terça-feira, 17 de novembro de 2009

OBSESSÃO E VAMPIRISMO

Quando nas lides do corpo carnal, sempre que lia o capítulo XXIII de “O Livro dos Médiuns”, intitulado “Da Obsessão”, intrigava-me um trecho do parágrafo 245, onde escreveu o Codificador: “Um destes últimos [espíritos obsessores], que subjugava um moço de inteligência muito limitada, interrogado sobre os motivos dessa escolha, respondeu-nos: Tenho grande necessidade de atormentar alguém; uma pessoa que raciocina, me repeliria; agarro-me a um idiota que não me opõe nenhuma virtude”.
Então eu me perguntava: Para certos espíritos, será a obsessão uma necessidade?
Certa vez, quando tive oportunidade de dialogar com o Dr. Bezerra de Menezes, que, então, se manifestava pela Modesta, questionei sobre o assunto: – “Dr. Bezerra, por que certos espíritos afirmam terem a necessidade de atormentar os encarnados, como se encontra em ‘O Livro dos Médiuns’? Essa necessidade é física ou moral?”
Com a bondade que lhe é característica, o venerável Benfeitor elucidou-me: – “A necessidade, de maneira concomitante, é de ordem física e moral. Física, porque, infelizmente, tais entidades têm necessidade do psiquismo alheio para nutrirem as suas próprias paixões — muitas continuam a beber e a comer, a sentir prazer, na satisfação de seus vícios, e o “calor” da vida através dos corpos que vampirizam, estabelecendo estreita simbiose com as suas supostas vítimas. E também é de ordem moral, porque a relação, não raro, envolve sentimentos de rancor e indiferença, de parte a parte”.
Hoje, neste Outro Lado da Vida, compreendo melhor as colocações do Instrutor, porque tenho oportunidade de observação direta do fenômeno.
Se vocês pudessem, por exemplo, constatar o número de entidades espirituais em estado de ovoidização que se agarram às mentes encarnadas, sugando-lhes as energias e induzindo-as à apatia, teriam a impressão de estarem diante da figura mitológica de Medusa.
Não obstante, outras entidades, sob o comando de espíritos intelectualizados que as subjugam e oprimem, ligam-se aos seres encarnados, por quase absoluta incapacidade de assumirem a si mesmos na Vida de além-túmulo! Arriscaria dizer que, com raras exceções, quase todo encarnado alberga uma segunda entidade em seu psiquismo — um corpo para dois! É claro, exceto as crianças, em maioria, e alguns adolescentes.
O nosso intuito não é, evidentemente, o de apavorar a quem seja, mas o de alertar para a necessidade cada vez maior de vigilância e oração de todos os que se encontram no corpo de natureza mais densa. Deus, porém, nada faz de inútil, pois tais entidades, no exercício consciente ou inconsciente da obsessão, estão adestrando as faculdades mediúnicas daqueles que utilizam por instrumentos de suas carências — de estômago, de sensualidade e, por que não dizer, de continuarem se sentindo vivos.
Oportunamente, voltaremos ao assunto. O espaço é pequeno para estudo de tamanha envergadura. Guardem, no entanto, a convicção de que, assim como o corpo carnal é parasitado por milhões de agentes microscópicos que lhe são nocivos à saúde, o mesmo acontece com o espírito que, em Cristo, ainda não possui suficientes anticorpos que o imunizem e preservem a integridade.


INÁCIO FERREIRA



Uberaba – MG, 17 de novembro de 2009.