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24 August, 2012
20 July, 2012
As mentes nobres
É só um parágrafo dos sete volumes de Em Busca do Tempo Perdido, mas fala da bondade estéril e cruel das pessoas que nunca erraram. Diz assim:
I know that there are young people, the sons and grandsons of distinguished men, whose masters have instilled into them nobility of mind and moral refinement from their schooldays. They may perhaps have nothing to retract from their past lives; they could publish a signd account of everything they have ever said or done; but they are poor creatures, feeble descendants of doctrinaires, and their wisdom is negative and sterile. We do not receive wisdom, we must discover it for ourselves, after a journey through the wilderness which no one else can make for us, which no one can spare us, for our wisdom is the point of view from which we come at last to regard the world.
(Em baixo: retrato do artista enquanto jovem, Marcel Proust em 1887)
02 July, 2012
Pedagogia
Pela pedagogia interessava-se aparentemente Pierre Eyquem, Seigneur of Montaigne, pai de Michel de Montaigne, o grande filósofo. Pierre foi um pai tão esmerado que programou detalhadamete a infância do seu filho. Quando Montaigne tinha algumas semanas de idade, transferiu-o para uma modesta casa de camponeses para que ali fosse educado até aos três anos. Quando
Montaigne regressou ao castelo da família, o pai determinou que o latim seria a sua primeira língua. Assim, contratou um perceptor que falava apenas latim. Toda a família e criados tinham obrigatoriamente que falar com ele na mesma língua. Para que a vida da criança fosse bela e estimulante, todas as manhãs
Montaigne era acordado pelo som de um instrumento. E, nos seus passeios, era muitas vezes acompanhado por um músico, de forma a combater os momentos de aborrecimento. Aos seis anos,
Montaigne ingressou num prestigiado colégio interno, tendo aos 13 cumprido todas as exigências curriculares. Depois, decidiu estudar Direito e a sua vida tornou-se relativamente banal. Mas a infância, essa, foi fabulosa.
(Quadro: Montaigne e a sua grande testa pintados no século XVII por um ilustre anónimo)
(Quadro: Montaigne e a sua grande testa pintados no século XVII por um ilustre anónimo)
30 April, 2012
27 April, 2012
A Copiadora
Diz-se que ao escrever Rebeca nos anos 30, Daphne du Maurier plagiou a obra A Sucessora de Carolina Nabuco, escritora brasileira. O acontecimento provocou escândalo, mas não se traduziu em medidas legais. Pela mesma altura, du Maurier, que analisava manuscritos para uma editora inglesa, leu o romance The Birds de Frank Baker. Anos mais tarde publicaria a short story The Birds, que seria depois adaptada ao cinema por Alfred Hitchcock. Era uma escritora altamente influenciável.
25 April, 2012
Distracções
I recognize that everything I do, from my work to going to the movies to raising children to vacuuming, might also be viewed as just one big distraction— Hey, look over here! And now, over here!—from belaboring the real issue at hand: One day I’m going to die.
Amy Krouse Rosenthal
(Foto: Joanne Woodward e Paul Newman distraem-se juntos)
23 April, 2012
20 April, 2012
Os Óculos e a Cidade
Men seldom make passes
At girls who wear glasses
At girls who wear glasses
Escreveu Dorothy Parker, que está na foto aí em baixo, com o ar inteligente e trabalhador que toda a mulher solteira ambiciona. Ultimamente tem sido assim a minha vida: eu e o meu computador. O meu computador e eu. Subindo a toda a velocidade a escada vertiginosa do sucesso. (Senti qualquer coisa de poético nesta frase, mas infelizmente não vou ter tempo para aprofundar).
