios e colaborador do MultiCiência.

Semana de Integração: palestrantes discutem formas de combater o assédio no ambiente universitário

No Dia Internacional da Mulher, data em que busca-se destacar a importância de lutar pela garantia dos direitos das mulheres, celebrar conquistas e lutar contra todo tipo de violência, o Centro Acadêmico Glória Maria (Cacos) do curso de Jornalismo em Multimeios promoveu na Semana de Integração do Departamento de Ciências Humanas mesa-redonda para discutir a temática do assédio na universidade. As discussões foram centradas em como identificar os tipos de assédio,formas de combater, conhecer canais de denúncia e buscar ajuda, além de entender os impactos na comunidade LGBTQIAPN+, não somente mulheres cis hetero. 

Representantes de órgãos públicos municipais, do ambiente acadêmico e pesquisadores(as) discutiram os impactos do assédio em suas diversas formas, destacando questões relacionadas à saúde mental, contexto histórico de opressões patriarcais, interseccionalidades, ações jurídicas de denúncia e processos diante de situações de assédio. Foi discutida ainda sobre a assistência oferecida pelo poder público de Juazeiro e Petrolina, como as ações do Conselho Municipal de Defesa dos direitos das pessoas LGBTQIAPN+ e da Delegacia da Mulher. 


FOTO: Aylla Bomfim


Milenna Silva, estudante de Ciências Sociais (Univasf) e poetisa, abordou o contexto histórico relacionado ao assedio ao período da colonização, regime de escravidão e construção da nacionalidade brasileira, apontando que as mulheres negras foram e são quem mais sofrem com as opressões, de diversas formas. Segundo Milena, o regime escravocrata e seus impactos fizeram com que a mulher negra fosse vista como a última “classe” na hierarquia social, abaixo até mesmo dos homens negros, e isso se mantém atualmente, através das estruturas sociais. Para ela, isso tem justificado a cultura da violência contra a mulher, sobretudo a cultura do estupro e do assédio. Questões relacionadas à criação masculina, levando os homens a adotarem condutas e práticas de dominação em relação às mulheres e seus corpos, também ajudam a explicar a reiteração de práticas de assédio.

Autora do livro “Racismo de memória “, do projeto Tessituras Literárias, Milena considera que é necessário que, para além da prevenção e do combate, a universidade lute para a decolonização do saber, rompendo as estruturas machistas e atuando nos imaginários sociais, por meio da criação de novas epistemologias de conhecimento e leitura de pesquisadoras antirracistas e feministas, como Rita Segatto e Angela Davis.

“É necessário, para além do combate e denúncia ao assédio, entender aparelhos que nos oprimem, como surgiram e se mantêm, e ir nas raízes dos problemas. Devemos construir nossas epistemologias de ruptura, e romper a lógica. Isso parte também da presença de homens em espaços como este”, explica.


Da esquerda para direita, Milenna Silva e Rayanne Moraes. FOTO: Ana Clara Silva


Legislação 

Rayanne Moraes, advogada especialista em advocacia feminista e direitos das mulheres, abordou assuntos jurídicos referentes ao assédio, de aspectos que às vezes não se tem conhecimento, e os casos acabam sendo negligenciados e não são levados para a esfera jurídica. Rayanne diferenciou os tipos de assédio, destacando o moral do sexual, o qual pode evoluir para outros mais graves, como o estupro. 

Ela conta que é muito importante a construção de provas, que se dá através da gravação de vídeos, de fotos, mensagens, bilhetes, laudos médicos e psicológicos. “Infelizmente, somente a palavra da vítima não é validada como prova, por isso a importância de indícios que houve o assédio. Essa é uma das muitas questões que a Justiça brasileira precisa melhorar”, esclarece Rayanne. 

Quanto às providências a serem tomadas em caso de assédio, ela aborda a possibilidade da vítima procurar o Ministério Público, destacando que não há a necessidade de advogado para isso. Recomendou ainda a leitura de informativos como a “Cartilha sobre Assédio Sexual no Trabalho: perguntas e respostas”, organizada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), que objetiva orientar mulheres cis e não cis a combater e denunciar o assédio sexual nos espaços de trabalho. 

