blog

Mostrar mensagens com a etiqueta opiniões benfiquistas. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta opiniões benfiquistas. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, maio 17, 2016

Uma lição à Benfica *



Quando em Outubro passado o Benfica perdeu o dérbi lisboeta por três golos, na Luz, mandei a toalha ao chão. Ao início fraco do Benfica, os mais directos adversários respondiam com vitórias e sem piedade. E eu, ainda mais fraco, desisti, logo ali.

Rui Vitória não me inspirava confiança e o clube parecia à deriva. A equipa dirigente mostrava o nível habitual e apenas os jogadores, com grande destaque para Gaitán e Jonas, davam alguma cor a tão grande desânimo.

Benfica, e os benfiquistas, pareciam definhar neste primeiro terço da época. O futebol era de repelão, de emoção, de desnorte guiado apenas pela qualidade de alguns jogadores.

Na Europa, contudo, o Benfica mostrava uma alma e uma qualidade maior. Parecia que era naquele palco que a equipa melhor se libertava das amarras do passado recente. Uma extraordinária vitória em Madrid colocou a equipa nas primeiras páginas dos jornais. O Benfica começava a renascer, sob a bitola da maior prova de clubes do mundo. Era um sinal.

O segundo terço da época foi, sem dúvida, o melhor. Às constantes lesões de jogadores-chave e outras ausências Rui Vitória respondia com coragem e mestria. Primeiro Guedes, depois SemedoLindelof,Renato e, finalmente, Ederson. Meia-equipa.

A equipa jogava bom futebol, arrasava adversários internos e despachava o campeão russo com duas vitórias saborosíssimas, alcançando os quartos-de-final da Liga dos Campeões, com muitos milhões no bolso.

Na equipa, Jonas mantinha um elevadíssimo rendimento, Pizzi estava no seu melhor, e Carcela aparecia a tapar as ausências de GaitánRenato já era dono do meio-campo encarnado e no ataque, frente ao Estoril,Vitória juntou o ponta-de-lança brasileiro ao grego Mitroglou, para uma dupla letal, sempre coadjuvada pelo mexicano Jiménez, cujo passe ficou pago com os golos e exibições frente à AcadémicaRio Ave, ouZenit, por exemplo.

A perseguição ao líder era feroz, e a equipa respirava saúde e não vacilava. Saía Samaris, entrava Talisca. Entrava Fejsa, saía Almeida. E assim continuou até ao dérbi mais importante da época. Saiu Júlio César e entrou um puto que, apesar das boas indicações na Taça da Liga, acabou por ser a última peça de um tabuleiro defensivo profundamente alterado em relação à época passada.

Esta era já uma hora de confiança. A paixão leva sempre a melhor e, com a liderança a uma vitória num campo onde habitualmente se vence, a onda encarnada renasceu com uma força imparável.

Na Europa, mais dois jogos altamente desgastantes. Os benfiquistas dividiam-se: havia quem achasse que o acumular de competições nas pernas era um factor de motivação e havia quem achasse que o desgaste de tanta intensidade ser-nos-ia fatal na prova maior nacional. Obviamente, eu estava no segundo grupo. A minha crença era muita mas precisei de levar mais umas chapadas do Benfica para acordar para o que estava a acontecer todas as semanas.

A prestação europeia terminou com dignidade, perante uma das melhores equipas do mundo, liderada por um dos três melhores treinadores do mundo. Um estádio cheio despediu-se da Europa dos grandes e a equipa vestia o fato de macaco para o que restava do Campeonato Nacional.

Último terço da época. Sofrimento. Alegria imensa. Um amor arrebatador e uma paixão lancinante. Que lição me deu o meu Benfica. O Benfica, que acordou do pesadelo do início de época bem antes de mim, mostrou-me o que é o Benfica. Mostrou-me a imensidão que há na sua história feita de glória. Mostrou-me de que são feitos os homens que conhecem o Benfica por inteiro.

Na sua grandeza, o Benfica deixou-me entrar para os últimos dez minutos, sem espaço para rancores, sem espaço para lições de moral. Deixou-me entrar para me sentar nas bancadas, para poder gritar “Benfica!” e abraçar todos os golos do Jonas.

Pronto. Já tinha o Benfica dentro de mim, outra vez. Já podia ser feliz, outra vez. Já podia tudo, outra vez.