19 April, 2012
Exclusividade
Estou com Marcião e nunca percebi essa insistência cristã em fazer suas as escrituras hebraicas, que foram agrupadas debaixo dessa denominação estranha de Antigo Testamento. Ambas as religiões têm em comum a defesa do conceito inovador de deus único e a rejeição veemente do sincretismo religioso, que se manifesta numa política de exclusividade religiosa. Contudo, as semelhanças terminam aí e entre Javé e o deus de Jesus não há pontos de contacto. Os cristãos aproveitam do Antigo Testamento apenas o que lhes convém, como se usassem uma bengala da qual não precisam, mas que lhes dá segurança. Voltando a Marcião, é dele a ideia de adoptar uma teologia totalmente cristã rejeitando os escritos hebraicos. Para tal compilou no século II um cânon inicial de textos sagrados, que incluia sobretudo as cartas de Paulo. O seu cânon e as suas ideias foram considerados hereges e Marcião expulso da Igreja. Mas este foi também o ponto de partida para a elaboração por parte da Igreja de uma lista de textos sagrados aceites, a.k.a. bíblia. O trabalho demoraria séculos e ainda hoje está aberto a discussão, com diferentes denominações cristãs a adoptarem textos diferentes. (e o novo da Norah Jones, já ouviram? Chama-se Happy Pills)
13 April, 2012
Das 9 às 5
Tudo o que é preciso dizer sobre o mercado laboral neste lindo jardim à beira mar plantado, foi escrito e cantado pela Dolly Parton em 1980, para um filme chamado 9 to 5. Em 2012, a Rita Redshoes fez uma versão da mesma música. Diz assim:
Workin' nine to five
What a way to make a livin'
Barely gettin' by
It's all takin' and no givin'
They just use your mind
And they never give you credit
It's enough to drive you
Crazy if you let it
What a way to make a livin'
Barely gettin' by
It's all takin' and no givin'
They just use your mind
And they never give you credit
It's enough to drive you
Crazy if you let it
12 April, 2012
A Invenção da Infância
A infância é um conceito moderno, uma criação que alguns autores dizem ser mais social do que natural. In medieval society, the idea of childhood did not exist, escreveu Philippe Ariès, que foi depois muito criticado. Embora a afirmação possa não ser totalmente correcta, parece que após o século XVII o conceito de infância se alargou e consolidou. As crianças deixaram de ser vistas como mini-adultos e o seu estatuto reflectiu-se socialmente através de medidas judiciais, como a escolaridade obrigatória ou a proibição do trabalho infantil. Assim, tal como as mulheres ou as minorias étnicas, as crianças conquistaram também aos poucos os seus direitos e o seu espaço.
(Em baixo, os filhos mais velhos de Carlos I de Inglaterra pintados em 1637 pelo pincel barroco de Anthony Van Dyck. The five eldest children of Charles I)
01 April, 2012
30 March, 2012
29 March, 2012
Atributos femininos
Mary Anne Evans era feia e tinha poucas hipóteses de casar. Se fosse hoje, poderia sempre ter feito uma plástica ao nariz. Mas eram outros tempos. Porque também era inteligente, o seu pai concedeu-lhe o privilégio de uma educação esmerada e pouco comum a raparigas do século XIX. Ela estudou e tornou-se escritora. Causou escândalo por viver com um homem casado e, mais tarde, chocou de novo ao casar com outro que era vinte anos mais novo. Muito à frente. Assinava os seus livros com nome de homem, para ser levada a sério. Para a história ficou como George Eliot. E ainda hoje é um bocado assim, não é? Para serem levadas a sério, as mulheres disfarçam-se de homens, com os seus fatos de cores sóbrias e corte masculino. A seriedade é um atributo pouco feminino.
28 March, 2012
Espaço Público
Tenho encontrado pessoas na rua que me conhecem do facebook. Bizarro. Gente com quem não tenho contacto pessoal, mas que sabe tanto de mim. O meu nome, onde moro, onde estudei, as bandas de que gosto, jantares que frequentei, quem são os meus amigos. Chegam ao pé de mim e vai de beijo e abraço. E, a verdade, é que sem saber como, eu também sei tanto sobre eles. Onde passaram férias, se estão apaixonados, o que pensam das segundas-feiras de manhã, que artigos lêem no jornal, se têm filhos, a quem dedicam músicas, porque clube torcem, onde foram jantar. É a fusão do espaço público com o privado.
(Em baixo: Vermeer a levar a esfera privada para o espaço público já no século XVII com Lady writing a letter with her maid)
(Em baixo: Vermeer a levar a esfera privada para o espaço público já no século XVII com Lady writing a letter with her maid)
23 March, 2012
Anacronismos
Falar de Trotsky em 2012 tem travo de coisa meio proibida e anacrónica. Foi por isso que achei curioso encontrá-lo a meio de God Is Not Great de Christopher Hitchens. É ele que relata o pedido de asilo político de Trotsky à Noruega, quando fugia de Estaline. O pedido foi-lhe recusado, porque a Noruega estava sob pressão internacional da Rússia e da Alemanha de Hitler. Fui daí direitinha ler mais sobre Trotsky, que viveu exilado grande parte da sua vida e cuja família, entre imprevistos e assassinatos, conheceu um destino cruel. Nenhum dos quatro filhos lhe sobreviveu e ele próprio viria a conhecer um fim trágico: foi assassinado no México onde tinha sido acolhido por Diego Rivera e Frida Kahlo. Não sei se pode conceber um homem à margem da sua ideologia e contexto. Neste caso, parece-me que não até porque aqui as duas se misturam de tal forma que é quase impossível distingui-las. O que sobressai e impressiona é a ideia de estarmos perante uma vida muito diferente da nossa. Porque uma das coisas que se tornou também anacrónica foi a ideia de vivermos em nome de um ideal. Hoje, as falhas dos nossos homens públicos saem no jornal todos os dias, depois esquecem-se e reciclam-se. Por um lado isso é bom, por outro é mau.
(Trotsky e os seus amigos americanos em Abril de 1940 no México)
20 March, 2012
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