Rayanne apontou, ainda, a importância da criação de instrumentos preventivos e combativos, e de resistir. “É preciso pensar em instrumentos para mudar as coisas, bem como ocupar os espaços e pressionar, buscando a segurança das mulheres, a nossa segurança”, alerta. 

Assédio contra a população LGBTQIAPN+ 

O representante do Conselho Municipal para a população LGBTQIAPN+, que integra a Secretaria de Desenvolvimento Social, Mulher e Diversidade, Andrey Anthonny, trouxe esclarecimento sobre a política de assistência oferecida pelo órgão à população, chamadas minorias como as mulheres e pessoas LGBTQIAPN+, as quais mais são vítimas de assédio. 

Ele destaca que a Secretaria desenvolve ações em parceria com programas sociais, como o Bolsa Família, com universidades,atuando com as pessoas que enquadram como baixa renda, “a fim de garantir direitos que historicamente foram e são negados”. 

Apontou a importância de alguns serviços que a Secretaria oferece, como o Ambulatório Trans, que resolve trâmites necessários e encaminha para o processo de transexualização, além do atendimento psicossocial gratuito. Ele entende que o Conselho busca ser uma rede de proteção às mulheres (cis e trans) e LGBTQIAPN+, porém não atua juridiciamente, mas com encaminhamentos dos casos para atender os direitos. 

Para que o assédio não continue sendo realidade, ele diz que a prevenção é o melhor caminho, mas que uma vez acontecendo, se deve denunciar. “Não se pode deixar passar, porque a civilidade inclui o respeito. É preciso que todos/as/es sejam civilizados e respeitem uns aos outros. A melhor política que podemos fazer é a prevenção, em todos os níveis. A denúncia se faz quando a prevenção deu “errado”.

Morgana Oliveira. FOTO: Juliana Pereira



Psicóloga clínica, travesti, pesquisadora em Saúde Mental Morgana Oliveira, diz que é importante pensar as questões que envolvem o assédio às pessoas LGBTQIAPN + sobretudo, também como herança do patriarcado que fundou a sociedade brasileira, e não somente a opressão com as mulheres. “Desde muito bom cedo, os homens são ensinados a serem abusivos, compulsivos sexuais, são ensinados a querer o sexo a qualquer custo. Por isso, eles precisam ser reeducados”, afirma. 

Ela aponta que a LGBTfobia parte de complexidades e marcadores sociais diversos, e que a hipersexualização a que corpos trans são expostos e muitas vezes se colocam, por questões de sobrevivência, serve à estrutura que os desumaniza, excluindo suas identidades e fazendo com que os assédios sejam uma prática sigilosa. “A pessoa às vezes nem se dá conta de que foi assediada”. 

A psicóloga, que pesquisa saúde mental, políticas públicas e marcadores sociais (identidade de gênero, raça, classe e outros), alerta para a necessidade de se respeitar os limites, mesmo que a pessoa esteja em situações complicadas. “Por mais vulnerabilidade social que a pessoa esteja, os limites devem ser impostos e não ultrapassados”. 

Para saber mais sobre as instituições que recebem denúncias e acolhem pessoas, seguem informações.

CEPPSI - Centro de Práticas e Estudos em Psicologia, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) que oferece atendimento psicológico gratuito, em Petrolina. Link: https://portais.univasf.edu.br/ceppsi 

Ouvidoria da Uneb - atendimento é de segunda à sexta, das 08h às 17h. Contato: (71) 3117-2438 Link: https://ouvidoria.uneb.br/index.php/estrutura-administrativa/ 

Conselho Municipal de Promoção dos Direitos da População LGBTQIAPN+ de Juazeiro, BA - funciona na Secretaria de Desenvolvimento Social Mulher e Diversidade, das 8h às 14h. Contato: 74 3612-3050

Por Ana Beatriz Menezes, estudante de Jornalismo em Multimeios. 