Jogo da época, no Bessa. Muitas alterações e ainda mais lesões. A equipa jogava mal, talvez o pior jogo dos últimos 30. Os boavisteiros não davam tréguas. O Benfica parecia incapaz de crescer naquele relvado. Mas já havia Benfica dentro de mim. Havia aquela esperança absurda num golo ainda mais absurdo. Havia um passe tenso de Eliseu, um toque de cabeça do improvável Carcela e um pé de gelo de Jonas. Havia golo e um sonho que se começava a viver.

Despachado o Braga, voltámos a jogar fora. Em Coimbra, contra uma equipa que jogou no limite. Fechada a sete chaves. E ainda por cima adiantada no marcador no único remate que fez em 90 minutos. Mas deuMitro e deu Jiménez. Deu a volta e deu Benfica, numa exibição muito competente, depois da visita à Alemanha.

De volta à Luz. A nossa vida já era isto. Passar a semana sem querer saber bem como. Esperar pelo jogo, à sexta, ao sábado, ao domingo ou à segunda-feira.

Em meia-hora frente aos sadinos, e depois do último jogo europeu, fizemos mais do que em jogos inteiros do primeiro terço da prova. Futebol louco, oportunidades, malabarismos e golos. Uma segunda parte de nervos, acabou bem, porque o Benfica já merecia o melhor. Eu, pelo menos, dava o meu melhor, sentado no meu lugar. No lugar que o Benfica me devolveu.

Vila do Conde. Jogo difícil contra mais uma equipa muito capaz a fechar todos os caminhos da sua baliza. Valeu-nos o Benfica, caraças. Valeu-nos um conjunto de jogadores e treinadores cheios de brio, dedicação e paixão. Faltou-nos Jonas e Gaitán, com o pé direito e com o pé esquerdo, de frente para a baliza, mas selámos os três pontos com a cabeça do mexicano que grita sempre “bamos, bamos!”.

Vem aí o Guimarães, vai de goleada! Estamos em grande, nesta altura. Os estádios rebentam de benfiquismo, a equipa rebenta de benfiquismo. E o Benfica observa, ao longe. Pés na terra, camaradas.

Um-zero chegou. Golos falhados pelo nervosismo que aumentava a cada passe. Passes errados pela pressão sobre os ombros de putos de vinte e poucos anos, de dezoito anos, titulares feitos à pressa, mas cheios deBenfica, sim.

Já só se queria, eu já só queria, o campeonato. Mas o Benfica olhou de lado para mim e perguntou-me: mas vais desistir, outra vez? Um lugar na final na Taça da Liga é para ganhar. Carrega Jonas. Carrega, Benfica!

Vamos à Madeira. Vejo preços e pondero viajar. Infelizmente, não posso mesmo ir. Mas o Benfica anotou o meu pensamento e escreveu no meu cachecol: “Vê-me onde quiseres. Mas vê-me”.

Finalmente o Benfica dizia-me que precisava de mim, outra vez. Que precisava dos benfiquistas, todos, os que foram iguais a mim há seis meses atrás e mandaram também a toalha ao chão.

Com dez, por expulsão do fascinante Renato Sanches, a equipa continuou com 11. Nós jogámos aquele jogo. Eu fui à Madeira e ajudei o Mitro e o Talisca, e o resto da malta toda.

Fiquei à tua espera, nessa noite, Benfica. Peguei no meu telemóvel, deixei a minha namorada aniversariante sozinha mas compreensiva, e sozinho fui ver-te aterrar no Aeroporto, às duas da manhã. Tenho o vídeo! E tive frio!

O resto foi ontem. Foi hoje. Foi amanhã e será para todo o sempre. De ti, do Benfica, nunca se desiste. Pode não haver uma segunda oportunidade.

Para terminar: muito obrigado, Benfica, e muito obrigado ao Miguel e ao Peyroteo por me terem convidado para este SectorB32 há muitos anos atrás. Foi um prazer imenso e só levo coisas boas deste espaço porque é assim que tem de ser. Um abraço também aos outros: GonçaloJorge e Marco, que aventura, esta.

A felicidade que sinto neste momento é indescritível. Viva o Benfica!