Jovens e a prática da leitura na escola

O estudante da Rede Pública, Daniel Costa, amante da leitura, iniciou seu hábito por estímulo dos professores de literatura. O acesso à biblioteca permitiu que ele se tornasse um leitor assíduo e expandisse seus conhecimentos. “ O ambiente escolar afetou minha vida de leitor significantemente, pois foram importantes no meu crescimento educacional”, afirma. 

Assim como o jovem, outras pessoas têm se interessado pela leitura através do incentivo da escola em implantar bibliotecas e práticas de leituras. Isso acontece porque a Política Nacional de Leitura e Escrita, instituída pela Lei 13.696/18, concede o acesso aos livros, às leituras, à literatura e às bibliotecas em ambiente escolar. Para que o hábito da leitura seja sistemático na juventude, a estrutura de locais e escolas que compactuam com tais práticas é importante.

                                                   

       O estudante Daniel Costa Rodrigues é um frequentador assíduo da biblioteca


Segundo a Mestra em literatura, Celma Vieira, o planejar sistematicamente das atividades literárias, o uso de  livro, as trocas de ideias com os alunos é um meio para ampliar as possibilidades deles lerem.“O processo de gosto pela leitura e letramento literário deve ser sistemático”, diz ela.

Além disso, a pesquisadora, compartilha suas práticas em sala de aula incentivando os alunos a viajarem no mundo encantado da leitura e a utilizar e se apropriar dos meios digitais para somar ao conhecimento literário dentro da escola. “Na atividade do terceiro bimestre, usei Podcasts com os contos de Machado de Assis, eles ficaram impressionados com Assis e assistiram na televisão em sala de aula seus produtos, o que reverbera no avanço na educação”, relata.

 

 

A professora Celma Vieira dos Santos estimula a leitura por podcasts nas aulas. Foto: Ewerton Ramos.


Para a pós graduanda em Comunicação e Marketing, Kemylly Maryana, a leitura sempre foi um momento de refúgio e de autoconhecimento.  A mesma utiliza as plataformas digitais para se beneficiar do mundo da leitura desenvolvendo habilidades para seu trabalho. “ A leitura me proporciona ideias para minha escrita, poesias e experiências extraordinárias para narrar e colocar meus sentimentos para fora. O Kindle e o aplicativo Wattpad tem me ajudado bastante na leitura, sendo de fácil acesso e têm bastante livros disponíveis, desde clássicos à fanfic.”

 

Kemylly Lopes faz leituras mediadas pelas tecnologias


Já para o jovem Tiago Nunes, formado em Ciências da Computação, o hábito da leitura chegou tardiamente em sua vida, sobretudo devido à falta de encorajamento da escola. No entanto, mesmo adquirindo esse interesse tardiamente para se aventurar no mundo da leitura, ele afirma a importância em sua vida pessoal e o quanto é mais enriquecedor em termos de aprendizado. "Percebo o quanto a leitura me ajudou a me desenvolver intelectualmente e profissionalmente, além de abrir portas para novos conhecimentos", fala o jovem.


 Tiago Nunes avalia que a leitura o ajuda no crescimento profissional


 O mundo da leitura na juventude proporciona uma viagem para vivenciar aventuras divertidas, emocionantes e tristes, como também levá-los a lugares diferentes através da imaginação, que pode ajudar no crescimento intelectual. É importante o investimento em bibliotecas nas escolas e mais práticas em sala de aula incentivando sistematicamente os alunos a serem leitores assíduos.

O uso das tecnologias, como de kindle e podcasts para propagar e encorajar jovens para esse universo crítico, pensante e emotivo da leitura através das plataformas digitais é interessante. Sobretudo, se apropriando desse avanço tecnológico nessa geração para incluir e tornar os jovens leitores assíduos.

Por Vanessa Taratá, estudante de Jornalismo em Multimeios.