* luis, do Blog Sector B23

Um dos melhores textos do ano, para não dizer de sempre. Espelha na perfeição o que foi esta viagem do 35. O luis, ao longo desta época, foi um dos meus pilares de confiança. Nos momentos de maior descrença ele esteve presente e muita paciência teve em aturar o meu crónico pessimismo. Fica aqui a minha singela homenagem a um dos melhores bloggers benfiquistas partilhando neste pequeno espaço tamanho texto que todos os benfiquistas deveriam ler. Grande abraço luis. Viva o Benfica!!

sexta-feira, fevereiro 19, 2016

Jonas e os jogos grandes


Em Portugal gosta-se muito de futebol mas percebe-se pouco do tema. Uma das mais recentes provas é a discussão em torno de Jonas e do seu rendimento em jogos "grandes". Basicamente a ideia é que se Jonas não marca em jogos grandes é porque não joga nada nesses jogos, desaparece. O curioso disto é que muitos que hoje defendem esta ideia (e sim, são muitos) eram os mesmos que criticavam Cardozo por ele só marcar golos e o grande Tacuara marcava a grandes, pequenos, enormes, marcava a todos. Mas só marcava segundo alguns. Com Jonas passa-se o inverso, tem 20 e tal golos marcados mas como não marca contra Sporting e FC Porto é porque desaparece nesses jogos.

É tão errado dizer uma coisa destas que fica pouca margem para uma discussão saudável. Jonas pode não marcar mas está sempre em jogo. Está sempre presente no processo ofensivo, está sempre a procurar e criar linhas de passe, está sempre a baralhar a marcação dos defesas. Reduzir todo o trabalho de Jonas, num jogo de futebol, apenas ao golo é um disparate total. Pode-se e deve-se criticar se ele falha um golo feito, agora chavões como "desaparece nos jogos grandes" são um perfeito disparate.

Por outro lado, quem o defende também não o defende da melhor maneira. Muitos elogiam a qualidade de Jonas mas sustentam o "desaparecimento" do brasileiro nos jogos grandes por causa das limitações do modelo de jogo de Rui Vitória. Esquecem-se que esse modelo de jogo tem mostrado o melhor Jonas de sempre que o coloca na lista dos melhores marcadores da Europa. Não faz muito sentido. E o ano passado também Jonas não marcou aos grandes pelo que seria então culpa dos dois modelos? E há quem defenda que os modelos até são iguais. Defenda-se Jonas por aquilo que ele faz em campo que chega e sobra para calar as críticas patéticas que ele desaparece nos jogos grandes,


quarta-feira, novembro 30, 2011

O que é o Sporting?

Quando um benfiquista sabe melhor o que é o Sporting do que os próprios sportinguistas está tudo dito sobre o que é aquele clube.

Se ainda não leram, leiam um dos melhores posts da blogoesfera. Do grande JG do Redpass:

O Sporting Está de Volta! Mas... Isto NÃO é o Sporting

quarta-feira, abril 09, 2008

"Futebol para intelectuais"

"Um clube cujo presidente é acusado de corrupção activa sagrou-se campeão frente a uma equipa cujos jogadores têm os salários em atraso. Viva o futebol português!

Há países em que o futebol se resume aos pontapés que se dão na bola. Uma tristeza. Aquela frase com que as mulheres costumam definir o nosso passatempo preferido, para amesquinhar o jogo e quem gosta de o ver, não se aplica ao futebol português: «Isso são 11 homens a correr atrás de uma bola.» Nada mais falso. Além dos jogadores a correr atrás da bola, parece que há juízes a correr atrás de um bilhete grátis, advogados a correr atrás de uma brecha na lei, juristas em geral a correr atrás de uma prescrição. É preciso saber muito de leis para compreender o futebol português. A mim, que sou um pobre ignorante, faltam-me muitos conhecimentos para o entender.

Primeiro, faltam-me noções de direito. No código penal português, como é lógico, a tentativa de corrupção tem uma pena maior do que a coacção. Na justiça desportiva, coacção dá descida de divisão e tentativa de corrupção implica perda de seis pontos. Só um jurista muito sofisticado pode compreender o espírito destas leis. No futebol português, uma equipa acusada de ter um jogador inscrito irregularmente, como o Belenenses, arrisca perder seis pontos. Uma equipa acusada de corromper dois árbitros, como o Porto, arrisca perder os mesmos seis pontos. Um erro burocrático tem a mesma pena que um crime. É possível que um homicídio, no âmbito de um jogo de futebol, em Portugal, valha ao assassino uma admoestação verbal. No máximo, um cartão amarelo.

Depois, faltam-me conhecimentos de português. O presidente da Liga de clubes, Hermínio Loureiro, cuja eleição foi apoiada por Pinto da Costa há mais de um ano, prometeu celeridade a lidar com este caso baseado nas escutas que se conhecem, também, há mais de um ano. Celeridade, notem bem. Eu pensava que celeridade queria dizer rapidez. Afinal, significa 14 meses.

Finalmente, faltam-me conhecimentos de xadrez. O futebol português ficou de tal modo sofisticado que parece o jogo dos reis. Reparem: o Benfica joga hoje com os axadrezados sem saber se um ou mais dos antigos dirigentes do Boavista vão, ou não, passar algum tempo no xadrez. Há notícia de árbitros que vão a casa de dirigentes buscar um cheque que, não sendo cheque-mate, pode ser suficiente para matar um jogo. Não sei se hei-de recomendar ao Chalana a táctica do 4-4-2 ou a do gambito do rei.

P.S.: No Paços de Ferreira-Guimarães, o Paços teve um golo mal anulado e um penalty não assinalado. Na minha opinião, o jogo mais interessante da época vai ser o Guimarães-Porto. Será curioso descobrir qual das duas equipas será mais beneficiada."

Ricardo Araújo Pereira, na sua crônica no Jornal A Bola.

quinta-feira, agosto 16, 2007

Opiniões de valor

Ao percorrer os blogues benfiquistas deparamos às vezes com opiniões pertinentes as quais vale a pena partilhar, ainda mais quando essa opinião vai de encontro àquilo que eu penso.

Esta é de um conhecido benfiquista, que opina no excelente blog Tertulia Benfiquista.

"De como isto não promete nada de bom.

Um Benfica em que se contrata jogadores e se vendem outros sem que o treinador seja tido ou achado. Em que se diz num dia "Simão não sai por menos de 25 milhões" e 3 dias depois se vende por 20.
Um Benfica que percebe a valorização e utilidade desportiva de Manuel Fernandes, e não avança logo para a compra da totalidade do passe, requalificando a clausula de rescisão (como fez o FCP com o Lucho), nem que seja para garantir um futuro negócio realmente lucrativo.
Um Benfica que contrata um jogador da 2ª divisão sérvia, para depois o mandar pela porta dos fundos, sem que alguém se justifique.
Um Benfica que compra jogadores para emprestar a terceiros, sem explicações a ninguém, levantando as questões sensíveis: quem tratou dos negócios, quem ficou com as comissões, qual a politica desportiva inerente a estas operações.
Um Benfica que vai buscar um defesa que foi encostado sistematicamente por este mesmo treinador há uns anos noutro clube...
Um Benfica que perdeu o director desportivo (de quem eu nem sou adepto, mas era alguém que estava sempre com a equipa e percebia minimamente do mundo futebol), onde o presidente diz que assume ele o cargo e depois vai de férias e volta na véspera do jogo da Champions, que pode definir toda a época... (diz-se que foi de férias com Camacho para Ibiza...será???)
Um Benfica onde a equipa está sem liderança, o treinador está a ser deixado à sua sorte, a politica de aquisições cheira a La Redoute e o presidente proclama que este ano vai haver disciplina porque ele é que manda (e ninguém pergunta...mas não manda já há uma porrada de anos???)...

Já sei que me vai cair tudo em cima, mas um benfiquista não tem de ser cego e assobiar para o lado quando assiste a tudo isto.
A época não promete nada de bom. A menos que Adu, Cardozo, Bergessio e mesmo os jogadores que nem o treinador conhecia (Diaz, Butt, etc) tenham, afinal, categoria para disfarçar a balbúrdia que para ali vai...juntando-se a Luisão, Petit, Nuno Gomes, Leo, Moreira, Quim e sobretudo Rui Costa, que sabem o que é o Benfica...talvez a coisa se componha.
Mas eu, pela minha parte, digo já: não promete nada de bom. Das aquisições acho que só Fábio Coentrão parece prometedor, além de Cardozo, que me parece um bom jogador.

Mas para quem perdeu Simão e Miccoli, e vai perder Manuel Fernandes...é pouco."